Revista + Vida 31 | Saúde no masculino

Quando decidiu que queria ser médica? No 7º ano do liceu, mas o entusiasmo com a especialidade surgiu durante o estágio no serviço de Ginecologia. O que distingue a especialidade, atualmente, em relação à altura em que se formou? Surgiram subespecialidades; otimizou-se a ecografia, tanto em imagem como em diferenciação clínica. Quando iniciei a minha atividade, muitos hospitais nem sequer tinham ecógrafo; houve avanços nos tratamentos minimamente invasivos - da laparoscopia, à histeroscopia e, recentemente, a cirurgia robótica. Desenvolvimentos que t m permitido melhores resultados diagnósticos e clínicos. O que sentiu ao ser convidada para criar o serviço de Ginecologia-Obstetrícia no Hospital CUF Descobertas? Quando abracei o projeto, tinha 49 anos e trazia experi ncia da criação do Serviço de Ginecologia no Hospital Fernando Fonseca. Tinha muita vontade de continuar a trabalhar numa área que sempre me apaixonou e continuar a ser inovadora. Senti-me desafiada. Quais foram os principais desafios que encontrou? O principal desafio foi criar de raiz, num hospital privado, um serviço de excel ncia, com diferenciação tecnológica e uma equipa multidisciplinar motivada, preparada para intervir perante qualquer situação. É desafiante ter uma maternidade O Hospital CUF Descobertas deu-me a oportunidade de dinamizar uma medicina diferenciada e de qualidade, com uma equipa capaz de lidar com todos os desafios. A nossa Maternidade é hoje uma refer ncia nacional, com um número de partos semelhante ao de grandes hospitais. Conseguimos diferenciar-nos ao entendermos a saúde da mulher como um todo. Há muito tempo que percebemos que se trabalharmos em parceria com especialistas de outras áreas, não só garantimos um diagnóstico mais rápido e preciso, como prestamos melhores cuidados. Que projetos mais se orgulha de ter integrado? Orgulho-me de ter criado uma equipa fantástica, que soube crescer e replicar o espírito de um hospital de excel ncia. Fomos pioneiros em tratamentos diferenciados e no lançamento de várias consultas, entre as quais: Apoio à Fertilidade; Menopausa; Endometriose; Uroginecologia e Alto Risco Obstétrico. aberta 24 horas por dia, todo o ano. O que destaca de mais positivo?

Pode contar-nos alguma história que a tenha marcado particularmente na sua carreira? Não consigo eleger uma só. Marcam-nos sempre os casos complicados e que t m tudo para correr mal, mas nos quais conseguimos ter xito. Felizmente, ao longo da carreira e depois de mais de 5 mil partos, guardo muitas histórias positivas. O nascer é sempre emocionante: cada parto é único, desafiante, mas muito enriquecedor, com estreita relação com as famílias. Após a passagem de testemunho, que mensagem gostaria de deixar às novas gerações de médicos? Fui Coordenadora de Serviço no Hospital CUF Descobertas durante 18 anos e passei o testemunho há quatro. Nos últimos dois anos reduzi a atividade clínica. Agora já não dou consultas, mas faço questão de continuar a ir ao hospital para apoiar os meus colegas. É importante prezar a vontade de aprendizagem das novas gerações, incentivá-las a apostarem na experi ncia cirúrgica e na diferenciação dos cuidados prestados. Gostaria de desejar-lhes sucesso, que só se consegue com seriedade clínica e dedicação. Só com trabalho e atualização científica, podemos dar aos nossos doentes o que merecem. Que todos se sintam tão realizados como eu. Não posso terminar sem agradecer o apoio dos colegas, enfermeiros, auxiliares e administração. Um bem haja a todos. Como prevê o futuro da Ginecologia-Obstetrícia? A genética, a imunologia, a imagiologia e a intelig ncia artificial continuarão a ser foco de investimento, mas, em paralelo, e não menos importante, será a diferenciação contínua dos profissionais que irá permitir melhores resultados.

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