Revista + Vida 31 | Saúde no masculino

Sofia Pinto Luz • Coordenadora de Imunoalergologia no Hospital CUF Cascais e na Clínica CUF São Domingos de Rana e Imunoalergologista no Hospital CUF Tejo

O primeiro episódio grave ocorreu aos tr s meses de vida, quando João Alves, atualmente com 28 anos, iniciou o consumo de farinhas lácteas. “O meu corpo ficou empolado, vermelho, cheio de manchas e tinha diarreias. Foi uma reação alérgica muito intensa, ao ponto de me dar entrada no serviço de urg ncia hospitalar”, recorda o business controller , natural do Porto. Atendendo aos sintomas, a alergia às proteínas do leite de vaca foi de imediato uma hipótese avançada pelos médicos. “Os meus pais não conseguiam dar-me uma única refeição que contivesse leite de vaca. Vomitava logo. Chegaram a testar diferentes farinhas lácteas, para perceber se a alergia seria a alguma marca específica, mas eu reagia mal a todas.” Os exames que realizou confirmaram as suspeitas. A alergia obrigou João a tornar-se uma criança mais responsável, mas também temerosa em relação às suas opções alimentares. “Tive sempre muito receio em expor-me ao risco, mesmo que por vestígios”, explica. “Se um bife fosse frito em manteiga e não em azeite, já era o suficiente para me provocar uma reação.” Sofia Pinto Luz, Coordenadora de Imunoalergologia no Hospital CUF Cascais e na Clínica CUF São Domingos de Rana e Imunoalergologista no Hospital CUF Tejo, confirma que as crianças com alergias alimentares tendem a tornar-se especialmente responsáveis: “São crianças que apanham alguns sustos e que, para os evitar no futuro, passam a ser muitíssimo rigorosas e altamente respeitadoras.” De facto, embora nunca se tenha privado de

festas de aniversário, jantares em restaurantes ou férias fora do país, João mantinha-se sempre alerta. “Quem não passa por isto, não sabe como nos provoca constrangimento na vida. Tenho a noção de que não fazia as coisas com o mesmo à-vontade e liberdade de espírito que as pessoas à minha volta”, afirma. Não era apenas uma questão de se manter atento ao que consumia. Devido à alergia, também tinha de levar sempre consigo medicação e uma caneta de adrenalina, para o caso de sofrer um choque anafilático. “T -la comigo era uma questão de segurança.”

SABIA QUE...

A alergia às proteínas do leite de vaca é a alergia alimentar mais comum entre as crianças, manifestando-se tipicamente no primeiro ano de vida, aquando da introdução do leite artificial na alimentação. “O leite e o ovo encabeçam as alergias alimentares mais frequentes nas crianças e os frutos secos e os mariscos são as mais frequentes nos adultos”, explica Sofia Pinto Luz.

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ANTÓNIO AZEVEDO (4SEE)

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