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3 PERGUNTAS A...

Resultados promissores Se a ablação tem sido aplicada com maior sucesso em doentes com fibrilhação auricular do tipo paroxístico – isto é, com episódios de curta duração – ou do tipo persistente de curta duração, a ablação com a neurocardiomodulação tem sido aplicada em doentes selecionados, entre os quais desportistas, nos quais “a atividade do sistema nervoso autónomo torna o coração mais lento e suscetível de apresentar fibrilhação auricular”. Do mesmo modo, também têm beneficiado com esta técnica os doentes que, além da fibrilhação auricular, sofrem de perdas súbitas de conhecimento (síncopes de causa vagal) devido a disfunção do sistema nervoso autónomo ou doentes que tenham um ritmo cardíaco lento (bradicardia acentuada). “Os resultados promissores deixam-nos entusiasmados para continuarmos a desenvolver esta metodologia, de modo a aumentarmos o sucesso de uma terapêutica cujo crescimento tem sido possível face à imensa inovação tecnológica em medicina cardiovascular”, conclui Mário Oliveira.

1. Quanto tempo demora uma ablação de fibrilhação auricular com neurocardiomodulação? Ao fazermos esta técnica aumentamos a duração da intervenção, uma vez que a associamos ao procedimento standard , conhecido por isolamento elétrico das veias pulmonares. Em média o procedimento combinado terá uma duração de 2h30. As séries iniciais, muitas observacionais e em casos selecionados, mostram resultados interessantes com aumento do sucesso no primeiro ano de seguimento. Mário Oliveira Coordenador de Cardiologia no Hospital CUF Infante Santo e cardiologista no Hospital CUF Porto

2. De que modo é aplicada a energia de radiofrequência? A energia é aplicada através de cateteres que chegam ao coração por via venosa e através do septo entre as duas aurículas. A utilização da energia é controlada com rigor através de sensores de temperatura e pressão na ponta do cateter, a fim de aumentar a eficácia das lesões, homogeneizar as aplicações e, claro, manter a segurança. 3. A aplicação desta técnica requer condições especiais? Deve ser efetuada em centros com operadores experientes e acesso rápido a uma unidade de cuidados intensivos e cirurgia cardíaca. Tem sido desenvolvida em centros conhecidos por terem programas integrados e multidisciplinares de intervenção cardiovascular.

A fibrilhação auricular é a arritmia crónica mais frequente em Portugal, afetando 1 a 2% da população

20% dos acidentes vasculares cerebrais são provocados por fibrilhação auricular

Mais de 1000 doentes são submetidos anualmente à ablação de fibrilhação auricular, que representa 30% de todas as ablações realizadas em Portugal

+vida _ novembro 2019 | 49

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