Revista + Vida 26 | Doenças do Futuro

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DOENÇAS DO FUTURO

Poderá 2020 repetir-se? Infeciologia

Depois de décadas de aparente acalmia, o ano de 2020 ficará para a História como o ano da pandemia da COVID-19. Uma realidade que virou o mundo do avesso e o leva a olhar com uma atenção especial para a área da Infeciologia. J oão João Mendes, Médico Internista e Intensivista no Hospital CUF Tejo, acredita que, de certo modo, vivemos em 2020 um regresso ao passado. “Algures na década de 1940, a penicilina entrou em circulação e a comunidade médica acreditou que o capítulo das doenças infeciosas estava encerrado. Na realidade, isso não aconteceu. E hoje estamos com os mesmos problemas, essencialmente devido ao aparecimento de bactérias com perfil de multirresistência e, como vimos agora no contexto do SARS-CoV-2, de microrganismos emergentes. As doenças infeciosas ainda estão vivas. E bem vivas.” Para o internista, situações como a que vivemos atualmente podem repetir-se no futuro. “Tivemos a pneumónica de 1918-1919 e, mais recentemente, a pandemia do H1N1 em 2009. Veremos estas situações repetidas, não sabemos é quando e sob que forma. Por exemplo, não sabemos se será um coronavírus, um vírus influenza, se será uma bactéria ou outro tipo de microrganismo”, explica João João Mendes. O médico acredita, contudo, que não é obrigatório que as sociedades venham a ser afetadas de igual modo. “Não tenho dúvidas de que vamos superar a atual situação, mas já percebemos que este problema não é exclusivo dos médicos e profissionais da saúde, mas antes da sociedade como um todo”, acrescenta. Os comportamentos preventivos são eficazes. João João Mendes dá como exemplo a realidade vivida na Austrália e na Nova Zelândia, onde as medidas de prevenção contra a COVID-19 fizeram praticamente desaparecer a gripe sazonal este ano.

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