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PARCEIRO OFICIAL

um enxerto dos músculos isquiotibiais que vai formar um novo ligamento (neoligamento) para desempenhar a mesma função daquele que rompeu”, explica o fisioterapeuta Fábio Passos. Hugo nunca tinha passado por uma lesão tão grave e o mais desafiante foi a alteração total das rotinas. Não pôde conduzir durante um mês e teve de deixar de dar aulas de Educação Física na escola primária onde leciona (às quais voltou recentemente no arranque do novo ano letivo), além de ser obrigado a deixar de jogar – que, confessa, é aquilo de que tem “mais saudades”. Habitualmente, a reabilitação do cruzado anterior demora entre seis a oito meses. “Dependendo dos casos, seguimos um protocolo pré-cirúrgico que melhora a recuperação, passando esta a ser menos demorada e difícil, como o comprova a literatura científica”, explica Fábio Passos. Uma vez que esta lesão diminui as amplitudes articulares do joelho, a fisioterapia pré-operatória promove “a manutenção dessas amplitudes, a redução de dor e inflamação e o aumento da força muscular”. Durante este processo o doente é preparado para a cirurgia e são esclarecidas dúvidas que surjam.

COMO VOLTAR À FORMA DEPOIS DE UMA LESÃO Fábio Passos, fisioterapeuta na Clínica CUF Alvalade, partilha estratégias essenciais para uma boa recuperação. O fisioterapeuta fornece as ferramentas adaptando-as às necessidades e às expetativas de cada utente. É essencial ter um acompanhamento com um médico especialista em Medicina Física e Reabilitação, sempre em contacto com o médico ortopedista para ter um diagnóstico correto. Na Clínica CUF Alvalade existe uma grande exigência e rigor com os timings da recuperação porque, infelizmente, em cirurgias de lesões graves podem surgir consequências a curto, médio e longo prazo. Há que diminuir o risco de recidivas. A metodologia e plano de tratamento personalizados podem ter de ser ajustados durante a recuperação.

Protocolo personalizado e ajustado

Até à marcação da cirurgia, realizada no Porto com o médico cirurgião José Carlos Noronha, o jogador realizou uma consulta de fisiatria com Paulo Beckert, Diretor Clínico da Clínica CUF Alvalade, e, em simultâneo, começou o trabalho de fisioterapia com Fábio Passos. As sessões diárias de hora e meia antes e depois da cirurgia ajudam a que o utente retorne o mais brevemente possível às tarefas do dia a dia e à atividade profissional e desportiva, no caso do Hugo sem prejuízo. O protocolo é personalizado e direcionado à lesão de cada utente. “Estou confiante, pois fui sentindo muitas melhorias desde o começo. Mentalizei-me de que seria um processo longo mas que era preferível fazer o tratamento de forma correta e voltar a jogar a 100% do que ter uma recidiva”, afirma Hugo. As indicações partilhadas entre os médicos que o seguem e o fisioterapeuta são no sentido de o jogador regressar ao final de oito meses e, uma vez que já está a iniciar a fase final de recuperação, Fábio Passos tem estado em contacto com a fisioterapeuta do clube para poder começar um treino condicionado e assim não notar tanta diferença quando começar a treinar normalmente. “Está muito focado na recuperação, o que facilita imenso. A sua entrega tem sido total”, destaca Fábio Passos. A confiança entre terapeuta e doente é essencial e, no caso de Hugo Eduardo e Fábio Passos, é notória a ligação estabelecida ao longo destes meses. Ao final do dia, o fisioterapeuta não tem dúvidas de que “a parte mais gratificante da sua profissão é acompanhar momentos como este e perceber que foi possível realizar aquilo que os doentes querem e esperam voltar a fazer”. De tal modo que já foi firmado um compromisso entre ambos. “Faço questão de ir assistir ao seu primeiro jogo quando regressar”, garante o fisioterapeuta na Clínica CUF Alvalade.

ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR E O BIOFEEDBACK

“Recorremos a muitas ferramentas, como a eletroestimulação neuromuscular e o biofeedback , para preparar melhor os utentes”, explica o fisioterapeuta Fábio Passos. Esta é uma ferramenta de avaliação e tratamento que não está disponível em todos os centros mas que é prática comum na Clínica CUF Alvalade. “É um aparelho com elétrodos que ligamos em vários pontos musculares e a partir do qual, através de um tablet e de uma app própria, conseguimos explicar ao utente como deve fazer um determinado exercício”, explica Fábio Passos. “Visualmente a pessoa tem a noção de que um determinado músculo está ativado e percebe se precisa de fazer uma força diferente ou ter outro posicionamento, o que ajuda à reeducação sensório-motora e, em muitos casos, a ultrapassar a cinesiofobia [medo do movimento que causa dor] – não foi o caso do Hugo, mas é muito comum.”

+vida _ novembro 2019 | 47

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