Revista + Vida 29 | Saúde Mental

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INFANTIL Quando aprender é uma prova de superação Muitas crianças sentem dificuldades de aprendizagem ao longo

do percurso escolar. Compreenda as causas, os sinais de alerta e o papel que os pais e professores devem assumir neste processo. P ara Sofia Quintas, Neurologista Pediátrica no Centro de

desde perturbações de ansiedade e síndromes depressivos até situações específicas da personalidade da criança, como o facto de ser muito insegura ou demasiado perfecionista, o que faz com que bloqueie com medo de errar.” A especialista acrescenta que, quando falamos em fatores socioculturais, falamos, por exemplo, de “quando a criança está inserida numa família cujo ambiente não é propício para a aprendizagem ou cujas condições de vida não são favoráveis”. Agir com passividade ou ignorar este tipo de manifestações pode ter um impacto profundo na vida presente e futura da criança, garante a Neurologista Pediátrica. “Se a criança não receber ajuda orientada para ultrapassar a sua dificuldade, o processo habitual é sentir cada vez menos autoestima, menos confiança e evitar as tarefas. É um círculo vicioso e isso terá, obviamente, impacto na restante escolaridade.” Na CUF, o acompanhamento começa por ser feito através de uma análise aprofundada da evolução do desenvolvimento da criança. “Procuramos perceber se a criança tem um desenvolvimento psicomotor normal, quando surgiram as dificuldades e quais as suas características”, explica Sofia Quintas. “Tentamos obter informação junto da escola, perceber se a criança está integrada ao nível social e qual é o seu contexto sociofamiliar. Depois, fazemos uma avaliação ao nível da leitura, da escrita, da interpretação de textos e problemas, entre outras.” A amplitude deste desafio exige uma abordagem multidisciplinar que, no caso concreto do Centro de Neurodesenvolvimento do Hospital CUF Santarém, envolve a integração de várias especialidades clínicas, sendo as mais comuns a Pediatria do Desenvolvimento e a Pedopsiquiatria, muitas vezes complementadas por Psicologia, Psicomotricidade, Terapia da Fala e não só.

Neurodesenvolvimento do Hospital CUF Santarém, não existem dúvidas: “A tendência natural da criança é querer aprender.” Por isso, é preciso estar especialmente atento às ocasiões em que isso não acontece, de modo a agir de forma atempada. “Em regra, se as crianças começam a recusar aprender ou a não manifestar interesse, é porque estão a ter dificuldades e precisam de ajuda”, explica a médica. E existem várias dificuldades que as crianças podem sentir. “Por um lado, existem perturbações do neurodesenvolvimento que são patologias de causa genética, como hiperatividade e défice de atenção, dislexia, disortografia, discalculia ou perturbação do desenvolvimento intelectual”, elenca Sofia Quintas. Por sua vez, os problemas de aprendizagem também podem emergir devido a fatores emocionais, sociais ou socioculturais que envolvem a criança – a prevalência das dificuldades de aprendizagem é de 5 a 20% na população pediátrica. “Podemos observar

Sabe a diferença?

Dislexia Dificuldade na leitura de palavras

Disortografia Dificuldade na expressão escrita

Discalculia Dificuldade no cálculo e na compreensão de conceitos matemáticos

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