Revista + Vida 28 | Cancro da Mama

O episódio aconteceu em fevereiro deste ano, mas Cátia Silva conta-o como se o tivesse vivido ontem: “Tinha acabado de fazer 38 anos e fui à minha consulta anual de ginecologia. A médica costumava comentar: ‘Então, Cátia, e a maternidade? Olhe que os anos vão passando.’ Dessa vez, respondi-lhe que tinha a intenção de engravidar no ano seguinte. Seguiram-se os exames habituais, incluindo à mama. Marquei tudo para o mesmo dia, mas, assim que fiz o primeiro, disseram-me que tinha um nódulo com cinco milímetros na mama direita.” Perante o resultado, a ginecologista pediu a Cátia que fizesse uma ressonância, à qual se seguiu uma biópsia. “Passados uns dias, já tínhamos o diagnóstico sem margem para dúvidas: um carcinoma invasivo”, conta Cátia, cuja ansiedade ia aumentando. Foi encaminhada para a consulta de Carlos Rodrigues, que a tranquilizou: sim, era cancro, mas estava numa fase muito inicial. “Explicou-me o que significava toda a terminologia e qual seria a abordagem. Disse-me que o meu caso seria avaliado numa reunião multidisciplinar, mas que, à partida, o tratamento deveria envolver cirurgia, radioterapia e hormonoterapia. Saí dessa consulta bastante tranquila”, admite Cátia. Diagnosticada a 26 de fevereiro de 2021, foi operada um mês depois. Confidencia que as três semanas até à cirurgia foram as

mais angustiantes: “Na segunda consulta fiquei a saber sobre o gânglio sentinela e ouvi falar da possibilidade de quimioterapia, o que me desestabilizou." Foi também nesta altura que começou a questionar o sonho de vir a ser mãe. “Quando recebi o diagnóstico, pensei: adiámos tanto que agora já não podemos. Como se algo ou alguém estivesse a decidir por nós.” Quando partilhou o seu estado de espírito com Carlos Rodrigues, a resposta serenou-a: “O Dr. Carlos disse-me que sem mulheres não existem bebés, mas neste momento o mais importante é tratar da mulher. Se correr bem, haveremos de ter tempo para tudo.” Correu bem. Cátia teve alta no próprio dia da cirurgia e recebeu a notícia que tanto queria ouvir: não tinha de fazer quimioterapia. Fez radioterapia e continuou a trabalhar. Carlos Rodrigues refere que o rápido sucesso deste caso se justifica pelo facto de o cancro ter sido diagnosticado numa fase tão precoce: “A doença foi detetada com menos de um centímetro e não foi necessário avançar para a criopreservação. O projeto de gravidez e o cuidado com que o preparou salvou-lhe a vida.” Acompanhada por várias especialidades – Imagiologia, Radioterapia, Enfermagem, Nutrição –, Cátia só tem palavras positivas a dizer sobre todos: “Até acho que lidei bem com o diagnóstico, mas senti sempre um acompanhamento total. Foram espetaculares.” Tem agora os planos para o futuro bem definidos: “Recuperar totalmente e recomeçar do ponto onde fiquei.”

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LUÍS FILIPE CATARINO (4SEE)

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