Conhecer o cérebro humano Devido ao crescimento da população idosa, as demências e as doenças cerebrovasculares são atualmente consideradas uma área de futuro na Medicina. Afinal, como afirma Miguel Viana Baptista, Cocoordenador da Unidade Neurovascular do Centro de Neurociências do Hospital CUF Tejo, “é mais ou menos incontornável que, à medida que a idade vai avançando, a neurodegeneração seja cada vez maior”. Lembrando que a idade é um fator de risco também para as doenças vasculares, o médico indica que o Hospital CUF Tejo poderá desempenhar um papel de relevo na rede CUF, enquanto centro diferenciado, para que haja cada vez mais profissionais capazes de pesar os diferentes fatores que contribuem para o risco vascular no sentido de proporcionar a melhor prevenção, seja ela primária ou secundária. Caminhamos, por isso, para uma medicina de precisão, na qual os problemas que o doente apresenta são individualizados e é delineada uma estratégia. “Um centro com grande diferenciação deve ser capaz de identificar de forma personalizada os problemas que existem num indivíduo e otimizar a medicação da hipertensão e diabetes e o tratamento agudo dos acidentes vasculares cerebrais”, refere. Uma das tecnologias disponíveis no Hospital CUF Tejo é o Icobrain, que quantifica o sofrimento vascular cerebral. “Esta tecnologia é capaz de quantificar determinadas lesões, algo muito importante para as doenças degenerativas, nomeadamente para a demência, já que me permite determinar o volume cerebral, quantificar as zonas mais importantes para a memória e fazer um seguimento destes doentes”, explica o neurologista. Adicionalmente, ao permitir, por exemplo, a determinação do volume do hipocampo – um preditor da demência nos doentes com queixas de memória –, possibilita um acompanhamento mais precoce. Por fim, o Icobrain é igualmente de grande utilidade para o acompanhamento da leucoencefalopatia vascular – lesões provocadas por pequenos acidentes vasculares, que se manifestam com o aumento de substância branca no cérebro. “Conseguimos, desta forma, perceber o compromisso vascular que um doente apresenta e segui-lo ao longo do tempo para sabermos se as alterações estão a aumentar”, refere Miguel Viana Baptista. “Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais depressa conseguimos introduzir terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas que permitam atrasar a progressão da doença.” Também a esclerose múltipla, a principal causa de incapacidade nos adultos jovens, vem beneficiar com esta tecnologia, já que o Icobrain consegue quantificar a carga lesional associada à patologia. Importa, por isso, continuar o caminho da inovação de modo a acentuar a prevenção das principais doenças do futuro.
Miguel Viana Baptista • Cocoordenador da Unidade Neurovascular do Centro de Neurociências do Hospital CUF Tejo
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