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“O nosso maior desafio é a luta contra as principais

DISCURSO DIRETO

Retinopatia diabética, degenerescência macular da idade, glaucoma e inflamação ocular são as doenças que mais preocupam os médicos oftalmologistas na atualidade. José Pita Negrão , Coordenador de Oftalmologia no Hospital CUF Descobertas, defende que a subespecialização nesta área é o caminho do futuro.

causas da cegueira”

RAQUEL WISE/4SEE

À medicina e à qualidade de vida que queremos ter. Em Portugal vive-se muito mas com má qualidade. Somos dos países onde a vida do idoso é muito difícil. Referiu também o glaucoma. É uma doença que leva à morte do nervo ótico. Acontece quando não chega alimento suficiente às células nervosas do olho. Pode ocorrer em qualquer idade mas normalmente aparece a partir dos 40 anos. Há diversos tipos de glaucoma mas o glaucoma crónico simples do adulto é, entre eles, a principal causa de cegueira. Quando o tratamento médico não resulta, tem de ser feito um tratamento cirúrgico. No Hospital CUF Descobertas temos uma equipa excecional de glaucoma. De que forma é que a CUF está a responder a estes desafios que se colocam à oftalmologia? Temos um serviço excecional, de elevada competência, caraterísticas éticas marcadas e um nível científico muito elevado. Visamos a subespecialização. Um doente que entre aqui com um problema, quando sai tem de ter a solução do seu problema. Se não tem a solução do problema nesse dia é porque o problema é muito complicado e nós temos de nos debruçar mais e discutir mais. Esta subespecialização é uma mais- -valia para o médico e para o doente. Aqui todos temos de ser bons clínicos gerais. E, depois, cada um de nós tem de ter a sua especialidade.

casos dramáticos como antigamente e a maioria dos que ainda apanhamos vem do exterior, sobretudo dos países africanos de língua portuguesa. Quanto à degenerescência macular da idade, está relacionada com o aumento da esperança média de vida? Sim. Esta é uma patologia para a qual os tratamentos existentes, a nível mundial, ainda estão aquém do que gostaríamos. São muito melhores do que eram há 15 anos, sem dúvida, particularmente no caso da degenerescência macular húmida, mas ainda não são satisfatórios. Nós, médicos, infelizmente pouco podemos intervir. Fazemos os tratamentos e observamos os resultados. Mas é uma doença que tem cura ou os tratamentos existentes apenas retardam a sua evolução? Às vezes estabiliza durante anos. Tenho doentes a quem administrei três injecções há anos e nunca mais tiveram problemas. E tenho uma doente que ainda vê mas a quem já administrei mais de 100 injeções. Se não fossem estas injeções, esta doente estava cega há, pelo menos, 10 anos. Com tudo o que isso implica em termos de qualidade de vida e de custos económicos. A esperança média de vida vai continuar a aumentar. A luta contra a degenerescência macular da idade é um verdadeiro desafio que se coloca à medicina?

Quais são os principais desafios que se colocam, hoje em dia, na área da oftalmologia? O nosso maior desafio atual é a luta contra as principais causas da cegueira, nomeadamente a retinopatia diabética, a degenerescência macular da idade, o glaucoma e a inflamação ocular. No caso da retinopatia diabética, o problema prende-se com o aumento do número de pessoas portadoras de diabetes? Sim, há cada vez mais diabéticos, embora hoje em dia, em Portugal, a cobertura da diabetes em termos oftalmológicos até esteja exponencialmente melhor. A prevenção é mais precoce, assim como a atuação do médico e o início do tratamento. Já não apanhamos

+vida _ novembro 2019 | 27

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