Revista + Vida 33 | Cuidados diferenciados transformam vidas

Depois de os exames feitos à zona abdominal terem descartado a hipótese de a lesão encontrada no fígado ser uma metástase do cancro da mama, “a minha médica referenciou-me para o Dr. Hugo Pinto Marques”, cirurgião hepatobiliopancreático na Unidade de Fígado, Vias Biliares e Pâncreas do Hospital CUF Tejo. Foi este profissional que apresentou o real diagnóstico: “depois de mais alguns exames, disse-me que não se tratava de metástases, mas sim de um tumor primário do fígado, um colangiocarcinoma intra-hepático, e que necessitava de ser operada”. Unidade desenhada para responder às necessidades atuais Assim começou o acompanhamento de Fátima Magriço na Unidade de Fígado, Vias Biliares e Pâncreas do Hospital CUF Tejo, criada para se dedicar ao diagnóstico e tratamento das doenças benignas e malignas destes órgãos, com particular destaque para os cancros hepatobiliopancreáticos. A pertinência da criação de uma unidade diferenciada neste grupo de patologias é justificada pela incidência e complexidade destas doenças oncológicas, explica Ana Raimundo, Coordenadora de Oncologia Médica no Hospital CUF Tejo. Segundo a especialista, a incidência do cancro do pâncreas “tem aumentado bastante nos países ocidentais e prevê-se que, até 2050, possa estar entre os sete tipos de cancro com maior incidência no ser humano, sendo que é acompanhado por uma elevada taxa de mortalidade”.

Hugo Pinto Marques , Cirurgião hepatobiliopancreático na Unidade de Fígado, Vias Biliares e Pâncreas do Hospital CUF Tejo

No que diz respeito aos tumores do fígado, Ana Raimundo destaca que também se tem observado “um aumento no número de diagnósticos”, mas é Hugo Pinto Marques que detalha as cifras desta patologia. “O cancro do fígado é o sexto mais comum a nível mundial e, em termos de mortalidade, está em quarto lugar. É um tipo de tumor relativamente agressivo”, reconhece o cirurgião hepatobiliopancreático. Além dos fatores de risco relacionados com ambas as doenças, o aumento do número de diagnósticos também está associado a uma maior procura por cuidados de saúde e a uma melhor vigilância individual. Emanuel Vigia, também cirurgião hepatobiliopancreático na Unidade de Fígado, Vias Biliares e Pâncreas do Hospital CUF Tejo, dá nota da influência que a pandemia pode ter tido no aumento do número de diagnósticos. “O pâncreas está situado numa região relativamente alta da cavidade abdominal e, no âmbito da realização de algumas TAC devido à Covid-19, foram detetados casos de cancro no pâncreas desconhecidos em pessoas que ainda nem tinham sinais ou sintomas, o que acabou por salvar vidas”, reconhece o cirurgião. Aliás, uma das características dos cancros hepatobiliopancreáticos é o facto de serem silenciosos. Como aconteceu com Fátima Magriço, estas doenças não apresentam sintomas numa primeira fase ou dão sinais inespecíficos que atrasam o diagnóstico para fases mais avançadas da doença. No caso do cancro do pâncreas, os especialistas nomeiam como possíveis sinais o emagrecimento inexplicado, a fadiga, uma dor abdominal que irradia para o meio das costas e a falta

Ana Raimundo , Coordenadora de Oncologia Médica no Hospital CUF Tejo

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