Revista + Vida 28 | Cancro da Mama

o futuro, tenhamos inevitavelmente de pensar em mamografia com tomossíntese”. José Carlos Marques antecipa, aliás, que esta área tenha uma evolução ainda maior com a aplicação de soluções de inteligência artificial e deep learning . O médico aponta ainda outra vantagem: o desenvolvimento tecnológico de softwares destes novos equipamentos que permitem, nomeadamente, fazer a medição automática da densidade e do padrão mamário. “A densidade tem ganho uma importância crescente nos últimos anos, porque se percebeu que é um fator de risco importante e independente para o cancro da mama”, alerta o médico. Ainda no que toca à mamografia, outro avanço tecnológico é a mamografia com contraste, que no início era visto como um exame alternativo ou apenas com indicação para os casos em que a ressonância magnética não fosse indicada. No entanto, tem demonstrado utilidade noutras situações, permitindo esclarecer de forma imediata dúvidas em casos mais

complicados e orientar a realização de biópsias." A ressonância magnética é um meio de diagnóstico cada vez mais utilizado, não apenas para identificar a doença, mas também para avaliar a extensão e a resposta ao tratamento. “Os equipamentos de ressonância magnética de alto campo magnético (conhecidos por 3Tesla) conseguem exames de alta resolução e qualidade e permitem a implementação de protocolos de exame mais curtos com a mesma informação e maior conforto para o doente”, explica o médico. “O rastreio e a vigilância com ressonância magnética de mulheres com risco é uma área em franco crescimento, já que é possível fazer estes exames em metade do tempo atual, com alta sensibilidade na deteção e com redução significativa dos cancros de intervalo.” No que toca à intervenção mamária, José Carlos Marques destaca a biópsia por vácuo: “É usada hoje não só como meio de diagnóstico, mas também, cada vez mais, como tratamento, para excisão de pequenas lesões com baixo risco.”

Diagnosticar cedo é prioridade

Tão essencial como o avanço tecnológico é, na opinião de José Carlos Marques, a especialização das equipas: “A partilha multidisciplinar é cada vez mais importante, pelo que os profissionais têm de estar habilitados a participar na discussão. No caso da Imagiologia mamária, é importante haver subespecialização técnica e médica, ou seja, dispormos de médicos e técnicos da área da mamografia e da área da ressonância magnética, cada vez mais especializados e dedicados à imagiologia mamária. No contexto da CUF, um dos critérios da certificação internacional EUSOMA é precisamente que os seus profissionais tenham essa especialização.” A precocidade do diagnóstico é outro fator fundamental. “Independentemente de todos os avanços na área do tratamento, o momento do diagnóstico é absolutamente determinante em relação ao prognóstico, à qualidade de vida e à sobrevida”, explica o médico, alertando para que vários estudos com mulheres tratadas por cancro da mama demonstram taxas de mortalidade substancialmente inferiores, com diferenças superiores a 40% no grupo diagnosticado com o cancro ainda numa fase assintomática.” Com isto em mente, a CUF tem vindo a desenvolver estratégias que permitam um diagnóstico mais rápido, como a Via Verde Diagnóstico de Cancro ou, mais recentemente, a One Day Breast Clinic, implementada no Hospital CUF Porto. A proposta da CUF é de que as doentes que fazem a sua vigilância anual, mesmo sem terem identificado alterações, façam toda a avaliação e diagnóstico num curto espaço de tempo: mamografia, ecografia mamária e, se o profissional da Radiologia perceber que é necessária uma biópsia, pode fazê-la de imediato, de forma autónoma. Ao realizar os exames, a equipa compromete-se a apresentar os resultados no prazo de cinco dias, tendo este processo vantagens evidentes, pois elimina os tempos de espera que, por vezes, criam muita ansiedade nas mulheres.

Quer se trate de diagnóstico, caraterização do risco, prognóstico ou orientação terapêutica, a Anatomia Patológica está presente no percurso do doente com cancro da mama. No Hospital CUF Descobertas, funciona o laboratório centralizado de Anatomia Patológica da CUF, que, certificado desde 2004 pela norma ISO9001, está entre os maiores do país. Além do trabalho de diagnóstico, os seus anatomopatologistas integram projetos de investigação e participam na formação dos novos médicos especialistas em Anatomia Patológica, tendo o laboratório idoneidade formativa reconhecida pela Ordem dos Médicos. CUF TEM UM DOS MAIORES LABORATÓRIOS DE ANATOMIA PATOLÓGICA DO PAÍS

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