Equipa da Unidade de Parkinson e Doenças do Movimento do Hospital CUF Coimbra (da esquerda para a direita): Ricardo Pereira • Neurocirurgião; Fradique Moreira • Neurologista e Coordenador da Unidade; Armando Lopes • Coordenador de Neurocirurgia; Inês Agostinho • Fisioterapeuta; Simon Fermino • Psicólogo; Marta Oliveira Matins • Nutricionista
sintomas motores”, indica o neurologista. “É necessário um acompanhamento multidisciplinar porque esta doença não compromete apenas a mobilidade. É fundamental um seguimento psiquiátrico e neuropsicológico para as alterações do humor e do comportamento, bem como um acompanhamento pela Medicina Interna para eventuais complicações infeciosas. Também as intervenções não farmacológicas, realizadas por fisioterapeutas e nutricionistas, têm um papel fundamental para responder às dificuldades que vão surgindo, melhorando o prognóstico da doença”, continua o médico. Sob este contexto, “a Unidade de Parkinson e Doenças do Movimento foi criada com o objetivo de dar uma resposta ao doente como um ‘todo’, desde as fases iniciais até às fases mais avançadas da doença, e tem a capacidade de dar uma resposta multidisciplinar e célere perante algum agravamento que surja”, revela Fradique Moreira. Na doença de Parkinson, o diagnóstico atempado tem uma elevada importância para o bem-estar do doente. “O doente, quando diagnosticado precocemente, e ao iniciar a medicação, entra numa fase chamada ‘lua de mel’ em que responde muito bem à terapêutica”, esclarece Fradique Moreira, que aponta outra vantagem do diagnóstico precoce: “se o conseguirmos, podemos identificar os doentes para os incluir em ensaios clínicos com potenciais tratamentos neuroprotetores”. Numa primeira fase, o doente deve seguir um tratamento farmacológico para repor a deficiência de dopamina associada à doença”, explica Fradique Moreira. Durante os primeiros cinco anos, a medicação evita que o doente tenha tantas manifestações motoras, no entanto, a doença continua a progredir e, terminada esta ‘lua de mel’, agrava-se.
“A Unidade de Parkinson e Doenças do Movimento foi criada com o objetivo de dar uma resposta ao doente como um todo” “A questão que se coloca é saber qual é a melhor terapia para cada doente. É necessária uma reflexão muito rigorosa: temos de ver o doente como um todo, com as suas patologias associadas à idade, as suas crenças e expectativas e com um contexto social próprio. Não tratamos doenças, tratamos pessoas e toda a equipa multidisciplinar tem esta noção: cada pessoa é diferente e tem de se encontrar uma forma de lhe dar a melhor qualidade de vida”, defende o Coordenador da Unidade. Em fases mais tardias, quando a medicação deixa de ser eficaz, o doente pode ser encaminhado para tratamentos avançados que têm uma enorme eficácia, como a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda – que envolve a colocação de elétrodos no cérebro para restabelecer o funcionamento da zona afetada, de forma análoga ao pacemaker cardíaco – ou o tratamento subcutâneo que, através de sistemas de perfusão contínua, garante uma absorção mais rápida da medicação e uma maior estabilidade na concentração plasmática dos fármacos.
Fradique Moreira
+vida | 31
SÉRGIO AZENHA (4SEE)
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