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DOENÇAS DO FUTURO

Desenvolvimentos promissores no tratamento de arritmias

Há uma nova estratégia de tratamento que está a “conquistar” os corações de médicos e doentes que sofrem de fibrilhação auricular, um problema de coração que pode provocar incapacidade e até mesmo levar à morte.

T em um nome algo complicado mas o propósito não podia ser melhor. Chama-se ablação de fibrilhação auricular com neurocardiomodulação, e é uma nova técnica que constitui uma esperança renovada para todos aqueles que sofrem com a mais frequente arritmia crónica em Portugal. “Estamos naturalmente entusiasmados com a introdução desta nova modalidade de intervenção, promissora na obtenção de mais sucesso terapêutico”, afirma Mário Oliveira, cardiologista no Hospital CUF Porto e Coordenador do Centro do Coração do Hospital CUF Infante Santo. De acordo com este especialista, a fibrilhação auricular é um problema que aumenta significativamente com a idade, provocando sintomas incapacitantes

como palpitações, insuficiência cardíaca e risco acrescido de acidente vascular cerebral (AVC), podendo mesmo ser fatal. Até agora, ainda de acordo com Mário Oliveira, os fármacos utilizados para manter o ritmo cardíaco normal – o ritmo sinusal – tinham “resultados insatisfatórios”, um “elevado número de recorrências” ou até “efeitos adversos que podem ser bastante graves”. A alternativa passou, por isso, a ser a terapêutica ablativa com cateteres, através da qual o acesso ao coração é feito por via percutânea, através de veias. “A ablação é um tratamento utilizado para corrigir o ritmo cardíaco irregular através do isolamento elétrico das veias pulmonares, onde tem origem a grande maioria dos episódios de fibrilhação auricular”, explica Mário Oliveira. “É uma técnica que tem

vindo a crescer de forma muito significativa. Em Portugal já ultrapassou os mil procedimentos por ano.” A taxa de sucesso desta técnica é superior a 80% no primeiro ano – e a taxa de complicações é baixa. Mais recentemente, juntou-se à ablação uma técnica complementar, chamada neurocardiomodulação. Esta estratégia inovadora é praticada apenas em alguns centros de referência, nomeadamente no Centro do Coração, no Hospital CUF Infante Santo, e na Unidade do Coração, no Hospital CUF Porto. “Uma vez que se sabe que reflexos do sistema nervoso autónomo podem estar associados a parte dos episódios de fibrilhação auricular, esta técnica pode vir a contribuir para a diminuição da carga arrítmica”, diz o médico. “É o que mostram alguns estudos iniciais.”

48 | +vida _ novembro 2019

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