Otimizar a prática desportiva A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que os adultos entre os 18 e os 64 anos façam exercício físico durante pelo menos duas horas e meia por semana, se for de forma moderada; e durante metade desse tempo, se for de forma intensa. No caso das crianças e adolescentes, a OMS aconselha um mínimo de uma hora diária de atividade física. A frequência e a intensidade serão, contudo, sempre determinadas pelo estado de saúde da pessoa. “Devemos saber ouvir o corpo. Quando ultrapassamos os limites, poderemos estar a incorrer em efeitos negativos, do ponto de vista de lesões associadas a sobrecarga”, alerta Paulo Beckert. Por isso, antes de iniciar a prática de exercício físico ou desporto, deverá aconselhar-se junto de um médico, preferencialmente de um especialista em Medicina Desportiva “preparado e especializado para acompanhar os praticantes de desporto e relacionar o seu estado de saúde com o nível de prática”, refere o Coordenador da Unidade de Medicina Desportiva e Performance do Hospital CUF Tejo. Rodrigo Abreu, nutricionista na Unidade de Medicina Desportiva e Performance do Hospital CUF Tejo, alerta para o facto de muitas vezes se “desvalorizar a importância da preparação dos atletas amadores”. No entanto, “estes atletas têm desafios que os profissionais não encontram: têm frequentemente de conciliar os seus esforços com compromissos familiares e laborais, têm acesso a equipamentos ou material de menor qualidade e tendem a ter menor apoio na planificação do treino e refeições.”
NUTRIR E HIDRATAR O CORPO PARA EVITAR LESÕES A par do acompanhamento médico especializado, também uma dieta equilibrada é essencial para a manutenção de um estilo de vida saudável e de um bom desempenho desportivo. Nutrir e hidratar o corpo de forma adequada, antes e depois do exercício físico, prepara o atleta para o esforço que vai realizar, retarda a fadiga e ajuda a prevenir lesões. “Antes de fazer exercício, é necessário garantir a ingestão de energia suficiente, assegurar um bom estado de hidratação e fornecer ao corpo alguns nutrientes importantes para a manutenção e regulação do músculo, como minerais e proteínas. Da mesma forma, após o esforço, é necessário repor os nutrientes utilizados ou perdidos na transpiração, para garantir uma adequada recuperação”, explica Rodrigo Abreu, nutricionista da Unidade de Medicina Desportiva e Performance do Hospital CUF Tejo, em Lisboa. Embora os atletas possam “comer e beber de tudo”, há alimentos e bebidas que devem ser consumidos “em menor quantidade ou apenas ocasionalmente”, como os alimentos fritos, panados e com muita gordura, bem como as bebidas alcoólicas, refere Rodrigo Abreu. E acrescenta: “um aspeto que também deve merecer a atenção dos atletas é o uso indiscriminado de suplementos alimentares. É importante aferir corretamente a sua necessidade e a utilidade, o que depende sempre de uma avaliação personalizada caso a caso”. Consultar o nutricionista é essencial para determinar as necessidades nutricionais específicas do atleta, tendo em conta o treino ou a prova que irá realizar. No caso dos atletas da Seleção Nacional que vão disputar o Euro 2024, e cujo acompanhamento médico é assegurado pela CUF, “é fundamental garantir um bom aporte de hidratos de carbono para assegurar que as reservas de glicogénio muscular – que funciona como o combustível do nosso corpo – estão atestadas”, explica Rodrigo Abreu. “Também é importante garantir que os jogadores começam o jogo adequadamente hidratados”. Ao intervalo, deverá ser reposta a água perdida na transpiração e ingeridos hidratos de carbono para “retardar a fadiga”. Por fim, segundo o nutricionista, “após o jogo, deve ter-se em atenção os chamados 3 R da recuperação: reidratar, reabastecer o glicogénio muscular e reparar o músculo”.
Rodrigo Abreu , Nutricionista na Unidade de Medicina Desportiva e Performance do Hospital CUF Tejo
+vida | 39
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