Revista + Vida 26 | Doenças do Futuro

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DOENÇAS DO FUTURO

sofisticadas que permitem uma maior segurança, temos a capacidade de verificar se determinadas funções estão a ser afetadas.” A microscopia, a endoscopia e a localização através de neuronavegação têm-se assumido, nas palavras do neurocirurgião, “técnicas fundamentais” em Neurocirurgia. “Mais recentemente, passámos a ter capacidade para juntar todos estes elementos e integrá-los naquilo a que chamamos uma sala operatória inteligente, na qual toda essa informação é interligada e reverberante”, diz Manuel Cunha e Sá. “Muita dessa informação é conseguida ainda antes da cirurgia, através de ressonâncias sofisticadas – as chamadas ressonâncias funcionais – que precisam a informação sobre as zonas que queremos poupar. Durante a cirurgia, temos a capacidade de localizar milimetricamente essas áreas e de as testar eletricamente, o que permite uma maior agressividade em relação à dissecção do tumor.” O neurocirurgião destaca ainda a integração de tecnologias avançadas, incorporando raio X nas salas híbridas. “Com estas salas, conseguimos ter uma atualização permanente da informação e da anatomia. Conseguimos igualmente ter uma realidade que é atualizada a par e passo durante o ato cirúrgico para a colocação de implantes e parafusos ou para a excisão de áreas importantes.” "À medida que a idade vai avançando, a neurodegeneração é cada vez maior."

“Nas doenças oncológicas, a par da caracterização dos tumores do ponto de vista morfológico, e também com as técnicas de genética molecular, destaco a evolução na forma de adaptar e utilizar o timing das cirurgias, a importância da radicalidade da excisão dos tumores e a complementação do tratamento cirúrgico com a radioterapia e a quimioterapia.” Também as doenças neurovasculares e as doenças relacionadas com alterações funcionais podem beneficiar com os avanços no tratamento cirúrgico. “Há um sem-número de portas que se têm vindo a abrir para o domínio cirúrgico. Por exemplo, muitas das manifestações da epilepsia têm hoje um complemento cirúrgico no tratamento que é fundamental para travar a evolução da doença. E até no caso da doença de Parkinson, muitos doentes podem ter uma ajuda eficaz com a cirurgia, através da implantação de sistemas de modulação e estimulação que melhoram tremendamente o padrão de alteração de movimento, uma técnica que também está a ser aplicada em alguns quadros de depressão.” O conhecimento mais aprofundado da função cerebral é outro aspeto que Manuel Cunha e Sá destaca como decisivo para a evolução desta área. “Durante a cirurgia, mantendo o doente acordado e com o recurso de técnicas neurofisiológicas

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