Revista + Vida 29 | Saúde Mental

PARCEIRO OFICIAL

“Não imaginei que o problema fosse tão grave”

E ra suposto ter sido apenas mais um treino de preparação para o Campeonato da Europa de Dressage, onde Adriana Chaves ia competir pela primeira vez no escalão júnior. No entanto, nesse dia de julho de 2020, o cavalo Zéfiro recusou seguir as indicações. “Por vezes, há desentendimentos entre o cavalo e o dono”, diz a jovem, atualmente com 18 anos. A teimosia do animal acabou por fazer com que ambos caíssem. Zéfiro saiu ileso, mas a cavaleira não. “Ele caiu sobre mim e, na altura, a minha reação foi levantar-me de imediato”, recorda. “A perna doía-me muito e não sentia força nela, mas não imaginei que o problema fosse tão grave.” A cavaleira já tinha sofrido outras quedas, mas nunca as consequências tinham sido tão complicadas. Um braço partido fora, até então, a sua lesão mais preocupante. Adriana Chaves foi transportada até ao hospital, onde realizou um raio X. “Disseram-me que não tinha nada partido e encaminharam-me para a Ortopedia.” Contudo, como as dores não acalmavam, marcou uma ressonância magnética para o dia seguinte na CUF. O exame revelou uma rutura do ligamento cruzado anterior no joelho direito, pelo que Ricardo Antunes, Ortopedista no Hospital CUF Sintra, decidiu indicar o tratamento cirúrgico. A rutura do ligamento cruzado anterior é uma das lesões mais comuns em praticantes de desportos que impliquem desacelerações, mudanças rápidas de direção, contacto com bola ou quedas no solo na sequência de saltos. O futebol, o andebol e o basquetebol são as modalidades em que é mais prevalente, mas também pode ocorrer noutras. “Esta incidência relativamente à lesão traumática pode acontecer em qualquer tipo de modalidade”, explica Daniel Pinha Cardoso, Fisiatra no Hospital CUF Sintra. “Não é típico que montar a cavalo, por si só, condicione este tipo de lesões.” O médico esclarece ainda que, devido à biomecânica e à anatomia pélvica, as mulheres têm maior predisposição para sofrerem este tipo de lesão do que os homens. “Por causa do canal do parto, a bacia é mais larga, o que condiciona uma maior inclinação interna do osso do fémur. Por sua vez, isso aumenta o ângulo interno do joelho, o que constitui um fator que predispõe para a entorse do joelho, nomeadamente após o salto, na receção ao solo ou nas mudanças de direção, quando é necessário fazer inversão de direção.”

Adriana Chaves, jovem cavaleira portuguesa, sofreu uma rutura completa do ligamento cruzado anterior do joelho direito na sequência de uma queda do seu cavalo. Foi submetida a uma intervenção cirúrgica, cumpriu um plano de fisioterapia e, seis meses depois, estava de volta aos treinos.

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