Revista + Vida 32 | Cuidados de saúde para toda a família

PROMOVER A SAÚDE DENTÁRIA DESDE O PRIMEIRO DENTE

Pode não ser muito comum mas, num mundo ideal, a primeira consulta de medicina dentária deveria ser agendada no momento em que nasce o primeiro dente do bebé. “É verdade que nessa primeira consulta não haverá imensas coisas a fazer com a criança mas há, certamente, imensas coisas que se podem ensinar aos pais”, garante Frederico Catalão, coordenador de Medicina Dentária no Hospital CUF Cascais. As primeiras consultas numa fase tão precoce têm dois efeitos: a literacia dos pais e habituar as crianças a uma rotina que deverá ser mantida de seis em seis meses para o resto da vida, explica o médico. “Além de terem uma prevenção muito mais eficaz, se for preciso tratar alguma coisa, como a ida ao dentista é uma coisa normal, não têm receio”, diz. Uma boa saúde oral é indissociável de um bom estado de saúde geral. Frederico Catalão dá o exemplo das consequências a nível digestivo de alguém que não mastigue bem. Uma digestão adequada começa com uma mastigação eficaz. A trituração dos alimentos feita pelos dentes, aliada à ação digestiva da saliva constitui a parte inicial da digestão, facilitando as fases seguintes. Da mesma maneira, a periodontite – das patologias orais mais comuns entre a população portuguesa, a par com a cárie dentária – interfere com um bom controlo da diabetes e vice-versa, e uma má higiene oral pode ter consequências a nível cardíaco. Relações que dão destaque à importância da abordagem multidisciplinar da saúde, incluindo a saúde oral. Na verdade, a nível hospitalar, como acontece na CUF, a Medicina Dentária está integrada com especialidades tão diversas como a Cardiologia, a Endocrinologia, a Cirurgia Maxilo-Facial ou

Frederico Catalão • Coordenador de Medicina Dentária no Hospital CUF Cascais

a Ginecologia-Obstetrícia. Para Frederico Catalão, é esta interligação com outras especialidades a principal vantagem da existência de uma consulta de Medicina Dentária a nível hospitalar. “Permite, por exemplo, ter a sensibilidade de saber que um doente seguido noutra especialidade, porque vai começar a tomar a medicação x ou y, deve ser observado pelo médico dentista ou ter uma prevenção mais apertada”, refere o médico, que dá como exemplo o caso dos doentes oncológicos. “Um doente que faça radioterapia de cabeça e pescoço deve ser muito bem acompanhado em Medicina Dentária para minimizar as complicações decorrentes da doença ou do seu tratamento e, consequentemente, melhorar a sua qualidade de vida. Parece-me, por isso, essencial que em meio hospitalar a medicina dentária esteja presente”.

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