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REPORTAGEM | Menos Sal Portugal

Mudanças à vista De modo a avaliar o impacto das mudanças de hábitos adotadas pelos participantes, os investigadores recolheram amostras de urina no início e no fim do estudo. Não obstante, mesmo antes de os resultados serem conhecidos já eram evidentes as melhorias nas escolhas alimentares dos voluntários. Conceição Calhau destaca a adesão à dieta mediterrânica, um padrão alimentar saudável que engloba os vários conselhos práticos transmitidos aos participantes, que “no final do estudo revelou uma adesão maior na maioria dos indivíduos”. No caso de Maria Deolinda e Andreia Cerqueira também se verificaram outras alterações relevantes. “Passamos o tempo que for preciso nas filas da carne e do peixe para comprarmos os alimentos frescos”, explica a filha, que recorre ao salmão para exemplificar a disparidade no teor de sal entre alimentos: “O sal do salmão fumado

dispara completamente em comparação ao fresco. Assim como os caldos em cubo, que eu achava que teriam cinco ou seis gramas de sal por cada cem mas afinal têm mais de cinquenta.” A atenção redobrada que presta ao nível de sal dos alimentos já teve, inclusive, repercussões na sua aparência física: “Perdi uns três

“O sal deixou de fazer parte da minha lista de compras.” Andreia Cerqueira Participante do estudo

ou quatro centímetros de barriga.” Por tudo isto, Andreia não se coíbe de elogiar o trabalho da CUF: “Tivemos um acompanhamento muito bom.” A maior conquista não é, contudo, visível a olho nu. É que hoje em dia uma grande parte das suas refeições passou a ser cozinhada sem sal, especialmente desde que começou a viver sozinha, o que aconteceu pouco tempo depois de terminar a participação neste estudo: “Quando saí de casa, o sal deixou de fazer parte da minha lista de compras.”

fã da “comida tradicional portuguesa”, prefere que a refeição seja bem temperada. O início da participação no estudo coincidiu com uma fase de mudança no regime alimentar desta família: começaram a consumir mais verduras, sopas e leguminosas – também devido, pelo menos em parte, à escolha da filha mais nova em deixar de comer carne. Durante 12 semanas aprenderam a diversificar os alimentos e as especiarias

utilizadas na preparação das refeições, a interpretar rótulos, a comparar marcas e a reconhecer os produtos com menos sal. “Nunca tinha olhado para a quantidade de sal dos produtos”, admite Maria Deolinda. “Houve uma altura em que só reparava nos hidratos de carbono, [mas agora] quando vou

“Nunca tinha olhado para a quantidade de sal dos produtos.” Maria Deolinda Cerqueira Participante do estudo

ao supermercado tento que o teor de sal dos produtos que compro não exceda um grama.” De facto, o teor médio recomendado de sal por cada 100 gramas varia entre 0,3 e 1,5 gramas, mas estes não são os únicos números que Maria Deolinda mantém presentes: “Ficou-me gravado que o consumo máximo diário é de cinco gramas. Se só posso comer cinco e [neste alimento] tenho duas, logo isso é o sal quase todo!”

Conceição Calhau, Coordenadora da Unidade Universitária de Lifestyle Medicine da CUF e Cocoordenadora do Menos Sal Portugal.

5 dicas para reduzir o consumo de sal

Opte pelos alimentos frescos e evite os processados, fumados e enchidos 1

Verifique a quantidade de sal no rótulo dos produtos 2

Lave as leguminosas enlatadas 3

Substitua o sal por ervas aromáticas, especiarias, vinho ou sumo de limão 4

Privilegie as sopas, ensopados, caldeiradas e estufados 5

52 | +vida _ novembro 2019

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