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DOENÇAS DO FUTURO
A revolução endovascular Com as doenças vasculares a serem responsáveis por 80% de todas as mortes em idade avançada em Portugal, a Cirurgia Vascular é uma das especialidades em maior destaque quando estão em causa o tratamento e acompanhamento das doenças do futuro. João Castro, Cocoordenador de Cirurgia Vascular do Centro do Coração e Vasos do Hospital CUF Tejo, defende que a adoção precoce de um estilo de vida saudável é fundamental neste campo e não tem dúvidas em referir que a evolução das doenças vasculares depende – e muito – do controlo dos fatores de risco. “A maioria dos doentes que tratamos com patologia aterosclerótica obstrutiva e isquemia dos membros inferiores é diabética ou são fumadores. Como infelizmente estes fatores de risco não têm sido controlados, penso que a tendência para haver doenças relevantes do ponto de vista cardiovascular se manterá no futuro e será uma causa importante de morbimortalidade.” Na década de 1990, com a chamada “revolução endovascular”, a Cirurgia Vascular teve uma evolução com um grande impacto clínico. “A possibilidade de realizar procedimentos de revascularização na isquemia dos membros inferiores e tratamento de patologias como os aneurismas da aorta de forma menos invasiva, usando endopróteses, balões de angioplastia, stents e outros materiais desenvolvidos com técnicas de bioengenharia, permite tratar patologias que antigamente só podiam ser tratadas com cirurgia aberta convencional”, lembra João Castro. Resultaram desta evolução procedimentos menos invasivos, com menor tempo de internamento, menor morbilidade A alteração no perfil-tipo dos doentes tem sido, contudo, acompanhada por uma evolução paralela das técnicas de diagnóstico, nomeadamente da TAC cardíaca e da ressonância magnética, bem como pela melhor adequação das técnicas cirúrgicas a esse novo perfil etário. Segundo José Fragata, “a Cardiologia de Intervenção, que hoje é capaz de tratar doenças coronárias, de substituir válvulas e de reparar alguns defeitos congénitos, foi mais uma das grandes ‘aquisições’ deste século”. Consequência direta de todas estas inovações: o facto de os resultados no tratamento cardiovascular terem melhorado na sua previsibilidade e qualidade. Por exemplo, apesar da maior gravidade dos doentes, a letalidade associada à cirurgia cardíaca é hoje inferior a 2%, logo, com uma taxa de sobrevida imediata na ordem dos 98% e internamentos de menos de uma semana. José Fragata prevê que, no futuro, uma parte significativa das cirurgias cardíacas passe a ser feita por acessos mínimos e talvez mesmo através de cateteres. “Teremos de ensinar uma nova geração de cirurgiões cardíacos que já não irão operar do modo clássico, passando a praticar procedimentos híbridos ou puramente baseados em cateter”, diz o cirurgião, alertando que a menor invasibilidade é particularmente importante no tratamento de doentes mais idosos e mais frágeis. “No entanto, a cirurgia complexa da aorta torácica, a cirurgia das arritmias recorrentes e a cirurgia da insuficiência cardíaca, como por exemplo a transplantação e a colocação de corações artificiais, terão sempre de ser realizadas por via cirúrgica tradicional, dada a sua complexidade.”
João Castro • Cocoordenador de Cirurgia Vascular do Centro do Coração e Vasos do Hospital CUF Tejo "A possibilidade de realizar procedimentos de forma menos invasiva permite tratar patologias que antigamente só podiam ser tratadas com cirurgia aberta convencional."
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