Revista + Vida 26 | Doenças do Futuro

CARDIOVASCULAR Corações com mais vida As doenças cardiovasculares são a primeira causa

de depressão crónica, ansiedade, perturbação do sono e quadros demenciais. A solidão é outro dos problemas com os quais os médicos têm de passar a saber lidar.” O médico destaca ainda duas doenças que tendem a tornar-se cada vez mais comuns: a insuficiência cardíaca e a fibrilhação auricular, arritmia particularmente associada ao envelhecimento. “Entre os 40 e os 60 anos, a probabilidade de ter fibrilhação auricular é de 3 a 4%; depois dos 80 anos, é de 11 a 14%”, explica Mário Oliveira. “A insuficiência cardíaca e a fibrilhação auricular

de mortalidade em Portugal, representando cerca de 30% de todas as mortes. No entanto, o cenário não é tão negro como pode parecer. “A área cardiovascular foi a área que registou uma maior redução da letalidade nos últimos 20 anos – cerca de 15%, de acordo com a Direção-Geral da Saúde”, afirma Mário Oliveira, Coordenador de Cardiologia do Centro do Coração e Vasos do Hospital CUF Tejo e Cardiologista

no Hospital CUF Porto. “O número absoluto de mortes tem vindo a diminuir graças à capacidade que temos de prevenir e identificar situações de risco tratáveis, nomeadamente com as áreas

serão, de longe, as situações que vamos encontrar mais tempo e mais vezes no futuro mas, daqui

de intervenção cardiovascular – angioplastia, pacemakers ,

a 20 anos, diria que, além destas duas patologias, vamos encontrar muitos doentes com desfibrilhadores implantados que sobreviveram a miocardites e outros eventos cardíacos agudos ou que foram operados por cardiopatias congénitas e sobreviveram várias décadas, algo que outrora era impossível.” Para Mário Oliveira, é incontestável o

desfibrilhadores, ressincronização cardíaca, intervenção estrutural, entre outros.” A título de exemplo, o cardiologista destaca a intervenção coronária percutânea, um procedimento minimamente invasivo que

“permitiu tratar, com elevado sucesso e marcada redução da mortalidade, o enfarte agudo do miocárdio e a doença coronária crónica”. Do ponto de vista do

papel da inovação tecnológica nos avanços de diagnóstico e tratamento em Cardiologia: “Existe inovação, do ponto de vista do diagnóstico, à custa de métodos de imagem que trazem informação, que há 15-20 anos seria improvável. E, no tratamento, estou convencido que os cateteres e outros equipamentos continuarão a evoluir a uma velocidade alucinante nos próximos anos.” No novo Hospital CUF Tejo, desenhado de raiz para responder às doenças do futuro, a área de Cardiologia, através do Centro do Coração e Vasos, conta com recursos diferenciados, equipamentos de imagem, duas salas de angiografia e uma sala híbrida, localizada no bloco operatório, que tem como propósito a utilização conjunta por cardiologistas e médicos de outras especialidades para intervenções de maior complexidade como a implantação de próteses aórticas. “O Hospital CUF Tejo está preparado para tratar mais doentes e doentes mais complexos”, garante o cardiologista.

tratamento das arritmias, a intervenção por cateter possibilitou ainda um tratamento mais eficaz da fibrilhação auricular e das arritmias ventriculares, ajudando a diminuir a mortalidade cardiovascular e a prevenir a morte súbita. Mário Oliveira salienta também o trabalho conjunto entre a Cirurgia Cardíaca e a Cardiologia no tratamento de doenças valvulares, como a estenose aórtica e a insuficiência mitral, com colocação de próteses e “clips” por via percutânea. Não obstante, o perfil dos doentes com doenças cardiovasculares mudou nas últimas décadas. “Tratamos doentes cada vez mais idosos. É muito frequente terem mais de 80 anos”, refere Mário Oliveira. Este perfil traz novos desafios, já que às comorbilidades caraterísticas de idades mais avançadas – anemia, diabetes, patologia da aorta, patologia pulmonar, insuficiência renal, patologia hepática – acrescentam-se problemas de ordem social: “Cada vez mais idosos isolados aparecem com quadros

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DIANA TINOCO/4SEE

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