Revista + Vida 28 | Cancro da Mama

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CANCRO DA MAMA

Aposta constante na inovação

“Queremos todos continuar a fazer progressos no diagnóstico e tratamento do cancro da mama”, explica Sofia Braga, justificando o elevado interesse da investigação científica neste tipo de cancro com a sua alta prevalência e o perfil das doentes: “É o cancro mais diagnosticado à escala global. E mais de 50% das doentes têm menos de 65 anos. São mulheres jovens que querem muito tratar-se e que estão em muito bom estado geral de saúde.” Diogo Alpuim, Oncologista em vários hospitais CUF (Hospital CUF Cascais, Hospital CUF Descobertas, Hospital CUF Santarém e Hospital CUF Sintra) e um dos revisores científicos da revista internacional Nature , concorda: “[É uma área de grande investigação] não só ao nível do tratamento propriamente dito, mas também da própria biologia tumoral, em que a identificação de algumas mutações poderá indiciar que um tratamento possa ser mais eficaz em detrimento de outro. É isto que queremos: adotar aquele tratamento para aquele doente com aquele cancro da mama.” Para o médico, aplicações tecnológicas como a Next-Generation Sequencing são revolucionárias porque permitem acompanhar a mudança de um tumor ao longo do tempo. “Há um painel de muitos genes em que é possível, num determinado tumor da mama, identificar as mutações que existem naquele momento. Podemos ver se há uma determinada alteração naquele tumor e se até existe algum ensaio clínico para aquela mutação em específico”, explica Diogo Alpuim. Numa linguagem mais prosaica, “é como se o cancro tivesse o seu ‘código de barras’ dinâmico: o cancro que estamos hoje a tratar é provavelmente diferente do que estaremos a tratar passados alguns meses”. Além de serem essenciais à investigação, os ensaios clínicos representam muitas vezes a possibilidade de um doente aceder a um tratamento inovador que lhe pode trazer maior longevidade, com maior qualidade de vida. Sofia Braga assume-se uma “entusiasta” desta forma de fazer investigação: “Há ensaios clínicos que mudam a vida das mulheres! Há doentes cujos tumores estão numa fase metastática e precisam de alternativas terapêuticas. Por vezes, os ensaios clínicos dão-lhes essas alternativas.” A médica e investigadora acrescenta: “Na minha vida profissional tenho visto coisas espetaculares a acontecer, para as quais os ensaios clínicos são fundamentais.”

Diogo Alpuim • Oncologista no Hospital CUF Cascais, no Hospital CUF Descobertas, no Hospital CUF Santarém e no Hospital CUF Sintra

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