Revista + Vida 31 | Saúde no masculino

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SAÚDE NO MASCULINO

Soluções para a obesidade

Considerada uma das causas de diferentes tipos de cancro e com efeitos ao nível da saúde física e mental, a obesidade atinge valores cada vez mais preocupantes. Segundo os dados do Relatório da Obesidade da Região Europeia, publicado pela Organização Mundial de Saúde, em Portugal a obesidade e o excesso de peso afetam 57,5% da população, com especial incid ncia junto dos homens, que somam 63,1% dos casos. Além disso, como explica Morais e Castro, Cirurgião Geral e Coordenador da Unidade de Obesidade no Hospital CUF Viseu, a distribuição da morfologia do tecido adiposo também prejudica o sexo masculino. “No homem é mais central do que na mulher, o que faz com que haja um aumento do perímetro abdominal, que é um grande fator de risco para doenças cardiovasculares. Mesmo com um índice de massa corporal (IMC) id ntico, os homens t m uma maior propensão

para doenças cardiovasculares do que as mulheres, devido à localização da gordura”, explica o médico, alertando ainda para a maior probabilidade de morte súbita em doentes obesos. Confrontados com uma grande variedade de problemas – da autoestima à saúde física, passando pela mobilidade condicionada –, os doentes com excesso de peso e obesidade tendem a ter dificuldade em lidar com a doença, mas com acompanhamento médico é possível encontrar soluções. “Entre as diferentes formas de tratamento da obesidade, o tratamento cirúrgico é aquele que oferece uma perda de peso mais acentuada e mais mantida”, refere Morais e Castro. As vantagens associadas à cirurgia bariátrica são, num primeiro momento, a recuperação da qualidade de vida e a diminuição acentuada das diferentes doenças relacionadas com a obesidade. No entanto, o especialista realça que a cirurgia não representa uma “cura”. “Não existe cura para a obesidade, que é uma doença crónica. O que conseguimos, e de um modo muito eficaz, é controlá-la”, explica Morais e Castro, para quem é importante que o doente esteja devidamente informado do que é esperado dele a seguir à cirurgia. “Tem de manter um regime alimentar saudável, praticar exercício físico e, durante tr s anos, tem de continuar a vir às consultas para podermos avaliar a sua evolução”, explica. Ao fim deste tempo, se houver uma evolução favorável, o acompanhamento poderá ser mais espaçado no tempo, contudo, a pessoa terá de manter hábitos saudáveis o resto da vida. Ciente de que todo o processo exige compromissos nem sempre fáceis de manter, a CUF apostou numa abordagem multidisciplinar que contempla a Cirurgia Geral, a Medicina Interna, a Nutrição e a Psicologia. “Depois, ajustando às necessidades de cada pessoa, podem ser envolvidas outras especialidades, como Endocrinologia, Gastrenterologia, Pneumologia, Anestesiologia, e, numa fase posterior, até Cirurgia Plástica.” Com o alargamento, no ano passado, dos critérios cirúrgicos internacionais, nomeadamente no que toca aos limites de idade, atualmente a cirurgia pode ser uma solução para mais pessoas. E há casos específicos em que a cirurgia é particularmente recomendada, como nos doentes diabéticos ou hipertensos. “No caso de doentes obesos com diabetes tipo 2 chega a haver uma remissão de doença ou, pelo menos, um controlo muito mais fácil. O mesmo se passa com os hipertensos e os que t m alterações do metabolismo”, refere o médico. As cirurgias mais comuns – e as mais praticadas no Hospital CUF Viseu – são o sleeve gástrico, uma técnica restritiva em que há uma redução do estômago, e o bypass gástrico, uma técnica restritiva e metabólica em que é feita a ligação direta ao intestino

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