Revista + Vida 33 | Cuidados diferenciados transformam vidas

saúde

INFANTIL

A saúde mental das crianças Cuidar da mente é tão importante como cuidar do corpo. Por isso, da mesma maneira que é preciso estar atento aos sinais físicos, é essencial prestar atenção ao comportamento e às emoções das crianças. E, claro, assegurar que têm vivências saudáveis e felizes enquanto crescem. A saúde mental é uma parte fundamental do desenvolvimento das crianças. À medida que crescem, e até nos primeiros anos de vida, podem surgir situações que interferem com o seu bem-estar e, no limite, contribuem para o aparecimento de patologias passíveis de se prolongar no tempo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 50% das perturbações mentais nos adultos começam a desenvolver-se antes dos 14 anos. A atenção ao bem-estar psicológico deve começar na infância, o mais cedo possível, uma vez que patologias como a depressão ou a ansiedade podem aparecer logo nos primeiros anos de vida. Pedro Henriques Santos, pedopsiquiatra na Clínica CUF S. João da Madeira e no Instituto CUF Porto, fala em “depressão e ansiedade em bebés”, com sintomas que “podem ser semelhantes aos dos adultos”. Nota ainda a importância de identificar eventuais perturbações do neurodesenvolvimento – alterações que podem estar presentes desde o nascimento e que afetam a cognição, a linguagem e a socialização – para uma intervenção precoce. “Os sintomas surgem muito cedo e têm um impacto enorme no desenvolvimento relacional das crianças.” As consultas regulares de Pediatria são essenciais na identificação destas doenças, mas os pais podem consultar

diretamente os pedopsiquiatras para esclarecer dúvidas. Pedro Henriques Santos frisa que “é necessário desmistificar o que são as doenças mentais”, explicando que a Pedopsiquiatria “permite que a criança viva de forma mais normativa”, tratando também problemas que podem vir a ser crónicos na idade adulta. “O papel não é só validar a doença, mas por vezes explicar que os sintomas que preocupam os pais são normativos na fase de desenvolvimento em que a criança se encontra”. A procura pela consulta de Pedopsiquiatria pode, assim, ser importante para prevenir problemas. Na CUF, depois de feito o diagnóstico pelo pedopsiquiatra, é privilegiada a abordagem multidisciplinar, em que médicos e técnicos de várias áreas trabalham de forma articulada. O pedopsiquiatra refere que na primeira infância, e até aos cinco anos, o papel das terapias – como a Psicologia, a Terapia da Fala e a Terapia Ocupacional – é ainda mais importante, “pois a abordagem farmacológica só vai ganhando importância a partir dos seis anos”. “Em muitas situações, a Pedopsiquiatria sozinha não é eficaz, precisa de se articular com várias especialidades e técnicas”, aponta.

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