Revista+Vida 34 |Uma resposta especializada para a sua saúde

consulta de rotina, cerca de 16 anos depois do primeiro diagnóstico, a equipa percebeu que algo não estava bem. Foi detetada outra massa no rim já intervencionado e era preciso investigar. Fez-se a biópsia e o diagnóstico veio poucos dias depois: o rim esquerdo tinha um novo cancro. Maria Teresa Matias lembra com carinho a atitude do urologista António Cabeças no momento do novo diagnóstico. “Disse-me logo que havia uma melhor estratégia para o meu caso. Reconheceu que a melhor estratégia não passaria por realizar de novo uma cirurgia aberta, mas sim por uma abordagem inovadora. Falou com o Dr. David Subirá, mostrou-lhe o meu histórico e fiquei logo com a consulta marcada com o novo médico da CUF para oito dias depois. Nunca vou esquecer este gesto”, relata. Técnica inovadora preserva a função do rim David Subirá, Coordenador de Urologia no Hospital CUF Tejo, recorda a complexidade do caso de Maria Teresa Matias “primeiro, por se tratar de uma doente com idade avançada; depois, porque esta massa apareceu no mesmo rim quase 16 anos depois de o primeiro tumor ter sido retirado por cirurgia aberta”, explica o especialista espanhol, reconhecido internacionalmente na área da robótica, que integrou recentemente a equipa da CUF. Ainda assim, Maria Teresa Matias cumpria os critérios para realizar uma técnica cirúrgica inovadora, resultado de anos de pesquisa de David Subirá: a Nefrectomia Parcial por Cirurgia Robótica, utilizando a técnica RSD – sigla de Renal Sutureless Device (dispositivo cirúrgico renal sem sutura). O urologista explica que “a cirurgia robótica permite fazer uma intervenção minimamente invasiva e com uma melhor recuperação do doente”, enquanto a técnica RSD diminui o “tempo de isquemia”, isto é, o período em que o rim está sem funcionamento, ou seja, sem vascularização, que normalmente decorre durante a remoção do tumor e a posterior reconstrução do órgão. Assim, esta técnica evita a insuficiência renal pós-operatória, “já que fazemos a reconstrução do tecido do órgão sem utilizar a tradicional sutura”, explica David Subirá. Em termos práticos, usando biotecnologia, a técnica RSD consiste na construção de um molde personalizado – desenhado através da reconstrução tridimensional permitida pelas imagens da TAC de cada doente – que vai ocupar a área de onde é retirada a massa, evitando, desta forma, a utilização de suturas no órgão. Com este procedimento de substituição do tumor por um dispositivo, “por um lado, conseguimos que o tempo de reconstrução do rim seja muito menor e, por outro, evitamos o dano que a sutura tende a produzir na parte do rim que está saudável e ainda melhoramos a função do órgão”, reforça o urologista.

Maria Teresa Matias

CANCRO DO RIM Fatores de risco • Tabagismo • Obesidade • Hipertensão arterial • História familiar de cancro do rim

Sintomas • Sangue na urina • Massa palpável na região lombar de um dos lados • Dor lombar persistente de um dos lados • Perda de apetite

Subtipos • Carcinoma de células renais: representam a maioria dos diagnósticos de cancro do rim (80%) • Carcinoma papilar: quando são do tipo I são muitas vezes bilaterais e têm um prognóstico mais favorável. Se forem do tipo II, estão associados à leiomiomatose ou miomas uterinos • Carcinoma cromófobo: são raros e têm origem nas células intercaladas do tubo coletor do nefrónio, a unidade estrutural e funcional do rim

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LUÍS SOUSA (4SEE)

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