Revista + Vida 26 | Doenças do Futuro

Como é tratado? Tratamento não cirúrgico Este tipo de tratamento é válido para doentes mais jovens e com deformidades moderadas e geralmente só deve ser iniciado após os 8-10 anos . Consiste na aplicação de uma ventosa de sucção sobre o centro da depressão, cerca de três a quatro horas por dia, durante o período da tarde, quando a criança chega da escola, e estende-se até à noite, durante um determinado período. “É um dispositivo de fácil aplicação e tem, geralmente, boa aceitação”, afirma Cristina Borges. “Um tratamento não cirúrgico precoce pode evitar a necessidade de uma cirurgia mais tarde ou ser uma boa opção como tratamento adjuvante antes da cirurgia.” Tratamento cirúrgico O médico recomenda que a cirurgia para correção da deformidade seja feita, por norma, quando os doentes tenham entre 15 e 17 anos e já não seja expectável que cresçam muito mais. “Os jovens começam a estabilizar o crescimento por volta dessa idade, pelo que esse é o momento de eleição para um tratamento cirúrgico mais fácil e com excelentes resultados, devendo ser feito pelo cirurgião pediátrico”, explica Cristina Borges. “A partir dessa idade, a parede torácica começa a perder elasticidade e a tornar-se mais rígida, sendo mais difícil de corrigir cirurgicamente. Não obstante, a deformidade pode ser corrigida na idade adulta, quando for necessário.” A Cirurgia Torácica trata dos adultos que negligenciaram a deformidade na adolescência por desconhecimento, por má orientação clínica ou por adiamento de uma decisão de correção cirúrgica. Assim, a correção da parede torácica pode ser feita pelo cirurgião pediátrico, pelo cirurgião torácico ou por ambos, dependendo da idade da proposta operatória. Francisco Félix não tem dúvidas: “Não existe um tratamento efetivo para corrigir um pectus excavatum severo fora do âmbito do tratamento cirúrgico.” Durante muitos anos, a correção cirúrgica foi feita tendo por base a chamada técnica de Ravitch, mas em 1987 o americano Donald Nuss desenvolveu um novo método, que apresenta vantagens claras sobre o anterior. Deve esperar que a criança cresça antes de ir ao médico? Não. Uma criança com pectus excavatum deve ser diagnosticada e referenciada precocemente, após os 6 anos de idade, em particular se sofrer de obstrução nasal ou dificuldades respiratórias associadas a asma, bronquite asmatiforme ou infeções respiratórias de repetição. A maior elasticidade das cartilagens das costelas na infância poderá gradualmente tornar a deformidade mais acentuada. “Uma deformidade deste tipo pode ser discreta na criança pequena mas é expectável que se possa agravar na mudança de idade, pelo que deve ser vigiada e, se indicado, pode ser proposto um tratamento não cirúrgico”, afirma Cristina Borges. “Se for avaliada muito tardiamente ou tiver um pectus excavatum muito afundado ou assimétrico, poderá estar indicada uma proposta de tratamento cirúrgico.” Francisco Félix explica que o diagnóstico é tipicamente feito através de uma simples inspeção durante a primeira infância ou logo após o nascimento. “Não são necessários exames, nomeadamente de imagem, para corroborar o diagnóstico. Estes apenas poderão ser necessários mais tarde, quando for equacionado o tratamento ou o seu planeamento.”

CRISTINA BORGES Coordenadora de Cirurgia Pediátrica no Hospital CUF Descobertas

FRANCISCO FÉLIX Coordenador de Cirurgia Torácica no Hospital CUF Descobertas

NOVA UNIDADE DE CUIDADOS INTERMÉDIOS PEDIÁTRICOS O Hospital CUF Descobertas acaba de inaugurar uma nova Unidade de Cuidados Intermédios Pediátricos, o que representa um importante reforço na capacidade de resposta do Centro da Criança e do Adolescente, no que respeita a oferta, consistência e segurança. A nova Unidade tem uma capacidade instalada de quatro camas (uma delas de isolamento de contacto) e conta com uma equipa médica e de enfermagem dedicada e todos os meios técnicos necessários. Possibilitará, entre outros, o acompanhamento clínico da recuperação pós-operatória de crianças e jovens operados ao pectus excavatum e a outras doenças complexas. “A Unidade de Cuidados Intermédios Pediátricos vem permitir uma monitorização individualizada com maior rigor, quer em doentes no pós-operatório imediato, quer em situações não previstas de instabilidade clínica”, explica Cristina Borges. “As cirurgias mais complexas, como as grandes cirurgias abdominais ou torácicas, podem ser realizadas com maior segurança e o controlo da dor pós-operatória pode ser feito com maior acuidade, em colaboração entre a equipa pediátrica e a equipa de anestesia.”

Excelentes resultados imediatos e a longo prazo Cicatrizes ínfimas por comparação com o método de Ravitch

Menos invasivo e esteticamente apelativo Procedimento seguro e menos moroso

“Com a revelação da técnica de Nuss, foi apresentado um método engenhoso e mais apelativo de correção eficaz, que rapidamente ganhou aceitação plena na comunidade de cirurgiões envolvidos nesta temática”, diz Francisco Félix. “Nuss desenvolveu um método de corrigir a deformidade através da introdução subesternal de uma barra moldada transversal, apoiada em ambos os lados da grelha costal, que eleva o esterno e, assim, remodela e corrige o defeito da parede torácica anterior. Permanecendo a barra por um período de dois ou três anos, consegue-se uma moldagem definitiva da estrutura óssea e cartilagínea implicadas.” Cristina Borges concorda que esta é a cirurgia de eleição, acrescentando que “é uma correção por técnica minimamente invasiva com pequenos cortes na parede lateral do tórax e assistida por uma câmara de vídeo introduzida dentro do tórax, de modo a visualizar por dentro, com segurança, todo o procedimento e o resultado da correção”.

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