A exigência de uma gravidez de risco Ter um filho é uma decisão que muitas mulheres tomam cada vez mais tarde na vida. Em Portugal, a idade média da mulher ao nascimento do primeiro filho é de 32 anos e o número de nascimentos após os 40 anos duplicou. Opções que se traduzem num aumento do número de gestações de alto risco, que representam entre 10 e 20% do total das gestações, aponta Ana Patrícia Domingues, ginecologista- obstetra e Coordenadora de Obstetrícia e da Unidade de Alto Risco Obstétrico do Hospital CUF Descobertas. Uma gravidez de alto risco é aquela em que existe uma probabilidade de complicações – quer para a mãe, quer para o feto – superior a uma gravidez normal, explica a médica. Isto pode ocorrer tanto devido a condições preexistentes da mãe (idade ou doença), como a situações que surjam durante a gravidez (diabetes gestacional, gravidez múltipla ou baixo peso do feto, por exemplo). Uma gravidez considerada de alto risco põe em causa a saúde da mãe e do feto. “Na CUF, consideramos sempre uma abordagem integrada, porque se a mãe não estiver bem pode implicar o feto e o inverso também é válido. Temos sempre de cuidar dos dois”, esclarece Ana Patrícia Domingues, sublinhando que, desde que controlado o risco, estas gestações podem ter uma evolução idêntica à de uma gravidez normal. Mas, continua a médica, “são gravidezes que exigem sempre uma abordagem clínica diferenciada para as quais temos protocolos individualizados ao tipo de risco e patologia. Precisam de uma monitorização mais frequente e planos mais personalizados”, esclarece a médica. Em alguns casos, diz, pode ser necessário ter o apoio de outras especialidades médicas, como a Cardiologia, a Endocrinologia ou apoio psicológico à mãe e/ou à família. São “casos em que há forte possibilidade de o bebé ser prematuro ou de haver uma complicação que vai requerer uma abordagem cirúrgica mais tarde, ou uma situação que seja passível de mudar completamente o sistema familiar e que pode implicar algum apoio quer psicológico, quer educacional”, refere.
Ana Patrícia Domingues • Coordenadora de Obstetrícia no Centro da Mulher do Hospital CUF Descobertas
A Unidade de Alto Risco Obstétrico do Hospital CUF Descobertas é composta por uma equipa multidisciplinar que integra não só especialistas em Ginecologia e Obstetrícia, como também enfermeiros com experiência no acompanhamento destas situações, neonatologistas, anestesistas e qualquer outra especialidade que seja necessária, porque “a abordagem multidisciplinar é fundamental”, sublinha a médica. Além dos meios humanos, é também importante garantir a prestação de serviços em permanência e a tecnologia adequada necessária. “É fundamental a existência de protocolos específicos e diferenciados, o acompanhamento desde o momento pré- concecional até ao pós-parto, e a existência de unidades de Cuidados Intensivos quer maternos, quer fetais”, explica Ana Patrícia Domingues, que aponta ainda a articulação entre as equipas como elemento diferenciador. “Se houver uma mulher com uma patologia cardiovascular ou uma descompensação da diabetes, rapidamente a encaminhamos para o cardiologista ou o endocrinologista”, explica a especialista. “Além da vigilância normal, há uma articulação específica com um apoio rápido sempre que há alguma coisa fora do comum”, garante.
UMA EQUIPA FOCADA NA SAÚDE MENTAL PERINATAL
O período perinatal é particularmente sensível para a mulher, estando demonstrado o aumento da incidência de perturbação mental durante esta fase. A ansiedade associada a problemas de infertilidade, o luto por perda perinatal, perturbações de stress pós-traumático, perturbações de ansiedade ou estados depressivos são algumas das dificuldades emocionais com que as mulheres podem ter de lidar nesta fase da vida. A Unidade de Saúde Mental na Gravidez e Pós-Parto do Hospital CUF Viseu, coordenada pela psiquiatra Bruna de Melo, dispõe de consulta de Psiquiatria, Psicologia e Pedopsiquiatria e tem como propósito acompanhar a mulher desde o planeamento da gravidez aos primeiros anos após o parto, de modo a melhorar o seu estado emocional.
+vida | 35
LUÍS CATARINO (4SEE)
LUÍS CATARINO (4SEE)
Powered by FlippingBook