Revista + Vida 28 | Cancro da Mama

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CANCRO DA MAMA

O primeiro passo para a cura

“Em Portugal, é expectável que uma em cada oito mulheres venha a ter um cancro da mama ao longo da sua vida. Já a sobrevivência do cancro da mama depende do estadio em que este é diagnosticado”, alerta Ida Negreiros, Coordenadora da Unidade de Diagnóstico e Tratamento Integrado da Mama e da Unidade da Mama CUF em Lisboa, que lembra que uma boa parte dos fatores de risco do cancro da mama resultam do estilo de vida. Por exemplo, “obesidade, falta de exercício físico, alimentação pouco saudável”, mas existem outros fatores como a genética ou a terapêutica hormonal de substituição na menopausa. “No início deste século, ficámos a saber que a terapia hormonal de substituição aumenta o risco de cancro da mama. Antes disso era muito utilizada, mas foi sendo progressivamente abandonada”, afirma Ida Negreiros. Existem, no entanto, outros fatores de risco impossíveis de contornar, tais como ser mulher, já que o cancro da mama é uma patologia muito rara nos homens, representando apenas 1% dos casos. Iniciar a menstruação em idade precoce, não ter filhos e não amamentar são também fatores a ter em conta, pois aumentam o risco de cancro da mama. Já a componente hereditária, que pode aumentar o risco em mais de 80%, é responsável por 5 a 10% de todos os casos. Sabendo isto, torna-se claro que uma boa parte da prevenção está nas mãos das mulheres e das equipas médicas que as seguem. “Mudar os estilos de vida é sempre o mais difícil, mas é isso que é necessário”, explica Ida Negreiros. Conhecer o próprio corpo e, perante um sinal de alerta, consultar o médico assistente ou o ginecologista é outro passo importante, já que, depois de serem feitos os exames necessários (mamografia e ecografia mamária), a mulher poderá, se necessário, ser encaminhada para uma consulta de senologia. É, por isso, importante que a mulher valorize eventuais alterações na mama, quer através da observação, quer da palpação da mama. Para Ida Negreiros, é essencial que as mulheres façam estes exames de rotina a partir dos 40 anos, independentemente do rastreio de base populacional que é feito a partir dos 50 anos: "Numa consulta, a mama é palpada, é percebido o contexto familiar, são pedidas mamografia e ecografia mamária. Os profissionais que tratam cancro sabem que aparecem muitos casos antes dos 50 anos. Em Portugal, cerca de 17% dos cancros da mama diagnosticados são em mulheres com menos de 50 anos.”

Ida Negreiros • Coordenadora da Unidade de Diagnóstico e Tratamento Integrado da Mama e da Unidade da Mama CUF em Lisboa

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