Revista + Vida 24 | A visão em primeiro plano

ANTÓNIO PEDROSA/4SEE

DISCURSO DIRETO

“A tecnologia ajuda-nos a ter cada vez mais precisão”

Quando eu comecei a trabalhar em oftalmologia, há 27 anos, a cirurgia de cataratas dependia muito da destreza do cirurgião. Hoje em dia continua a depender, pois é uma cirurgia muito delicada, mas a tecnologia ajuda-nos cada vez mais a ter essa precisão. Temos hoje aparelhos que, ao fazer a cirurgia, nos indicam qual é a posição em que a lente está, por exemplo. Mas o médico ainda observa diretamente o olho ou fá-lo através de um ecrã? Fala-se agora no 3D em oftalmologia. Ainda olhamos para o olho. Na cirurgia 3D, que se usa normalmente na cirurgia da retina, olha-se através de um ecrã. Esse vai ser o futuro. Mas o 3D é para visualizarmos, não é para fazermos nada. Isso torna mais fácil a cirurgia para o médico e, ao ser mais fácil para o médico, é mais segura para o paciente. É mais fácil porque diminui o risco de erro? Nos anos 90 houve uma revolução na cirurgia de cataratas. Passámos de uma incisão de 12 milímetros para uma incisão de 2,5 milímetros. Com pontos a sem pontos. Anestesia geral a anestesia de gotas. Uma semana de cama a, no dia seguinte, andar a passear na rua. Houve um salto muito grande. Para nós, médicos, as novas tecnologias tornam tudo mais fácil.

fatores: as tecnologias, mas também o ar condicionado, a poluição… A causa é multifatorial. Mas é um problema cada vez maior e, por isso, há cada vez mais tratamento para o olho seco. De que forma a medicina está a responder a estes novos desafios, quer ao nível do diagnóstico, quer do tratamento? Para o seguimento de pessoas com retinopatia diabética ou degenerescência macular da idade, conseguimos ter imagens quase das células da retina. Hoje em dia, o diagnóstico é rápido, fácil, desde que a pessoa vá ao médico e seja tratada atempadamente. Quer num caso quer noutro, temos capacidade de as tratar, não de as curar. Numa catarata, fazemos uma cirurgia e elimina-se o problema. No entanto, quer na retinopatia diabética, quer na degenerescência macular da idade, não estamos a eliminar o problema; estamos a controlar o problema, a sua evolução, a permitir que as pessoas tenham uma visão aceitável durante muitos anos. Antes, cegavam. Hoje em dia, conseguimos protelar os problemas e as pessoas conseguem ter níveis de visão muito aceitáveis. De que forma evoluiu esta área? As incisões são mais pequenas, a tecnologia é cada vez melhor, os aparelhos são cada vez mais rápidos.

Vivemos hoje muito dependentes de aparelhos tecnológicos. De que forma isso está a afetar a nossa saúde ocular? Esse é um dos fatores pelos quais há cada vez mais miopia. A incidência de miopia está a aumentar. Em termos ambientais, isso decorre de dois fatores: de usarmos muito a visão de perto e da exposição à radiação ultravioleta. Quanto menos estamos expostos a radiação ultravioleta, maior a incidência de miopia. Há outros impactos? Há também cada vez mais incidência de olho seco. Isso tem a ver com vários Diagnósticos mais rápidos e fiáveis e procedimentos cirúrgicos mais precisos e menos invasivos permitem diminuir o risco de erro e o tempo de recuperação. Estas são algumas das mais-valias da evolução tecnológica, assinaladas por Fernando Vaz , Coordenador de Oftalmologia no Instituto CUF Porto e no Hospital CUF Porto.

+vida _ novembro 2019 | 29

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