Revista + Vida 29 | Saúde Mental

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SAÚDE MENTAL

Beatriz Ruivo Lourenço • Psiquiatra na Clínica CUF Almada

admita que isto pode não ser possível em todos os casos. Outra questão que é importante esclarecer, ainda a propósito de esquizofrenia e perturbação bipolar, é que o facto de ambas as doenças estarem associadas a uma vulnerabilidade genética não torna o seu aparecimento inevitável. “É preciso que existam determinados fatores ambientais e sociais que desencadeiem estas doenças. Por exemplo, em casos de gémeos homozigóticos [idênticos], se um tiver esquizofrenia, o outro tem 50% de risco de vir a desenvolver a doença. O risco não é de 100%”, explica a médica. Ainda assim, a existência de uma doença psiquiátrica grave entre familiares diretos deve implicar uma atenção redobrada à saúde mental. “É muito importante manter hábitos de vida saudáveis e procurar ajuda atempadamente, já que é algo que pode alterar o prognóstico da doença.” Ao longo dos últimos dois anos, a pandemia teve um impacto direto na saúde mental. “Em particular, os períodos de confinamento aumentaram o sofrimento psicológico e algumas queixas psicológicas como ansiedade, insónia, depressões”, lamenta Beatriz Ruivo Lourenço. “Neste momento, temos doentes muito graves a necessitarem de cuidados mais exigentes e ainda mais especializados.”

frequentemente alucinações auditivo-verbais que, regra geral, são ameaçadoras ou envolvem comentários pejorativos. Tanto a perturbação bipolar como a esquizofrenia são tipicamente diagnosticadas em adultos jovens, com a esquizofrenia a revelar-se até perto dos 25 anos e a perturbação bipolar entre os 25 e os 35 anos. Apesar de serem doenças crónicas, os tratamentos existentes permitem a muitos doentes manter a qualidade de vida. “Para a perturbação bipolar, existe o tratamento farmacológico com estabilizadores de humor e antipsicóticos. Contudo, é importante enriquecer o projeto terapêutico com outras ferramentas, como a psicoeducação para perturbação bipolar, que trabalha a crítica sobre a doença: a pessoa passa a conhecer a sua doença e percebe quais os sinais de alerta que devem motivar a procura de ajuda o mais cedo possível”, explica a médica, justificando-se com estudos que mostram o impacto desta abordagem na progressão da doença, com internamentos menos frequentes e mais curtos. No caso da esquizofrenia, o tratamento de primeira linha também é feito com antipsicóticos. “Com os recursos terapêuticos que existem neste momento, é possível ter-se a doença e continuar a contribuir para a sociedade”, garante a Psiquiatra, embora

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RICARDO LOPES (4SEE)

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