Revista + Vida 29 | Saúde Mental

Inês Rocha tem uma deficiência motora que a leva a utilizar duas próteses nos membros inferiores. Em 2018, concluiu a licenciatura em Enfermagem, mas, para seu desalento, tardou a encontrar emprego na sua área. “Infelizmente, em Portugal, a taxa de desemprego das pessoas com deficiência motora “Todos os dias tento ser melhor” INÊS ROCHA

é significativamente superior à média nacional”, explica, antes de confessar que chegou a sentir relutância, por parte dos recrutadores, quando mencionava a sua deficiência nas entrevistas de emprego. “As pessoas com deficiência motora não são

“As pessoas com deficiência motora não são espécies raras. Como todas as outras, querem trabalhar e ser úteis à sociedade.”

espécies raras. Como todas as outras, querem trabalhar e ser úteis à sociedade. Eu só não tenho duas pernas, não vejo qualquer problema nisso.” Depois de mais de um ano a procurar uma oportunidade na sua área, seguiu o conselho de uma amiga e inscreveu-se na Associação Salvador, uma instituição particular de solidariedade social que facilita a ligação entre profissionais com deficiência motora e empresas. “Foi assim que fui a um encontro de recrutamento e, depois de várias entrevistas, tive o meu primeiro contacto com a CUF.” Hoje, trabalha como Enfermeira no Serviço de Pediatria do Hospital CUF Porto. “Desempenho funções em duas áreas: consulta e internamento. São áreas completamente diferentes, mas igualmente desafiadoras”, explica esta profissional de 28 anos, que, nas suas palavras, tem sempre encontrado estratégias para contornar as limitações de mobilidade no exercício das suas funções: “Comecei por ver como os meus colegas faziam e depois tentava adotar a posição física que eles adotavam. Tenho sempre de ter em conta que não posso fazer demasiados esforços, nem adotar posturas consideradas fáceis para qualquer pessoa, como estar de pé durante muito tempo ou colocar-me de cócoras.” Não obstante, os rostos satisfeitos das famílias, quando as crianças que acompanha recebem alta, são motivação mais do que suficiente para se continuar a adaptar. E a aprender. “Todos os dias são dias de aprendizagem e, por isso, só tenho a agradecer a compreensão de todos os profissionais que se cruzaram comigo. Todos os dias tento ser melhor. Felizmente, tenho ao meu lado uma equipa que me recebeu de braços abertos, que nunca me recusou ajuda e que me orientou desde o primeiro dia.”

+vida | 19

MIGUEL PROENÇA (4SEE)

Powered by