por todas as enfermeiras, médicos e pessoas que tratam de nós. Sobretudo pelo setor da enfermagem. Estou extremamente grata a todos. E da segunda vez em que eu entrei pela mesma razão, no outro peito, fez-me uma certa ternura, porque a enfermeira que me levou para o bloco era a mesma da outra vez. E ela chorava. E eu dizia: “Não me chore, senhora enfermeira! Se a vejo a si a chorar, então começo a chorar aqui baba e ranho.” Quais considera as qualidades essenciais de um médico? Tem de ser bem-educado. Razoavelmente simpático. Acolhedor. Para a pessoa acreditar e ter coragem de dizer tudo. Eu sou de dizer tudo a qualquer médico, não escondo nada. Quero é saber. Já disse várias vezes: “Não me escondam as coisas, não quero que ponham paninhos quentes.” Mas é sobretudo a simpatia, o acolhimento. Gosto muito das mãos, dos olhos, da voz dos médicos. Recorda-se de algum conselho que um profissional de saúde CUF lhe tenha dado e que ainda hoje segue? Não emagrecer e não engordar. Porque, se emagrecer, fica logo tudo muito aflito a perguntar: “O que é que ela tem?” E engordar é porque, realmente, com próteses nas duas ancas e no joelho, mais do que 69 quilos não pode ser. Que conselhos deixaria às pessoas para um envelhecimento com mais saúde? Não fiquem fechadas em casa, tentem sair. E não olhem para trás, não vale a pena. Eu também sei como é. Vejo-me na RTP Memória. Mas aquela Simone deu lugar a esta. Tenho uma saudade lavada e tem sido das coisas que mais me têm ajudado. Tenho saudades do meu pai, da minha mãe, do Varela [o falecido marido], da minha filha que vive no estrangeiro há 35 anos, de dois netos que vivem fora – um em Berlim, outro em Luxemburgo. Não estou a dizer que é fácil. Não é. Mas, apesar dos pesares, não me deixo ficar no sofá. Por favor saiam, divirtam-se, vão ao cinema, vão ao teatro, conversem, vão tomar um café, vão ver o mar, arranjem coisas para fazer.
Saiba mais sobre o cancro da mama, doença que Simone de Oliveira enfrentou por duas vezes, com sucesso.
+vida | 11
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