até há alguns anos, um procedimento particularmente “agressivo para o organismo”, lembra Emanuel Vigia. Nesse sentido, as novas técnicas de intervenção – a cirurgia laparoscópica e a cirurgia robótica, de que a Unidade de Fígado, Vias Biliares e Pâncreas dispõe, – trouxeram igualmente uma revolução no tratamento destas patologias, pois, “além de se poder fazer tudo o que se fazia com a cirurgia clássica, provoca-se muito menos dano nos tecidos do doente e menos dor”, explica Emanuel Vigia. O especialista acrescenta que estas novas técnicas acarretam “menos complicações no pós-operatório, menos dias de internamento”, e uma marca bastante mais discreta do que a clássica cicatriz que engloba todo o abdómen. As formas de abordagem da cirurgia laparoscópica e da cirurgia robótica são bastante semelhantes: ambas utilizam pequenas incisões para a introdução das pinças, sendo que, na cirurgia robótica, essas pinças e as câmaras são controladas pelo cirurgião através de um robô. “Permite ainda maior precisão, melhor amplitude de movimentos e uma melhor visão durante o procedimento, com uma recuperação mais rápida, com menos dor, um retorno à vida normal mais célere e com melhor qualidade de vida”, assegura Hugo Pinto Marques. Essa foi, precisamente, a opção escolhida para a intervenção de Fátima Magriço. A antiga professora foi operada em agosto de 2022 através de cirurgia robótica, esteve internada uma semana e garante que a “recuperação foi boa, praticamente sem dores”. Hoje, quase dois anos depois do procedimento, continua livre das doenças oncológicas que a afetaram. E continua também a cumprir religiosamente o protocolo de seguimento semestral delineado pelas equipas da CUF Oncologia. “O que tenho tentado fazer é ter o máximo de coragem. Temos de ter confiança nos médicos e pensar que a nossa saúde está acima de tudo”, remata. “É certo que tratamos doenças, mas o importante é tratarmos os doentes” EMANUEL VIGIA
Emanuel Vigia , Cirurgião hepatobiliopancreático na Unidade de Fígado, Vias Biliares e Pâncreas do Hospital CUF Tejo
E se há campo que tem registado avanços científicos de ponta é a Oncologia. Nos últimos anos, surgiram novas moléculas, como a imunoterapia e os anticorpos-monoclonais, que, em associação com terapêuticas mais clássicas – nomeadamente a quimioterapia e a radioterapia –, transformaram os protocolos terapêuticos para estas doenças. No momento da neoadjuvância (antes da cirurgia), têm permitido reduzir o tamanho dos tumores e transformar doentes que eram considerados inoperáveis em casos que podem ser alvo de cirurgia. Emanuel Vigia dá o exemplo do cancro do pâncreas em que, classicamente, “80% dos doentes que chegavam à consulta não tinham indicação cirúrgica. Nos últimos anos, com os novos protocolos, conseguimos converter entre 20% a 30% desses doentes. Passámos a ter quase metade dos doentes com potencial cirúrgico, sendo que a cirurgia é o único tratamento com possibilidade de cura nesta patologia”. Hugo Pinto Marques relata que também no cancro do fígado os avanços têm sido notórios. O tratamento com perspetiva de cura passa, igualmente, pela cirurgia, que pode ser um transplante hepático – de que este cirurgião é um dos maiores especialistas nacionais e internacionais – ou a eliminação da lesão cancerígena. No último caso, as terapêuticas sistémicas “vieram revolucionar o tratamento do cancro e induzir a resposta em doentes que há 20 anos eram inoperáveis e hoje podem ser alvo de cirurgia ou, pelo menos, permanecer sem doença bastante tempo e com qualidade de vida”. Tecnologia de ponta melhora qualidade de vida dos doentes Apesar de ser o tratamento capaz de induzir a cura dos cancros hepatobiliopancreáticos, a cirurgia clássica usada nestes casos era,
+vida | 47
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