Revista + Vida 28 | Cancro da Mama

A par destes fármacos, existem tratamentos de segunda linha que podem ser utilizados como adjuvantes. “Isso diminui em 50% o risco de o cancro vir a metastizar”, explica Luís Costa, que destaca igualmente os novos tratamentos para os triplos negativos: “Além da imunoterapia, estão já disponíveis os chamados 'tratamentos ADC' em que um anticorpo é conjugado com um agente de quimioterapia e dirigido às células tumorais.” Nos casos de triplos negativos associados a mutação genética, surgiu ainda uma nova classe de medicamentos: os inibidores PARP. Estes novos medicamentos têm aumentado a expetativa de controlo da doença nos casos de doença metastática e podem também aumentar a sobrevida das mulheres operadas a cancro da mama com elevado risco para recaída.” A radioterapia, outra das opções aplicadas no cancro da mama, é mais uma área na qual se tem registado uma diminuição na agressividade do tratamento. 5 PERGUNTAS A... ? MANUEL CANEIRA

Coordenador de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética no Hospital CUF Tejo e no Hospital CUF Descobertas

uma técnica microcirúrgica que demore várias horas a uma doente com estado de saúde débil, mas esta poderá constituir a técnica de eleição para uma doente cujas condições gerais o permitam e não deseje a utilização de implantes mamários. Qual é a importância da cirurgia plástica e reconstrutiva da mama para a saúde, autoestima e autoimagem da mulher? A mama é um símbolo de feminilidade inegável. Naturalmente, tem mais relevância para umas mulheres do que para outras, mas a sua deformação pode ter fortíssimos impactos na autoestima e autoconfiança. Não se trata, porém, apenas de autoestima. Mesmo para mulheres mais “desprendidas” destes aspetos, existem fatores de caráter prático que são muito valorizados, como a possibilidade de usar vestuário sem limitações ou não ter receio que um implante externo para dar volume sob o soutien saia do lugar ou limite, por exemplo, a prática desportiva ou um simples banho no mar.

iniciada na altura da mastectomia ou tumorectomia (a chamada reconstrução imediata) ou posteriormente (a chamada reconstrução diferida). Existem, no entanto, reconstruções que devem ser efetuadas de imediato para que se possam obter os melhores resultados. Por esse motivo, é particularmente relevante envolver o cirurgião plástico e reconstrutivo logo desde o início do processo. A reconstrução mamária pode ser feita em todos os tipos de cancro da mama? Pode ser efetuada em praticamente todas as situações. Que critérios são tidos em conta para a sua realização? O tipo de reconstrução vai depender de muitos fatores, como o estado de saúde da doente, possibilidade ou não de conservar pele e/ou complexo aréolo-mamilar e, por último, mas não menos importante, a vontade da doente. Com efeito, é pouco sensato propor

No passado, muitas doentes encaravam o diagnóstico de cancro da mama como sinónimo de “mutilação”. O que mudou nos últimos anos? Muita coisa. Atualmente, é possível proceder-se a técnicas de tumorectomia com conservação de grande parte do tecido mamário, mastectomias poupadoras de pele ou mesmo mastectomias com conservação do complexo aréolo-mamilar. As técnicas conservadoras de pele permitem reconstruções cada vez menos traumáticas com os novos materiais. Por outro lado, o fortíssimo desenvolvimento das técnicas de microcirurgia e melhor conhecimento da anatomia fina têm colocado à disposição das doentes reconstruções com os próprios tecidos, impensáveis há alguns anos. Como e quando é feita a cirurgia reconstrutiva da mama? A reconstrução mamária pode ser

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