Revista + Vida 28 | Cancro da Mama

MARTA GONÇALVES Psiquiatra e Coordenadora do Centro de Medicina do Sono no Hospital CUF Porto

Uma abordagem multidisciplinar A problemática do sono ganhou uma relevância especial nos últimos tempos. “A pandemia da COVID-19 alterou os padrões de sono de várias formas”, explica Marta Gonçalves. “O medo de contrair a doença ou de ter familiares de risco que a pudessem contrair, a imprevisibilidade sobre o futuro, as preocupações económicas e o isolamento social aumentaram muito os níveis de ansiedade, ocasionando um hiperalerta diurno e noturno que agravou a qualidade do sono e desencadeou quadros frequentes de insónia.” A psiquiatra realça, porém, que a pandemia também acabou por ter alguns efeitos positivos no sono, nomeadamente nas pessoas em regime de teletrabalho, “que deixaram de enfrentar o stresse diário do tráfego e aumentaram o tempo total de sono”. Dependendo do tipo e da severidade, as perturbações do sono podem ser tratadas de diversas formas. “Podem ser feitos tratamentos não farmacológicos, como a intervenção

cognitivo-comportamental para a insónia, fototerapia para as perturbações do ritmo circadiário, perda de peso, posicionadores ou ventiladores para as apneias obstrutivas de sono e dispositivos de avanço mandibular, tratamentos cirúrgicos de Otorrinolaringologia e ainda tratamentos farmacológicos específicos para determinadas patologias.” Embora os tratamentos sejam tipicamente coordenados pelas especialidades de Psiquiatria, Neurologia e Pneumologia, Marta Gonçalves salienta que, na CUF, a abordagem a estas perturbações é ainda mais multidisciplinar: “No Centro de Medicina do Sono da CUF, a equipa para avaliação e intervenção nas patologias de sono é integrada por psiquiatras, neurologistas, pneumologistas, psicólogos, otorrinolaringologistas, profissionais de Medicina Dentária, profissionais de Cardiologia e técnicos de Neurofisiologia.” O objetivo é garantir a melhor compreensão possível de uma das áreas mais importantes das nossas vidas.

SABE A DIFERENÇA?

Má qualidade de sono Expressão geral que descreve um sono não reparador, resultante de erros comportamentais ou de doenças do sono. Privação de sono Termo especificamente relacionado com a quantidade e não com a qualidade de horas dormidas. Ocorre sempre que o tempo total de sono é inferior às necessidades individuais. Insónia Dificuldade, muitas vezes crónica, em adormecer e/ou manter o sono. Pode ser uma doença ou apenas um sintoma de outra doença.

QUANTAS HORAS DEVE DORMIR POR DIA?

Até 3 meses 4 a 11 meses 1 a 2 anos 3 a 5 anos 6 a 13 anos 14 a 17 anos 18 a 64 anos Após 65 anos

14 a 17 horas 12 a 15 horas 11 a 14 horas 10 a 13 horas 9 a 11 horas 8 a 10 horas

7 a 9 horas 7 a 8 horas

Fonte: National Sleep Foundation

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