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Após a realização de um exame de raio X e de uma ressonância magnética, não houve dúvidas quanto ao diagnóstico: entorse aguda do joelho. Este tipo de lesão ocorre principalmente em praticantes de atividades desportivas que implicam contacto com o adversário e envolvem acelerações, desacelerações e/ou rotação do joelho, como basquetebol, futebol, hóquei em campo, ténis e padel. Tiago Pratas foi depois observado pelo ortopedista Ricardo Telles de Freitas, do Centro de Ortopedia do Hospital CUF Descobertas, em Lisboa, que já o tinha tratado a uma lesão no tornozelo em 2014. O atleta apresentava uma lesão parcial do ligamento interno e uma rutura do ligamento cruzado anterior e do menisco interno. Felizmente, não havia fratura. Foi decidido proceder a uma intervenção cirúrgica, mas não no imediato. “Na fase aguda há dor e a mobilidade está limitada. Se partirmos logo para a cirurgia, corremos riscos pós-operatórios que podem passar por problemas de rigidez e dificuldade na recuperação”, explica o médico, especialista em traumatologia

desportiva e pelas mãos de quem já passaram vários atletas recreacionais e de elite com este tipo de lesão. Há ainda outra razão para que a cirurgia não se tenha realizado no imediato: a lesão parcial do ligamento interno cicatriza por si só, pelo que é importante respeitar o tempo necessário para que esta se cure. De volta à competição Tiago Pratas foi submetido a uma ligamentoplastia no ligamento cruzado anterior no dia 9 de agosto de 2019. A intervenção – que habitualmente dura entre 45 a 50 minutos – consistiu na colocação de um enxerto dos tendões isquiotibiais (localizados na parte posterior da coxa). Ao mesmo tempo, foi suturado o menisco interno. “Nunca é bom quando o doente tem uma rutura do ligamento cruzado anterior e simultaneamente temos de o privar do menisco, como acontecia há 15 anos. Por isso foi ótimo conseguirmos suturar o menisco”, sublinha Ricardo Telles de Freitas. Tiago Pratas teve alta médica no dia seguinte. “Os meus doentes ficam sempre hospitalizados uma noite. Não só para que controlemos a dor, mas também porque durante algumas horas tem de permanecer com um dreno no joelho”, explica o mesmo especialista. Duas semanas mais tarde, o atleta iniciou um programa de fisioterapia acompanhado pela fisiatra Rita Tomás, médica da Seleção Portuguesa de Futebol Feminino, e pela fisioterapeuta Margarida Sousa, ambas da Unidade de Medicina Física e Reabilitação da Clínica CUF Alvalade. Três meses depois, começou também a frequentar o ginásio. Graças aos cuidados que teve no período pós-operatório, Tiago Pratas pôde retomar os treinos de padel seis meses após a cirurgia. “O joelho do Tiago tem tudo para ficar com um nível de pré-lesão. Todas as estruturas foram preservadas e, felizmente, a cartilagem não tinha sofrido qualquer lesão”, refere Ricardo Telles de Freitas, acrescentando que a taxa de recuperação destas lesões está entre 85 e 90%. O jovem atleta, que chegou ao topo da sua categoria em sub-16 e, no início de 2019, chegou ao terceiro lugar na categoria sub-18, também está muito confiante. “Estive ciente, a partir do momento em que fiz a cirurgia, de que a recuperação seria lenta e não daria para apressar as coisas, senão provavelmente arranjaria outra lesão. Mas o joelho está a responder bem e eu estou muito confiante.”

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ENTORSE DO JOELHO

O que é? Falamos em entorse do joelho quando existe uma rutura dos ligamentos nesta zona da perna. As lesões resultam da flexão ou rotação do joelho quando o pé se encontra apoiado no chão ou preso na perna de outra pessoa. Em alguns casos, pode também ocorrer uma lesão no menisco, a cartilagem que protege os joelhos dos impactos e pancadas. Sintomas No momento da lesão, o doente pode sentir ou ouvir um estalido no joelho. Os sintomas mais imediatos são a dor e a contratura muscular. A zona afetada pode inchar logo a seguir ao trauma e também se podem registar espasmos musculares e dificuldade em dobrar o joelho ou apoiar o corpo sobre a perna magoada. Diagnóstico e tratamento Numa primeira avaliação clínica, são realizados exames radiológicos para despistar uma eventual fratura. Caso esta não exista, o doente deve repousar, colocar gelo no joelho, tomar um anti- inflamatório e utilizar muletas para se deslocar. Também pode ser indicada a realização de fisioterapia. Se a lesão for moderada a grave, será necessário submeter o doente a uma cirurgia. No período de recuperação – que é de cerca de seis meses – é aconselhável fazer fisioterapia e trabalho de ginásio.

+vida _ julho 2020 | 53

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