foco
CUIDAR DA SAÚDE DE TODA A FAMÍLIA
Cuidados centrados em cada pessoa
acompanhamento é feito da melhor forma possível. “Na idade adulta, todas as pessoas deviam ir a uma consulta pelo menos uma vez por ano, até porque o especialista atua na prevenção e na deteção precoce da doença ou de potenciais hábitos ou fatores de risco”, aconselha Maria Luís Marques. Isto no caso de se tratar de uma pessoa saudável. “Consoante a idade e a patologia, essa periodicidade poderá ser alterada”, diz a médica, que aponta como uma das vantagens desta abordagem o facto de se basear na prevenção. “Conseguimos melhorar a qualidade de vida da pessoa e atuar antes de existir doença”, diz. “Por ser uma medicina centrada na pessoa e não na doença, a Medicina Geral e Familiar permite chegar muito mais facilmente àquilo que a Organização Mundial da Saúde define como um estado de saúde completo e que inclui a saúde física, mental e social”, sublinha Maria Luís Marques.
“A Medicina Geral e Familiar é o primeiro e mais constante contacto que cada pessoa tem com o sistema de saúde”, afirma Maria Luís Marques, especialista de Medicina Geral e Familiar no Hospital CUF Tejo. Este é o especialista que vai acompanhar o indivíduo – e a sua família – durante mais tempo, o que lhe garante uma visão global da saúde daquele agregado, que vai além da saúde física. “Ao seguir o doente ao longo de toda a sua evolução, o especialista de Medicina Geral e Familiar tem acesso a todo o histórico familiar: acompanha os pais, o filho que mais tarde irá ter filhos... E tem acesso a um conjunto de informações, como problemas hereditários ou de saúde mental, que acabam por influenciar a família, a sua dinâmica e o próprio doente”, refere Maria Luís Marques. “Esta relação duradoura”, admite a especialista, ajuda a que o médico tenha mais facilmente a perceção de algum sintoma que a pessoa não valoriza. “Conhecendo cada elemento da família desde sempre, e tendo esta proximidade, o médico dá importância a coisas que a pessoa não daria”, conta Maria Luís Marques. “Na Medicina Geral e Familiar, temos um ciclo de vida dinâmico de avaliação da família a que o médico está atento porque, regra geral, são fases que acarretam mudanças para a família”, explica. Dividido em oito fases, o ciclo dá especial ênfase às alturas de mudança. As oito fases do ciclo de vida familiar são, por ordem cronológica: a do indivíduo sem filhos; com filhos até aos dois anos e meio; família com filhos até aos seis anos; dos seis aos 13; dos 13 aos 20, a saída dos filhos de casa até ao ninho vazio e depois a última fase do ninho vazio até à morte do parceiro ou do próprio. “Estas fases implicam sempre mudanças na dinâmica familiar e o médico deverá estar atento quando percebe que vai haver este tipo de mudanças”, defende Maria Luís Marques. Ao longo de todo este percurso, o médico de família vai ter em atenção os problemas de saúde física e emocional de cada pessoa e do seu agregado familiar, ao mesmo tempo que age como um promotor de bons hábitos de vida e saúde. “Sendo possível seguir o doente desde a infância à idade adulta ou da idade adulta até ao processo de envelhecimento, mais fácil será para o médico educar e transmitir hábitos de vida saudável para a família”, diz a especialista. Além do mais, é o médico de família que assume o papel de “coordenador de cuidados”, já que “acaba por conseguir integrar melhor a resposta às necessidades do doente”. Essa integração pode passar, por exemplo, por ajudar a orientar o doente para as outras especialidades, priorizando as mais urgentes num dado momento, ou ajudando a gerir a medicação, uma vez que centraliza um conjunto de informação que, de outra forma, estaria dispersa. A regularidade das consultas é uma das garantias que este
Maria Luís Marques • Especialista de Medicina Geral e Familiar no Hospital CUF Tejo
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JOSÉ FERNANDES (4SEE)
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