Revista + Vida 25 | A sua saúde é uma prioridade

terapêutica hormonal de substituição, casos em que a vigilância pode ter de ser feita em intervalos mais curtos. “Em idade fértil, a rotina anual habitualmente é suficiente, mas por vezes há sinais e sintomas que surgem no período entre consultas que têm de ser valorizados”, alerta o médico. Estes sinais podem ser, por exemplo, uma retração ou corrimento anómalo pelo mamilo, o aparecimento de um nódulo, sinais inflamatórios ou uma zona mais densa na mama, uma hemorragia uterina anómala, entre outros. “São sintomas que não devem ser ignorados ou subvalorizados por medo”, alerta Rui Viana. Sinais de inflamação da mama podem indicar “uma mastite que, se for detetada atempadamente, pode ser resolvida com um antibiótico oral mas, se não for tratada em poucos dias, pode progredir para um abcesso da mama, evoluindo para uma situação que requer tratamento cirúrgico.” Para o médico, é muito importante que a mulher faça o autoexame da mama para que conheça melhor o próprio corpo e identifique alterações mais facilmente. Por outro lado, hemorragias fora do período menstrual, durante o ato sexual ou em fase de menopausa, bem como hemorragias excessivas durante a menstruação, são situações que devem ser avaliadas pelo médico, de modo a que se perceba se se trata de um caso de doença – estes sintomas podem estar associados a miomas, pólipos, alterações ao nível do colo do útero ou ao espessamento excessivo do interior do útero – ou apenas uma variação inofensiva ao que é considerado normal, mas têm de ser avaliadas. É igualmente imperativo impedir a progressão de sintomas associados a infeção vaginal, como corrimento vaginal abundante e com cheiro intenso, dor abdominal ou dor durante a relação sexual. “À semelhança do que ocorre na mastite, estes sintomas podem ser bem controlados com medicação oral e tratamento local, mas se não forem tratados podem evoluir para situações mais graves”, explica Rui Viana. Em situações de urgência, como a gravidez ectópica (extrauterina), o diagnóstico precoce tem um caráter ainda mais importante. “Temos assistido a casos em que mulheres com este diagnóstico chegam ao hospital já com rutura da trompa e hemorragia interna, algumas a necessitar de transfusões de sangue e cirurgias de emergência no bloco operatório, porque protelaram a vinda ao hospital e ficaram vários dias em casa à espera”, lamenta o responsável. Já no caso do cancro da mama, deixa o alerta: “Não se pode protelar a ajuda durante semanas depois da deteção de um nódulo mamário. Após o diagnóstico ainda há um percurso a fazer, que leva tempo. Há claramente uma influência no prognóstico se houver atraso no diagnóstico e no início do tratamento.”

Cancro em tempos de confinamento

Patrícia Rodrigues tem 39 anos e está desde fevereiro a tratar um cancro da mama, uma recidiva de um tumor que lhe surgiu em 2017. “Esta recidiva foi detetada num exame de rotina. Não me apercebi deste novo nódulo porque apareceu do lado onde tinha feito a mastectomia. Nunca pensei que pudesse surgir um novo nódulo exatamente aí”, recorda. O tumor foi detetado a 26 de fevereiro e as semanas seguintes foram passadas em exames para determinar se se tratava de uma recidiva ou um novo carcinoma. Quase em simultâneo, surgiam os primeiros casos de COVID-19 em Portugal. Não obstante, Patrícia nunca duvidou das suas prioridades. “Quis agilizar todo o processo. O meu marido também sempre me apoiou. Sabemos que, com a minha idade, a taxa de proliferação do tumor era bastante elevada, pelo que nem se pôs a hipótese de aguardar que esta onda do novo coronavírus passasse. Era algo que tinha de ser feito o quanto antes”, afirma

"Não desistam de procurar ajuda porque o fator tempo, em muitas doenças, é a palavra-chave."

Patrícia Rodrigues Paciente CUF

RAQUEL WISE/4SEE

+vida _ julho 2020 | 25

Powered by