Revista + Vida 28 | Cancro da Mama

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CANCRO DA MAMA

Uma abordagem global centrada no indivíduo

A humanização dos cuidados e a atenção dada a todos os aspetos da vida da mulher são elementos distintivos das Unidades da Mama da CUF. “A par de toda a componente clínica, há uma dimensão muito importante: a necessidade de acompanhar a pessoa a quem se dá este diagnóstico que lhe muda a vida. É muito, muito importante”, frisa Ida Negreiros. Amparar a doente, quer seja com o acompanhamento de uma das Enfermeiras de Referência da Mama durante a biópsia ou através do apoio dado pelas gestoras oncológicas que agilizam os pormenores burocráticos, pode fazer a diferença. “Há doentes que suspeitam de qual será o diagnóstico e já vêm acompanhadas, mas outras não, e é preciso dar-lhes apoio. Quando uma doente fica sem chão, passar-lhe uma série de papéis para a mão para que vá fazer uma série de marcações é algo complexo. É por isso que a CUF tem gestoras oncológicas que orientam toda esta parte administrativa”, explica Ida Negreiros. O objetivo é conduzir o doente ao longo de todo o processo. “Na Unidade da Mama CUF em Lisboa, não há nada de que um doente possa precisar e nós não tenhamos: Imagiologia mamária dedicadíssima à mama, patologia de exceção, tudo o que é necessário para o diagnóstico e tratamento do ponto de vista da cirurgia, da Oncologia médica, da Radioncologia, da Cirurgia Plástica... Temos tudo o que possa fazer falta,

incluindo cuidados paliativos”, afirma Ida Negreiros. A humanização dos cuidados reflete-se desde o primeiro momento e acompanha as doentes nas mais delicadas questões. “Por exemplo, existe a possibilidade de fazer quimioterapia com capacete, o que reduz a quantidade de doentes que necessitam de próteses capilares. Temos essa preocupação desde o início”, refere a Coordenadora da Unidade da Mama CUF em Lisboa. Cada mulher tem o seu tipo de cancro de mama, pelo que até na abordagem terapêutica existe uma individualização dos cuidados. Os tratamentos são dirigidos a cada um dos subtipos e às células tumorais que constituem cada cancro, sendo que as próprias condições e caraterísticas das mulheres são tidas em conta, sendo selecionados determinados tratamentos em função da idade, de outras doenças ou das suas preferências. Ao longo do processo de diagnóstico é definido o estadio da doença e o subtipo de cancro da mama, que vão determinar o tipo de tratamento. O plano terapêutico é discutido numa reunião multidisciplinar. Caso se trate de um cancro hormonal – cerca de dois terços de todos os casos – está indicada a hormonoterapia; se é um subtipo que tem sobre-expressão de uma proteína na superfície (HER2), deverá ser alvo de terapêutica anti-HER2; e, no caso do cancro da mama sem expressão de quaisquer recetores hormonais ou HER2, o chamado triplo negativo, está indicada a quimioterapia, em alguns casos combinada com imunoterapia. No que toca à cirurgia mamária, embora as abordagens não tenham mudado nos últimos anos, mantendo-se a mastectomia ou a cirurgia conservadora da mama, as técnicas evoluíram sobremaneira. “Privilegiamos a conservação da mama”, explica Ida Negreiros. “Quando isso não é possível, tentamos preservar ao máximo a pele e o complexo aréolo-mamilar, já que isto permite reconstruir mais facilmente a mama.” Também a terapêutica dirigida ao cancro da mama metastático tem vindo a progredir. “Têm-se registado novidades muito interessantes, nomeadamente em cancros com recetores hormonais, como os inibidores de ciclinas, que têm demonstrado aumentar a expetativa de sobrevivência”, afirma Luís Costa. “Por sua vez, no cancro da mama com recetor HER2, há tratamentos com anticorpos que são combinados com a quimioterapia.”

Em cada caso, o tipo de tratamento é definido consoante o estadio da doença e o subtipo de cancro da mama.

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