Revista + Vida 31 | Saúde no masculino

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VERDADES E MITOS

Dor A dor é igual para todos? Pode ser quantificada de forma objetiva? Tem cura? Esclareça as suas dúvidas.

AFONSO DE OLIVEIRA PEGADO Especialista em Medicina Física e Reabilitação, diferenciado em Medicina da Dor, no Hospital CUF Cascais, no Hospital CUF Sintra e no Hospital CUF Torres Vedras

A dor é individual e subjetiva

A dor pode existir sem uma lesão estrutural

Verdade

Verdade

A perceção da dor é individual e depende de vários fatores, nomeadamente biológicos, psicológicos e sociais. O tipo, a localização, o padrão temporal, os fatores de alívio e o agravamento são algumas das diferentes características que nos permitem definir a dor. Existem ainda escalas subjetivas que permitem aferir a intensidade.

Existem vários tipos de dor e várias causas possíveis. Não há dúvida de que, na maioria dos casos, a dor está intimamente ligada a uma lesão estrutural (tendão, músculo, articulação, órgão, entre outros). Contudo, por vezes, a lesão é resolvida e a dor persiste. Nesta fase já não há lesão, mas a dor permanece. Estamos perante uma dor crónica. Paralelamente, existe a “dor disfuncional”, que, por definição, não está associada a qualquer alteração ou lesão de órgão. O exemplo mais conhecido é a fibromialgia. A lombalgia é a principal causa de dor em Portugal

A dor crónica não tem cura Mito

As infiltrações fazem mal e não resolvem o problema Mito A palavra “infiltração” refere-se, genericamente, à aplicação de uma terapêutica injetável fora da corrente sanguínea. Nos últimos anos, as técnicas guiadas por imagem têm assumido uma relevância crescente na Medicina da Dor. Com o apoio da ecografia e/ou fluoroscopia, conseguem fazer-se procedimentos mais diferenciados, com maior segurança e precisão. Em determinadas patologias, este tipo de procedimento assume a primeira linha de tratamento. Hoje, existe um vasto leque de opções que contribuem para o controlo da dor.

Só se deve ir ao médico quando a dor se torna insuportável

Nem todas as dores são “curáveis”, mas em determinados casos é possível. Até mesmo as dores “incuráveis” podem ser parcial ou totalmente controladas. Existem atualmente várias opções para o fazer, incluindo terapêutica medicamentosa, fisioterapia, psicoterapia, alterações comportamentais, controlo de doenças metabólicas, prescrição de produtos de apoio (como talas e canadianas), procedimentos minimamente invasivos ou até mesmo cirúrgicos. É essencial que haja uma avaliação médica que permita a construção de um plano personalizado de tratamento, tendo em conta o contexto clínico de cada doente.

Verdade

Mito

Cerca de 80% das pessoas sofre pelo menos um episódio de lombalgia ao longo da vida. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a lombalgia afeta 43% das mulheres e 31% dos homens com mais de 15 anos. Estima-se ainda que cerca de 37% dos portugueses sofram de dor crónica na região inferior da coluna. Alguns dos fatores de risco modificáveis mais relevantes são obesidade, sedentarismo, tabagismo ou atividades laborais com maior carga física.

É um facto que a maioria das dores desaparecem

espontaneamente, geralmente em poucas semanas. Mas, caso a dor não esteja controlada ou se prolongue mais que o expectável, o doente deve ser observado por um médico. A dor aguda mal controlada aumenta a probabilidade de desenvolver dor crónica. A dor crónica se diagnosticada e tratada mais cedo, tem melhor probabilidade de controlo.

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