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VERDADES E MITOS

Dor crónica Esclareça as suas dúvidas sobre dor crónica, uma condição com um elevado impacto negativo no bem-estar físico, social e emocional.

TERESA LAPA Anestesiologista e Especialista em Medicina da Dor no Hospital CUF Coimbra

Qualquer dor aguda tem o potencial para se tornar crónica

As dores crónicas são todas iguais

Mito

Verdade

Existem dois tipos de dor crónica: primária, quando não se compreende a causa, e secundária, quando está relacionada com uma doença específica. No primeiro caso encontramos, entre outras, a dor crónica primária generalizada (ex.: fibromialgia), musculosquelética (ex.: lombalgia inespecífica) ou visceral (ex.: síndrome do cólon irritável); no segundo, temos, por exemplo, a dor crónica pós-cirúrgica, neuropática, relacionada com cancro ou a dor secundária musculosquelética (uma das mais frequentes).

As dores agudas podem tornar-se crónicas quando não são tratadas de forma adequada ou, mesmo que o sejam, em doentes com uma maior predisposição para as desenvolver – devido a fatores genéticos, metabólicos, imunológicos ou emocionais. Isto significa que, em doentes diferentes, a mesma dor, sujeita ao mesmo tratamento, pode evoluir de forma completamente distinta, dependendo da forma como o sistema nervoso a processa. Não há diferenças entre dor aguda e dor crónica

As mulheres tendem a desenvolver mais dor crónica do que os homens

Não existe forma de quantificar a dor crónica

É impossível curar a dor crónica

Mito

Mito

Mito

Verdade

A dor aguda é geralmente um sintoma; a dor crónica, por sua vez, pode ser considerada uma doença em si mesma, estando tipicamente associada a alterações no nosso sistema de deteção e processamento da dor. Também o tratamento de ambas as dores é diferente: a dor aguda é facilmente tratada com analgésicos e com o desaparecimento da causa subjacente; já a dor crónica é mais difícil de tratar e pode originar depressão, ansiedade ou problemas de sono.

A cura não é linear, mas é possível. Os doentes com situações de difícil controlo devem, por isso, procurar um médico especializado em Medicina da Dor que os possa ajudar a adequar as expectativas, gerir a terapêutica e propor mudanças de estilo de vida. O tratamento pode, além disso, envolver diferentes grupos de fármacos, fisioterapia ou intervenções psicológicas e sociais, exigindo, em casos mais graves, técnicas invasivas como infiltrações, radiofrequência ou cirurgia para o controlo da dor.

Embora cada pessoa sinta a dor de uma forma particular, a sua intensidade pode ser quantificada através de escalas de avaliação da dor – exs.: Escala Visual Analógica (EVA), Escala Numérica (EM) e Escala de Faces, entre outras.

A dor crónica ocorre devido a uma complexa interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. O género feminino é um dos principais fatores de risco para o seu desenvolvimento, contudo existem outros: idade, excesso de peso ou obesidade, diabetes, sedentarismo, ansiedade, tendência para o pessimismo (catastrofização), transtornos depressivos, entre outros.

Existem até escalas adaptadas a bebés ou pessoas incapazes de comunicar.

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