Revista + Vida 28 | Cancro da Mama

O cancro da mama é o carcinoma mais diagnosticado à escala global, mas também um dos que mais beneficia com a investigação científica. Na CUF, é abordado de forma holística, envolvendo tratamentos inovadores, uma aposta consistente no diagnóstico precoce e cuidados dedicados que colocam o doente no centro de uma equipa para quem, tão importante como tratar o tumor, é tratar a pessoa.

28

Saiba como a CUF aborda o cancro mais diagnosticado à escala global, num processo holístico que engloba tratamentos inovadores, cuidados dedicados e uma aposta consistente na prevenção e no diagnóstico precoce Cancro da Mama ESPECIAL

“Não basta tratar, é fundamental saber cuidar” Mais de cinco anos depois de superar um cancro da mama, a atriz Sofia Ribeiro partilha o seu testemunho e o que mudou na sua vida

Reportagem Os 20 anos do Hospital CUF Descobertas

editorial

Cancro da mama em 2021: muito progresso e muita esperança

Se a doença é diagnosticada precocemente, a taxa de sobrevivência é muito alta, podendo chegar acima dos 95%. Se diagnosticada em estadios mais avançados, é inferior a 30%. O rastreio do cancro da mama é fundamental, permitindo um diagnóstico precoce numa fase sem sinais ou sintomas, descobrindo tumores muito pequenos, não palpáveis, só detetados em mamografia ou ecografia, numa fase inicial não invasiva, permitindo tratamentos mais conservadores e menos mutilantes, assim como uma sobrevivência mais longa. O cancro da mama não é uma doença, mas múltiplas doenças, com obrigatoriedade de individualizar o tratamento a cada doente. O tipo de tratamento e a duração desse tratamento devem ser ajustados a cada caso. Assim, desde o diagnóstico, tratamento e seguimento, a abordagem deve ser multidisciplinar. As diversas especialidades devem atuar em conjunto e em tempos articulados para se obterem os melhores resultados. A CUF criou e desenvolveu as Unidades da Mama em diversos hospitais CUF, constituídas por equipas especializadas e dedicadas à abordagem da patologia mamária. As diversas Unidades da Mama dão uma resposta completa e atempada a todas as necessidades da mulher: prevenção, diagnóstico, tratamento e seguimento. Através de uma organização clínica de gestão integrada, permitem o acesso às terapêuticas e tecnologias mais avançadas. Todos os casos são discutidos numa reunião multidisciplinar de decisão terapêutica onde se discute a melhor abordagem diagnóstica e terapêutica com base em protocolos de atuação que seguem os padrões e linhas orientadoras internacionais mais exigentes. De salientar que, no caso da Unidade da Mama CUF em Lisboa, constituída por dois polos (Hospital CUF Tejo e Hospital CUF Descobertas), esta se encontra certificada como centro especializado no diagnóstico e tratamento do cancro da mama em Portugal pela EUSOMA – European Society of Breast Cancer Specialists, uma das mais prestigiadas organizações internacionais nesta área. Uma Unidade que tem também diversos ensaios clínicos a decorrer, contribuindo para o desenvolvimento de novas terapêuticas no cancro da mama. É precisamente ao cancro da mama e às Unidades da Mama CUF, integradas na rede da CUF Oncologia, que damos destaque nesta edição especial que conta com a opinião dos nossos especialistas e com as histórias inspiradoras das nossas doentes que lutaram e sobreviveram ao cancro da mama.

Ana Raimundo Diretora Clínica da CUF Oncologia

O cancro da mama é o cancro mais frequente no sexo feminino e corresponde à segunda causa de morte por cancro na mulher. Em Portugal, são diagnosticados cerca de 7000 novos casos de cancro da mama por ano, constituindo um problema de saúde pública. Nas últimas décadas observou-se uma evolução enorme no conhecimento da biologia e história natural desta doença, alargamento dos programas de rastreio, aplicação de novos meios de diagnóstico e tratamento, utilização de novos agentes de tratamento sistémico e uso de várias metodologias para avaliar o impacto do tratamento na qualidade de vida das doentes e dos sobreviventes de cancro. Deste modo, e são boas notícias, apesar do aumento da sua incidência, observamos uma redução da mortalidade por este tipo de cancro.

RAQUEL WISE (4SEE)

6 Todas as notícias na área da saúde e ainda as novidades da CUF. notícias testemunhos

foco 20 Especial

Cancro da mama Conheça a forma holística como a CUF aborda o cancro da mama, envolvendo tratamentos inovadores, cuidados dedicados e uma aposta consistente no diagnóstico precoce.

10

Histórias Felizes António Pires

Conheça o caso de António Pires, que, com mais de 90 anos, avançou para uma cirurgia que lhe devolveu a resistência e o bem-estar.

12

saúde 42 No ano em que assinala o seu 20.º aniversário, recordamos alguns dos momentos mais marcantes do Hospital CUF Descobertas e perspetivamos o seu futuro. 48 Descubra como uma boa noite Reportagem Hospital CUF Descobertas

Cidadania Empresarial Bolsas GO UP

Pouco mais de três anos após a criação das bolsas GO UP, dois dos colaboradores abrangidos falam sobre os efeitos desta iniciativa da CUF.

16

conhecimento 54 Suspeita que pode ser alérgico a alguma substância? Descubra o que deve fazer. 56 Saiba mais sobre esta alternativa para substituir a perda parcial ou total de dentes naturais. 57 Esclareça as suas dúvidas sobre um dos órgãos mais importantes do nosso corpo. Conselhos e Dicas Dermatite de contacto alérgica Descomplicador Implantes dentários Verdades e Mitos Intestino

Mais de cinco anos depois de superar um cancro na mama, a atriz So�a Ribeiro avalia a experiência na CUF e explica o que mudou na sua vida. Perfi l So�a Ribeiro

de sono pode ajudar a prevenir depressão, demência e outros problemas de saúde. Família A in�uência do sono na saúde Iniciar atempadamente as manobras de suporte básico de vida pode fazer a diferença e salvar uma criança em paragem cardiorrespiratória. Saiba como. Infantil Suporte básico de vida pediátrico

50

A CUF é líder na prestação de cuidados de saúde no setor privado em Portugal, desenvolvendo a sua atividade através de 18 hospitais e clínicas de Norte a Sul do país. Conselho Editorial: Direção de Comunicação da CUF Edição: Adagietto • R. do Centro Cultural, 6A, 1700-107 Lisboa Coordenação: Tiago Matos Redação: Fátima Mariano, Raquel Bento, Rita Penedos Duarte, Susana Torrão Coordenação Criativa: Tiago Monte Paginação: Joana Mota, Tetyana Golodynska Fotogra�a: António Pedrosa, Bruno Colaço, Carla Carvalho Tomás, Diana Tinoco, Luís Filipe Catarino, Miguel Proença, Raquel Wise (4SEE) e CUF • Imagens: iStock Propriedade: CUF • Av. do Forte, Edifício Suécia, III - 2.º 2790-073 Carnaxide Impressão e acabamento: Lidergraf

52

58

Inovação CUF Technique

CUF Kids Borbulhas

Conheça uma inovadora abordagem para o tratamento cirúrgico do cancro da próstata, criada e implementada pela CUF.

Explique aos mais novos porque surgem as borbulhas e como as podemos evitar.

Tiragem: 2.200 exemplares Depósito legal 308443/10 Publicação: Outubro de 2021 Distribuição gratuita

notícias

UM ANO DE HOSPITAL CUF TEJO

OS NÚMEROS DO PRIMEIRO ANO

Criado para prevenir, diagnosticar e tratar as doenças do futuro, o Hospital CUF Tejo tem hoje condições ímpares para uma abordagem multidisciplinar e integradora, onde o doente e quem o rodeia são o centro de toda a organização clínica. Foram muitas as concretizações desde a sua abertura, em especial ao nível do projeto clínico: foram criadas as Unidades de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Paralisia Facial, Voz e Deglutição, Medicina de Estilos de Vida, Diabetes, Grávida, Pavimento Pélvico e Uroginecologia, Colo, Vagina e Vulva, Tiroide e Obesidade; tiveram início a Consulta de Enfermagem Pré-operatória, para apoiar a Ortopedia e permitir, entre outros, a implementação da medição de outcomes clínicos, e a Consulta de Enfermagem de Amamentação, para orientar os pais através do esclarecimento de dúvidas e da desmistificação de conceitos; e abriu a Unidade de Medicina Desportiva e Performance, que garante serviços de retaguarda e apoio clínico às equipas das diferentes seleções, fruto da parceria com a Federação Portuguesa de Futebol. O HOSPITAL CUF TEJO ABRIU PORTAS A 28 DE SETEMBRO DE 2020, DANDO CORPO A UM PROJETO DE EXCELÊNCIA AO NÍVEL DA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE EM PORTUGAL.

• Mais de 160 mil clientes • Mais de 290 mil consultas • Mais de 10 mil cirurgias • Mais de 160 mil análises clínicas • Mais de 23 mil urgências

6 | +vida

A Unidade de Cirurgia do Ombro e Cotovelo do serviço de Ortopedia do Hospital CUF Descobertas foi nomeada “ Teaching Center ” da Sociedade Europeia de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SECEC), tornando-se o único centro do país com esta credenciação. Esta nomeação pela SECEC, a mais prestigiada sociedade científica europeia na área do ombro e cotovelo, revela o reconhecimento da excelência da prática clínica, da atividade científica e da capacidade de ensino prático e teórico nesta área do Hospital CUF Descobertas. Por ser um centro credenciado pela SECEC, todos os cirurgiões ortopédicos europeus com interesse na área do ombro podem agora estagiar num centro credenciado em Portugal. Para tal, terão de apresentar a sua candidatura através da SECEC. NOMEAÇÃO PARA FORMAÇÃO INTERNACIONAL INOVAÇÃO NO TRATAMENTO DA TIROIDE O Hospital CUF Tejo é a primeira unidade de saúde privada em Portugal a realizar uma ablação percutânea da tiroide por microondas, técnica minimamente invasiva destinada ao tratamento de nódulos benignos da tiroide. A inovadora técnica é uma alternativa a opções convencionais, como a cirurgia ou a radiofrequência. Possibilita o tratamento de todos os tipos de nódulos com maior conforto e segurança, sendo eficaz na redução do volume dos nódulos e na preservação da qualidade de voz. Tem ainda a mais-valia de não deixar cicatriz, graças ao menor risco de queimaduras e hemorragias. Leonor Fernandes, Médica Radiologista no Hospital CUF Tejo, não hesita em apontar a nova opção como uma importante evolução no tratamento da tiroide: “Acredito que é uma técnica promissora ao nível mundial e, claramente, também em Portugal.”

ENFERMAGEM DE AMAMENTAÇÃO

A Consulta de Enfermagem de Amamentação, inserida na especialidade de Pediatria e realizada por enfermeiras especialistas e/ou conselheiras de amamentação, está disponível no Hospital CUF Descobertas e no Hospital CUF Tejo. O objetivo é orientar e ensinar os pais na prática da amamentação através do esclarecimento de dúvidas e da desmistificação de conceitos, de forma a contribuir para o desenvolvimento psicoafetivo do bebé e promover a gestão emocional positiva no seio familiar. A consulta destina-se a mães no período pré-natal e mães recentes que queiram estabelecer e/ou manter o aleitamento materno ou que apresentem dificuldades no estabelecimento do ato de amamentação.

+vida | 7

notícias

NOVA UNIDADE DO PUNHO E DA MÃO

O Hospital CUF Porto criou a Unidade do Punho e da Mão, vocacionada para o diagnóstico e tratamento de lesões traumáticas, degenerativas e malformações congénitas do punho e da mão. A nova unidade é coordenada por Pedro Negrão, Ortopedista, e composta por uma equipa multidisciplinar especializada que inclui cirurgiões, reumatologistas, fisiatras e radiologistas com um elevado grau de diferenciação. A formação contínua e a aprendizagem de novas técnicas são prioridades dos profissionais desta unidade, com o objetivo de proporcionar avaliações e tratamentos individualizados a cada doente, atendendo às suas necessidades específicas.

CIRURGIA INÉDITA NO HOSPITAL CUF VISEU

O Hospital CUF Viseu realizou, pela primeira vez nesta unidade, uma técnica minimamente invasiva de remoção de um tumor cerebral através da cavidade nasal. Esta cirurgia, de elevada complexidade, é realizada para a remoção de tumores da hipófise e traz inúmeras vantagens face à cirurgia convencional: reduz a probabilidade de riscos e complicações durante e após o procedimento, permite um tempo de internamento mais curto e uma recuperação mais rápida para o doente. A cirurgia endoscópica transesfenoidal, como é intitulada, apenas é realizada em centros cirúrgicos de referência, devidamente apetrechados com tecnologia de ponta

O Colégio da Especialidade de Ortopedia da Ordem dos Médicos atribuiu idoneidade formativa para estágio parcial de um a três meses na área do joelho ao serviço de Ortopedia do Hospital CUF Santarém, considerando que este serviço “tem as características qualitativas e quantitativas que permitem proporcionar uma formação de elevada diferenciação a médicos ortopedistas em formação”. Esta concretização reforça a notoriedade do Hospital CUF Santarém e é mais um importante reconhecimento externo da qualidade, diferenciação e inovação da Ortopedia, representando ainda uma forte aposta na contribuição deste serviço para a especialização de jovens médicos. IDONEIDADE FORMATIVA NO HOSPITAL CUF SANTARÉM

e recursos humanos qualificados, como é o caso do Hospital CUF Viseu. É realizada por uma equipa experiente e diferenciada, composta por José Marques dos Santos e Filipe Rodrigues, especialistas em Otorrinolaringologia, e Miguel Trigo Carvalho, especialista em Neurocirurgia, em estreita articulação com a equipa de anestesiologia e de enfermagem.

8 | +vida

3 PERGUNTAS A... ? MARIA BURNAY Gestora de Marketing CUF

CUF APOIA INSTITUIÇÕES COM PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO EM GESTÃO

Como avalia a experiência enquanto voluntária na Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC) no âmbito do Programa 500 Miles? A possibilidade de utilizar os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos, ao nível profissional, para apoiar e capacitar uma organização do terceiro setor tem sido uma experiência muito enriquecedora do ponto de vista profissional e pessoal, que me permite conhecer novas realidades e pessoas com visões e experiências diversificadas. Quais são os principais benefícios deste voluntariado técnico para as instituições? A APPC tem ideias e vontade de dar o melhor aos seus clientes, famílias e colaboradores. A grande mais-valia do apoio que prestamos é ao nível da organização, estruturação e planeamento das iniciativas. Ajudar a fazer acontecer de uma forma sólida e consistente. O que diria a algum colaborador que esteja indeciso sobre inscrever-se para fazer voluntariado técnico na Fundação Manuel Violante? Apoiar na capacitação de gestão de instituições que têm um impacto significativo na sociedade é uma das melhores formas de usar o nosso conhecimento. Perceber que conseguimos, em conjunto, implementar um plano que permite às instituições prestarem melhor apoio a todos os que dela dependem é muito gratificante.

No âmbito da sua política de responsabilidade social, a CUF, através do Programa CUF Inspira, tem vindo a reforçar a ligação às comunidades e o apoio a entidades do setor social. Assim, com a colaboração dos Conselhos Locais de Ação Social de vários territórios – Lisboa, Porto, Oeiras, Cascais, Sintra, Coimbra, Torres Vedras, Almada e Viseu –, foram selecionadas 20 instituições que viram as suas capacidades de gestão serem reforçadas. Este projeto tem vindo a permitir que as respetivas instituições desenvolvam as suas atividades com mais impacto social junto dos seus beneficiários e de uma forma mais sustentável. O trabalho de capacitação das instituições sociais é desenvolvido pela equipa da Fundação Manuel Violante e por mentores voluntários com elevada qualificação e capacidade técnica, nomeadamente mentores voluntários CUF, da área da gestão. As três instituições que se destaquem na implementação dos objetivos do Programa 500 Miles serão premiadas com um donativo, como forma de reconhecimento pelo esforço, progresso e envolvimento da equipa no processo de capacitação e aprendizagem que decorre durante oito meses. ATRAVÉS DE UMA PARCERIA COM A FUNDAÇÃO MANUEL VIOLANTE, A CUF APOIA A PARTICIPAÇÃO DE 20 INSTITUIÇÕES SOCIAIS DE 10 TERRITÓRIOS DIFERENTES NO PROGRAMA 500 MILES.

+vida | 9

testemunhos

HISTÓRIAS FELIZES • ANTÓNIO PIRES

“Antes, andava 20 ou 30 metros e sentia-me cansado”

Conheça o caso de António Pires, que, com mais de 90 anos, avançou para uma cirurgia que lhe devolveu a resistência e o bem-estar.

10 | +vida

D o alto dos seus 95 anos, António Pires recorda uma vida preenchida e repleta de emoções. Natural de Penalva do Castelo, viveu vários anos nos Estados Unidos e em Moçambique antes de se fixar em definitivo em Portugal. Foi mecânico de automóveis, trabalhou numa fábrica de algodão e abriu uma empresa com a mulher. Tem uma filha, Fátima, que se desfaz em elogios em relação ao pai: “Em casa, é ele que faz a cama. Tanto a dele como a da minha mãe. E fá-la melhor do que eu! Também lava a loiça, varre... Sempre foi assim, muito cuidadoso.” António Pires limita-se a dizer que ajuda “no que pode” e que gosta de ser útil. Para assegurar que, com quase um século de vida, o seu corpo permanece capaz, tem o hábito de fazer pequenas caminhadas. “Meia hora por dia”, esclarece. “Gosto de caminhar. Já o faço há muito tempo.” Fátima acrescenta que há outra coisa importante que o seu pai faz: “Ouve o que os médicos lhe dizem. Cuida-se muito. Tenta resolver de imediato o mínimo problema que lhe apareça no corpo. E se o médico lhe disser, por exemplo, para não comer isto ou aquilo, ele não come!” Não obstante, nos últimos anos, António Pires começou a sentir-se cada vez mais cansado, mesmo quando não tinha uma razão aparente para isso. Depois de ser examinado, descobriu que tinha uma insuficiência cardíaca avançada – resultado do enfraquecimento natural do músculo cardíaco, acrescido por um enfarte anterior e por problemas na válvula aórtica. “Por causa dessa insuficiência cardíaca, o senhor Pires tinha internamentos cardíacos sucessivos, por retenção de líquidos”, explica Luís Ferreira dos Santos, Coordenador de Cardiologia no Hospital CUF Viseu. Felizmente, há solução para estes casos. “Cerca de 10% dos doentes com insuficiência cardíaca são elegíveis para uma cirurgia que prevê a implantação de um dispositivo que auxilia o coração a bater com mais intensidade: a terapia de ressincronização cardíaca (CRT)”, continua o médico. “É uma evolução do tradicional pacemaker – na verdade, pode dizer-se que é um pacemaker com um ressincronizador – mas, neste caso, inserimos um elétrodo no ventrículo direito e outro no esquerdo para devolver alguma sincronia ao coração.”

Do ponto de vista de casos de sucesso, Luís Ferreira dos Santos acrescenta que 70% dos doentes melhoram após o implante, salientando contudo que, a taxa de implantes não chega ainda aos 10%, o que significa que continuam a existir muitos doentes por tratar que poderiam beneficiar do CRT. No caso específico de António Pires, havia ainda outro ponto importante a ter em conta: a sua idade avançada, que representava um risco acrescido. Apesar disso, depois de tudo lhe ter sido devidamente explicado – bem como à sua família –, António Pires decidiu avançar para a cirurgia. E o resultado não poderia ter sido melhor. Bons genes, mas não só “A cirurgia do senhor Pires foi um sucesso. Teve alta no dia a seguir”, diz Luís Ferreira dos Santos. “É evidente que continua a cansar-se, porque continua a ter mais de 90 anos e uma doença cardíaca grave, mas neste momento a perceção que temos é que está a responder à terapia e que valeu a pena fazer a intervenção.” O médico acredita que uma parte do êxito da intervenção se pode explicar pelos “bons genes” de António Pires, mas realça que, sem o acesso a terapias como o CRT e sem adotar os comportamentos certos, isso não seria suficiente. “O senhor Pires terá de continuar a ter uma alimentação saudável, sem grandes abusos. Sei que também faz umas caminhadas, o que é muito bom. O seu coração estava de tal forma fraco que se cansava estando sentado, mas agora já vem do carro às consultas a caminhar.” António Pires concorda e até dá um exemplo: “Antes, andava 20 ou 30 metros e sentia-me cansado. Hoje, sinto-me melhor e já não tenho de parar depois de andar poucos metros.”

Luís Ferreira dos Santos • Coordenador de Cardiologia no Hospital CUF Viseu

Mas há mais benefícios na intervenção. “O CRT que o senhor Pires colocou é um ressicronizador que também tem a capacidade de desfibrilhação, no caso de haver uma taquicardia grave, e trata das arritmias. E importa referir que 50% dos doentes com insuficiência cardíaca morrem de morte súbita na sequência de arritmia ventricular maligna. Este foi, aliás, um dos argumentos que o levaram a avançar para a intervenção, porque, mesmo que pertencesse à franja dos 30% que não responde à terapia, beneficiaria sempre da parte do desfibrilhador. É por isso que a terapia com CRT diminui em 25% a mortalidade relativa nos doentes com insuficiência cardíaca”, explica o médico, antes de elogiar a atitude de António Pires ao longo de todo o processo: “É muito bem-disposto. Muito ativo. Uma vida muito cheia. Teve pessoas na família que viveram muito tempo e brinca que ainda as quer ultrapassar.” Está no bom caminho.

SABIA QUE...

1 a 2% da população geral

PORTUGAL Estima-se que em existam 380 mil pessoas com insu�ciência cardíaca , o equivalente a:

a percentagem sobe para 6 a 10% Nas pessoas acima dos: 60 anos 80 anos chega a 16%

ANTÓNIO PEDROSA (4SEE)

testemunhos

CIDADANIA EMPRESARIAL • Bolsas GO UP

Reconhecer e desenvolver talento

Nunca é tarde para cumprir sonhos, sobretudo quando estes passam por voltar a estudar. Em 2019, a CUF criou as bolsas GO UP para incentivar os colaboradores não licenciados a frequentarem o ensino superior. Ao fim de pouco mais de três anos, 21 colaboradores já foram abrangidos pela iniciativa. Rui Moura e Maria José Oliveira são dois desses exemplos.

C oncluir um curso superior era um sonho há muito na Direção de Novos Modelos Assistenciais da CUF. No passado, chegou a frequentar uma licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial, mas viu-se obrigado a interromper os estudos pouco tempo depois de os ter iniciado. “Tinha de trabalhar, inclusive nas férias, e por isso tinha pouco tempo. Acabei por parar”, explica. Ambicioso e exigente consigo mesmo, mas também confiante das suas capacidades, Rui Moura sempre acreditou que um dia haveria de concretizar esse seu sonho. Depois de ter experimentado Matemática Aplicada e a Escola Naval da Marinha, em 2018, reinscreveu-se no curso de Engenharia e Gestão Industrial em regime pós-laboral. No ano seguinte, já a frequentar o segundo ano da licenciatura, candidatou-se a uma das cinco bolsas GO UP criadas na altura pela CUF – e foi um dos vencedores. Curiosamente, começou por ter dificuldade em acreditar que tinha ganho, até porque, como diz, não costuma “ter muita sorte nestas coisas”. Acabou, contudo, por cair em si quando se realizou perseguido por Rui Moura, que, aos 36 anos, integra a equipa de Produção de Medicina Dentária, um projeto integrado a cerimónia de entrega das bolsas. “Esta bolsa permitiu-me retomar o que tinha parado e deu-me a energia e o empurrão de que eu precisava”, confidencia. “Se não tivesse ganhado a bolsa, teria parado os estudos e não sei se os iria retomar.” De acordo com Mariana Ribeiro Ferreira, Diretora de Cidadania Empresarial da CUF, as bolsas GO UP foram criadas

com o intuito de “incentivar os colaboradores a complementarem as suas atuais formações com uma licenciatura ou um mestrado integrado ou com cursos técnicos superiores profissionais no ensino superior, através de apoio financeiro para pagamento das propinas e material escolar”. Há vários anos que a CUF apoia a formação superior dos filhos dos seus colaboradores através de bolsas de estudo concedidas pela Fundação Amélia de Mello, no entanto ainda não tinha uma medida estruturada que fosse diretamente dirigida aos colaboradores que quisessem aumentar o seu nível de escolaridade. Integradas no programa CUF Inspira, as bolsas GO UP permitiram preencher essa lacuna. Com um valor individual de 900 euros, são renovadas anualmente mediante a apresentação dos comprovativos de aprovação ou transição para o ano letivo seguinte. Qualquer colaborador sem formação superior pode candidatar-se. “A candidatura à bolsa GO UP pode ser apresentada sem qualquer limitação de área formativa, embora um dos critérios de ponderação das candidaturas seja a ligação entre a área de estudo e as funções desempenhadas. Este é, no entanto, um critério de ponderação entre outros e não um fator de exclusão”, esclarece Mariana Ribeiro Ferreira. “Em caso de igualdade, são considerados outros critérios na apreciação das candidaturas, como a avaliação de desempenho, a antiguidade do colaborador e o montante do seu vencimento, privilegiando-se os que auferem vencimentos mais baixos.”

12 | +vida

Capacitar os colaboradores Em 2019, o primeiro ano de existência, foram concedidas cinco bolsas GO UP. “Em 2020, perante a qualidade das candidaturas, o júri e a Comissão Executiva decidiram atribuir mais uma bolsa, alargando para seis os colaboradores abrangidos”, refere Mariana Ribeiro Ferreira. Este ano, o número de bolseiros voltou a subir – desta feita para 10. “É um sinal muito importante que se transmite aos colaboradores, sobretudo no atual contexto em que a qualificação e requalificação dos colaboradores ( upskilling e reskilling ) é tão importante. A responsabilidade das empresas também passa por capacitar os colaboradores, para que o percurso na CUF seja impactante e transformador”, explica a responsável.

A maioria dos candidatos exerce funções administrativas, havendo também vários auxiliares de ação médica a candidatarem-se à iniciativa. Os cursos que frequentam são sobretudo na área da gestão e da saúde, designadamente em enfermagem. Maria José Oliveira, 34 anos, administrativa na Direção do Cliente, exercendo a sua atividade no Instituto CUF Porto, foi outra das primeiras contempladas com uma bolsa GO UP, em 2019. Frequenta o segundo ano da licenciatura em Contabilidade e Administração, depois de um longo interregno nos estudos. Quando concluiu o 12.º ano, pensou inscrever-se no curso de Secretariado, mas ganhou outras prioridades na vida e acabou por arrumar esse sonho na gaveta. Quando tomou conhecimento das bolsas GO UP, o seu primeiro pensamento foi de que já não tinha idade para voltar a estudar.

“O principal objetivo das bolsas GO UP é potenciar o desenvolvimento pessoal e profissional dos nossos colaboradores.” Mariana Ribeiro Ferreira • Diretora de Cidadania Empresarial da CUF

+vida | 13

DIANA TINOCO (4SEE)

testemunhos

CIDADANIA EMPRESARIAL • Bolsas GO UP

“O que me levou a seguir esta oportunidade foi uma antiga chefia que tive, que insistiu e me motivou a voltar a estudar”, conta. Foi o que aconteceu. Candidatou-se ao ensino superior, ao abrigo do programa Maiores de 23, e conseguiu vaga. Em seguida, concorreu ao apoio financeiro da CUF. “Até essa altura, o medo era o de não conseguir entrar na faculdade. Mas, se já tinha conseguido, e já que tinha oportunidade de ganhar uma bolsa, segui em frente com o projeto”, lembra Maria José Oliveira, que começou a trabalhar como administrativa no Atendimento Permanente do Instituto CUF Porto em 2011. Quando soube que era uma das vencedoras das bolsas GO UP, ficou naturalmente “contente”. O primeiro ano do curso foi muito desafiante. “Ser trabalhador-estudante não é fácil e o curso em si também não. O primeiro ano, em especial, é sempre o mais difícil porque nos estamos a adaptar e existem muitas matérias. No entanto, o segundo ano já está mais focado para a nossa área, e isso é mais motivante”, revela. A Diretora de Cidadania Empresarial da CUF confirma que a adesão dos colaboradores a esta iniciativa é cada vez maior. “Embora a medida seja recente, o interesse dos colaboradores pela iniciativa tem aumentado e muitas pessoas acabam por ficar motivadas a formalizar a candidatura ao ensino superior. E esse é o melhor resultado que podemos esperar: motivar os colaboradores a progredirem nas suas carreiras e nas qualificações para a empregabilidade”, afirma Mariana Ribeiro Ferreira.

EM NÚMEROS

Número de bolsas GO UP atribuídas desde 2019: cinco no primeiro ano, seis no segundo e 10 no terceiro 21 bolsas

Motivação e reconhecimento profissional

Maria José Oliveira está confiante de que a licenciatura lhe permitirá progredir no emprego, uma vez que terá um currículo “muito mais enriquecido”. A seleção do curso de Contabilidade e Administração também foi feita a pensar nisso. “Eu estava a desempenhar funções na área financeira. Tinha uma parte de contabilidade e despertou-me interesse em saber mais.” Esta administrativa da Direção do Cliente considera que a atribuição das bolsas tem um impacto positivo na vida dos colaboradores e da empresa: “Por um lado, motiva-nos; por outro, faz-nos ter outras ideias para a empresa – e isso também é bom.” Rui Moura concorda que as ajudas financeiras à formação dos colaboradores são de extrema importância. “Estes apoios ajudam imenso. Financeiramente, fazem toda a diferença e motivam qualquer jovem trabalhador”, refere. No seu caso, considera que a atribuição da bolsa foi igualmente uma forma de a empresa reconhecer o seu mérito profissional: “Acredito que é trabalhando que percebemos o que realmente valemos.” Rui Moura alimenta a esperança de que a licenciatura lhe traga novas oportunidades profissionais na CUF, empresa onde ingressou em abril de 2017, na altura no Contact Center de Lisboa.

Maria José Oliveira • Direção do Cliente no Instituto CUF Porto

14 | +vida

MIGUEL PROENÇA (4SEE)

CUF INSPIRA Lançado em 2018, o programa CUF Inspira agrega todas as iniciativas de responsabilidade social corporativa da CUF, como é o caso das Bolsas GO UP, dando maior relevância e consistência aos compromissos sociais, económicos e ambientais assumidos com os seus colaboradores, parceiros e comunidades em que está inserida. O programa intervém em áreas tão distintas como a conciliação da vida pessoal e familiar dos seus colaboradores, o voluntariado corporativo, a integração social e profissional de pessoas portadoras de deficiência, o combate ao desperdício alimentar ou o empreendedorismo social, entre outras. “A responsabilidade social sempre fez parte da história e da origem da CUF”, salienta Mariana Ribeiro Ferreira. “Esta atuação estruturada e sistémica permitiu aproximar a CUF das comunidades onde atua, sendo um agente mais ativo no desenvolvimento local e na promoção do bem comum, com capacidade de avaliar o impacto desta intervenção.” Os quatro pilares O programa CUF Inspira assenta em quatro pilares que estão, em simultâneo, em consonância com os valores da CUF e com os objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas:

Rui Moura • Produção de Medicina Dentária na Direção de Novos Modelos Assistenciais da CUF

“Ganhei ferramentas que posso aplicar gradualmente e entendo a linguagem que é falada. Tudo o que aprendi é-me útil de alguma forma.” Se não houver percalços, conta terminar os estudos em fevereiro de 2022, concretizando, assim, o sonho que há muito perseguia. Não descarta a possibilidade de frequentar uma pós-graduação, mas por enquanto está sobretudo focado na conclusão do projeto de final de curso. “Estudar e trabalhar em simultâneo não é mesmo nada fácil”, confessa. “Mas, neste momento, está tudo em aberto sobre o que poderei fazer.” Esse é, precisamente, um dos propósitos das bolsas GO UP: aumentar o leque de opções e oportunidades profissionais para os bolseiros. “O principal objetivo desta medida é potenciar o desenvolvimento pessoal e profissional dos nossos colaboradores”, assegura Mariana Ribeiro Ferreira. “Temos percebido que os colaboradores valorizam muito este apoio da CUF e que se empenham bastante nas carreiras académicas que acumulam, muitas vezes com esforço, com as suas responsabilidades profissionais.”

CONDUTA ÉTICA E DIREITOS HUMANOS

RESPONSABILIDADE SOCIAL INTERNA

IMPACTOS SOCIAIS NA COMUNIDADE

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

+vida | 15

DIANA TINOCO (4SEE)

testemunhos

PERFIL

Sofia Ribeiro “Não basta tratar, é fundamental saber cuidar”

16 | +vida

Mais de cinco anos depois de superar um cancro na mama, a atriz Sofia Ribeiro avalia a experiência na CUF e explica o que mudou na sua vida. A Sofia foi acompanhada na CUF durante um momento particularmente complicado da sua vida: a luta contra o cancro da mama. Como avalia a forma como foi assistida? O acompanhamento na CUF foi maravilhoso. Devo-lhes muito. Em qualquer área há bons e maus profissionais, mas eu tive a maior das sortes na equipa que me acompanhou, desde os médicos aos enfermeiros e auxiliares. São pessoas com quem ainda hoje mantenho contacto e que ficaram para sempre no meu coração. Profissionais pragmáticos, mas, na mesma proporção, generosos e humanos. Isso fez e faz toda a diferença. Houve algum momento que a tenha marcado particularmente? Foram tantos os momentos e as pessoas que seria injusto para com quem me acompanhou contar apenas uma história. O que mais recordo são, sem dúvida, os olhares de ternura e de “força, estamos contigo!” de cada um. Sentiu que, ao iniciar o tratamento, as suas dúvidas foram devidamente esclarecidas? Sinto que fui devidamente acompanhada, esclarecida, informada e acarinhada. Quais considera as qualidades essenciais de um profissional de saúde que acompanhe pacientes que se debatam com cancro da mama? Tenho o maior carinho por quem me ajudou a ficar bem. Só tive duas pequenas situações [negativas] durante o processo em que estive doente, com dois médicos que não faziam parte da equipa que me acompanhou. Felizmente, só os vi uma vez. É como disse: há bons e maus profissionais em todas as áreas. É fundamental que os médicos, enfermeiros e auxiliares tenham uma sensibilidade apurada para lidar com casos destes. Estamos a falar de pessoas que estão cheias de medo, provavelmente mais frágeis do que nunca, por isso não basta tratar: é fundamental saber cuidar. Muitas vezes, a alma está mais dorida do que o corpo. E nem todos os profissionais estão preparados para ler isso. É preciso ser-se francamente generoso. Foi isso que encontrei na CUF. Como refere, além das questões físicas, o cancro tem também um forte impacto psicológico. Quais foram os principais desafios que enfrentou ao longo do tratamento e como os superou?

Agarrei-me com todas as forças aos meus. Às minhas pessoas. Aos amigos que são família. À vontade que tinha de viver. Aos sonhos por cumprir. Na altura, era tudo novo para mim. Eu tinha acabado de fazer 31 anos, a minha vida estava completamente virada do avesso, tinha todos os medos, dúvidas e perguntas que alguém que passa por um diagnóstico de cancro tem. Mas a onda de solidariedade que se gerou, a onda de amor e de ajuda, foi tão poderosa... A energia que me chegava era tanta... À medida que o tempo foi passando, fui tendo noção de que tudo o que me chegava – partilhas, testemunhos, dicas, palavras de alento – me ajudava muito. E que também eu, com as minhas partilhas, estava a ajudar outras pessoas que passavam ou tinham passado pelo mesmo. Porque o ser humano precisa e procura referências, seja em que área ou momento da vida for. Eu procurei. Precisei de ouvir testemunhos. Fez-me bem saber que não estava sozinha, que já muita gente tinha passado pelo mesmo e estava cá. Essa troca deu-me muita força. Além disso, também superei com humor. Aligeirar o que por vezes é pesado demais alivia e, a meu ver, coloca-nos na energia certa para aguentar os embates. Mas não há uma fórmula para viver algo assim. Esta foi a minha. Cada pessoa viverá a sua, da forma que a fizer mais feliz. No seu livro Confia , revela que um dos aspetos que mais a surpreendeu foi a potencial relação entre tratamentos de quimioterapia e infertilidade. Considera que ainda não se fala o suficiente sobre o cancro em mulheres jovens? É essencial trazer o tema do cancro para cima da mesa. Ainda existe muita falta de informação que vem da falta

de interesse comum, associada ao pânico que esta doença parece ter nos mais diversos meios, faixas etárias, culturas e estratos sociais. Como se, ao falar do tema, se pudesse ficar doente. Enquanto lermos, vermos e ouvirmos os meios de comunicação a falar de cancro como uma doença prolongada, ainda haverá muito por fazer. Enquanto continuarmos a ouvir, como

“Sinto que fui devidamente acompanhada, esclarecida, informada e acarinhada.”

eu já ouvi mais do que uma vez, “quem procura acha”, ainda haverá muito por fazer. Enquanto se achar que o cancro vem por castigo ou por merecimento e enquanto o medo e o receio “turvarem a vista” e se fingir que, não ouvindo, não existe problema, continuarão a haver mal-entendidos. Ainda assim, já muito se fez – e faz! Estamos no bom caminho. Estamos todos mais despertos para a questão e fico de coração cheio por também fazer um bocadinho parte desse caminho.

+vida | 17

REVISTA ESTANTE (FNAC) | BRUNO COLAÇO (4SEE)

A certa altura, durante o tratamento, a Sofia decidiu mostrar-se publicamente de cabeça rapada para combater certos estigmas. Parece-lhe urgente que o cancro – e as suas eventuais sequelas – deixe de ser encarado como um tabu? Eu não decidi mostrar-me de cabeça rapada. No caso, fui quase obrigada. Já o disse publicamente: logo depois de receber a notícia de que estava doente, uma das minhas questões era como iria gerir o facto de a minha doença não ficar só para mim e para os meus. Não fazia ideia! Estava a gravar uma telenovela e sabia que seria quase impossível passar despercebida, uma vez que este tipo de notícias se espalha rápido. Achava que seria uma questão de dias até alguém se cruzar comigo e partilhar com alguém. No momento, só queria tornar-me invisível, mas não era possível e, como previa, poucos dias depois, fiquei a saber que um jornal ia fazer sair a notícia. Foi quando falei publicamente, pela primeira vez, sobre o que me estava a acontecer. Não quis que fossem outros a falar sobre a minha saúde – ou, no caso, sobre a falta dela. Hoje, à distância, olho para trás e agradeço que me tenham “obrigado” a fazê-lo, porque, desde esse momento, compreendi que tudo se torna menos pesado quando é dividido. Referiu, no passado, que, embora tenha sido um momento extremamente difícil, sente que a sua experiência com o cancro a ajudou a evoluir enquanto pessoa. Sem dúvida. De que forma? Eu sou a mesma, mas acredito que com os sentidos e os valores mais apurados. Mais focada no que realmente tem

importância. Menos superficial e mais agradecida à vida e a cada momento. Não há como passar por uma situação-limite e ficar tudo igual. Nunca nada será igual – e, no meu caso, ainda bem, porque tenho para mim que a mudança foi para melhor. Passei a tomar melhores decisões para a minha vida e, consequentemente, para a minha saúde. Procurei adaptar hábitos mais saudáveis, praticar mais exercício físico. Aprendi a ouvir os sinais do meu corpo, a saber parar, desligar e descansar. Ganhei mais confiança em mim, naquilo que vejo, sou e procuro. Costumo dizer que, depois de ter passado pelo que passei, são poucas as coisas que me despenteiam. Penso que quem consegue enfrentar esta doença consegue o que quiser. No fundo, o meu cancro veio para me reorganizar e redirecionar. Veio para eu aprender a gostar mais de mim, dos meus e do que me rodeia. Veio para eu passar a acordar e deitar-me todos os dias grata por mais um dia. Que conselhos deixaria às pessoas que estejam a passar pelo mesmo problema pelo qual a Sofia passou? Que sejam fortes. Acreditem que isto é só uma fase menos boa e vai passar. Por mais difícil que seja – e é, não vamos dizer que não –, tentem não se ir abaixo. Mantenham a alma leve e o sorriso. Não se fechem ou dividam. Agarrem-se às coisas boas que já viveram e que ainda vão viver. Ter cancro não é nem pode ser visto como uma sentença de morte. Cuidem-se. Comam bem, de forma saudável, porque vão precisar de todos os reforços para o caminho que aí virá. Mas sosseguem o coração e foquem-se em ficar bem. Costumo dizer que metade do tratamento de qualquer doença é dos médicos; a outra é nossa e passa por tudo isto que referi. Vários estudos dizem que o negativismo é um péssimo companheiro para ter por perto na vida, muito mais numa fase de recuperação.

UMA PARTILHA SEM FILTROS Em 2018, So�a Ribeiro publicou o livro Con �a , com o objetivo de partilhar a sua experiência pessoal com o cancro da mama com todas as pessoas que enfrentem a mesma situação, como doentes ou cuidadores. “É a partilha ao pormenor e sem �ltros da minha história, que, não querendo parecer pretensiosa, sei que tem ajudado muita gente”, explica a atriz. “Escrevi-o na impossibilidade de responder às centenas e centenas de e-mails e mensagens nas redes sociais que ainda hoje me chegam e aos quais não consigo dar retorno.”

18 | +vida

Nasceu a 2 de outubro de 1984, em Lisboa BI Sofia Ribeiro

Iniciou a sua carreira como atriz na série Morangos com Açúcar , em 2007

É presença assídua na televisão, tendo participado em mais de uma dezena de telenovelas da TVI, incluindo Belmonte , Santa Bárbara , A Herdeira e, mais recentemente, Amar Demais

Estreou-se no cinema em 2012 e no teatro em 2014, tendo já entrado em várias produções

“O acompanhamento na CUF foi maravilhoso.”

+vida | 19

REVISTA ESTANTE (FNAC) | BRUNO COLAÇO (4SEE)

foco

COMO SE TRATA HOJE O CANCRO DA MAMA?

O cancro da mama é o carcinoma mais diagnosticado à escala global, mas também um dos que mais bene�cia com a investigação científica. Na CUF, é abordado de forma holística, envolvendo tratamentos inovadores, uma aposta consistente no diagnóstico precoce e cuidados dedicados que colocam o doente no centro de uma equipa para quem, tão importante como tratar o tumor, é tratar a pessoa. P recisão, individualização e humanização são palavras que cada vez mais associamos ao cancro da mama. E ainda bem que é assim. É fundamental que o diagnóstico e tratamento sejam cada vez mais precisos, que a abordagem seja cada vez mais individualizada através de terapêuticas dirigidas a cada tumor e que os cuidados sejam cada vez mais humanizados, com as características e necessidades de cada doente a serem tidas em conta. Afinal, dos carcinomas mais presentes à escala global, o cancro da mama tem uma incidência que, em Portugal, ronda os 7000 novos diagnóstico e tratamento oncológico. Ao longo deste tempo, acompanhou a evolução no tratamento do cancro e, em particular, do cancro da mama. Por exemplo, é hoje boa prática internacional a abordagem multidisciplinar, em que o doente é visto como um todo e o seu caso é analisado por especialidades que vão da Imagiologia à Anatomia Patológica, passando pela Cirurgia, Radioterapia, Oncologia e ainda pela Psicologia e Nutrição. Na CUF, a criação da Unidade da Mama – com a qual o Grupo também foi pioneiro – possibilitou esta abordagem dedicada e com foco alargado ao bem-estar e qualidade de vida do doente. Para este caráter diferenciado – reconhecido com a certificação da EUSOMA, uma das mais prestigiadas organizações

casos por ano, tendo-se assistido a um aumento da prevalência nas últimas décadas. Apesar disto, os sobreviventes são cada vez em maior número. Quando diagnosticado precocemente, o cancro da mama regista taxas de sobrevivência aos cinco anos próximas dos 85%. A elevada taxa de cura em estadios iniciais deve-se não só a uma aposta crescente na deteção precoce, mas também à rapidez de resposta das instituições e aos múltiplos avanços terapêuticos e tecnológicos. A CUF foi, há 36 anos, o primeiro operador privado de saúde em Portugal a dedicar-se ao cancro e é hoje o maior prestador privado nacional na área do

internacionais da área – contribui também a aposta feita na investigação, nomeadamente com a participação em ensaios clínicos internacionais. Não obstante, o cancro da mama continua a ser o tumor maligno que mais afeta a população feminina e o responsável pela morte anual de uma média de 1500 mulheres em Portugal. Ao longo do último ano e meio, fruto da pandemia, assistiu-se a uma diminuição dos exames de rotina e também da prevenção por parte das mulheres, que não podem deixar de se manter atentas à sua saúde, já que um bom prognóstico depende do diagnóstico precoce.

20 | +vida

foco

CANCRO DA MAMA

O primeiro passo para a cura

“Em Portugal, é expectável que uma em cada oito mulheres venha a ter um cancro da mama ao longo da sua vida. Já a sobrevivência do cancro da mama depende do estadio em que este é diagnosticado”, alerta Ida Negreiros, Coordenadora da Unidade de Diagnóstico e Tratamento Integrado da Mama e da Unidade da Mama CUF em Lisboa, que lembra que uma boa parte dos fatores de risco do cancro da mama resultam do estilo de vida. Por exemplo, “obesidade, falta de exercício físico, alimentação pouco saudável”, mas existem outros fatores como a genética ou a terapêutica hormonal de substituição na menopausa. “No início deste século, ficámos a saber que a terapia hormonal de substituição aumenta o risco de cancro da mama. Antes disso era muito utilizada, mas foi sendo progressivamente abandonada”, afirma Ida Negreiros. Existem, no entanto, outros fatores de risco impossíveis de contornar, tais como ser mulher, já que o cancro da mama é uma patologia muito rara nos homens, representando apenas 1% dos casos. Iniciar a menstruação em idade precoce, não ter filhos e não amamentar são também fatores a ter em conta, pois aumentam o risco de cancro da mama. Já a componente hereditária, que pode aumentar o risco em mais de 80%, é responsável por 5 a 10% de todos os casos. Sabendo isto, torna-se claro que uma boa parte da prevenção está nas mãos das mulheres e das equipas médicas que as seguem. “Mudar os estilos de vida é sempre o mais difícil, mas é isso que é necessário”, explica Ida Negreiros. Conhecer o próprio corpo e, perante um sinal de alerta, consultar o médico assistente ou o ginecologista é outro passo importante, já que, depois de serem feitos os exames necessários (mamografia e ecografia mamária), a mulher poderá, se necessário, ser encaminhada para uma consulta de senologia. É, por isso, importante que a mulher valorize eventuais alterações na mama, quer através da observação, quer da palpação da mama. Para Ida Negreiros, é essencial que as mulheres façam estes exames de rotina a partir dos 40 anos, independentemente do rastreio de base populacional que é feito a partir dos 50 anos: "Numa consulta, a mama é palpada, é percebido o contexto familiar, são pedidas mamografia e ecografia mamária. Os profissionais que tratam cancro sabem que aparecem muitos casos antes dos 50 anos. Em Portugal, cerca de 17% dos cancros da mama diagnosticados são em mulheres com menos de 50 anos.”

Ida Negreiros • Coordenadora da Unidade de Diagnóstico e Tratamento Integrado da Mama e da Unidade da Mama CUF em Lisboa

22 | +vida

Page 1 Page 2 Page 3 Page 4 Page 5 Page 6 Page 7 Page 8 Page 9 Page 10 Page 11 Page 12 Page 13 Page 14 Page 15 Page 16 Page 17 Page 18 Page 19 Page 20 Page 21 Page 22 Page 23 Page 24 Page 25 Page 26 Page 27 Page 28 Page 29 Page 30 Page 31 Page 32 Page 33 Page 34 Page 35 Page 36 Page 37 Page 38 Page 39 Page 40 Page 41 Page 42 Page 43 Page 44 Page 45 Page 46 Page 47 Page 48 Page 49 Page 50 Page 51 Page 52 Page 53 Page 54 Page 55 Page 56 Page 57 Page 58 Page 59 Page 60

Powered by