Revista + Vida 33 | Cuidados diferenciados transformam vidas

Catarina Lopes, 32 anos Diagnóstico de endometriose em estado avançado Mais de um ano de desconforto extremo diário e dificuldade em engravidar Em risco de sofrer obstrução intestinal, foi submetida a cirurgia complexa Após um ano conseguiu engravidar e recuperar qualidade de vida

“De acordo com um estudo norte-americano, desde o aparecimento dos sintomas até ao diagnóstico da endometriose decorrem cerca de oito anos. Destes oito anos, quatro correspondem ao tempo que, em média, as mulheres demoram a procurar ajuda médica”, afirma Miguel Brito, ginecologista- obstetra e Coordenador da Unidade de Endometriose do Hospital CUF Viseu. Mas existem outras causas para a demora no diagnóstico de uma doença altamente incapacitante: o facto de alguns sintomas serem similares aos de outras patologias e a aceitação tácita pela sociedade de que as dores menstruais são “normais”. “Procurem ajuda e não se contentem quando vos disserem que as dores menstruais são normais, porque nada têm de normal. É normal haver desconforto, não é normal haver dores que não passam com analgésico e impedem uma vida normal”, alerta Catarina Lopes, a pouco menos de um mês de ser mãe pela primeira vez e depois de ter sido tratada pela equipa de Miguel Brito. A profissional de Higiene e Segurança no Trabalho chegou à Unidade de Endometriose à procura de um diagnóstico para o desconforto extremo que ditava o seu quotidiano e para a dificuldade que tinha em engravidar. Em 2021, Catarina e o marido decidiram que estava na altura de alargar a família. “Deixei de tomar a pílula, que já tomava há vários anos”, porque, “ainda nova, foram-me detetados uns nódulos mamários e comecei a tomar a pílula para controlar”, recorda Catarina. “Sabia que iria demorar algum tempo.

Equipas envolvidas: Ginecologia-Obstetrícia, Cirurgia Geral, Urologia, Anestesiologia, Imagiologia, Nutrição, Medicina Física e Reabilitação, Enfermagem.

"O problema já tinha uma série de anos, sempre procurei acompanhamento e nunca tive um diagnóstico preciso, até chegar à CUF”

Mas passados alguns meses comecei a sentir dores na zona lombar na altura da menstruação”, conta. Com o passar do tempo, as dores tornaram-se altamente incapacitantes e “só o facto de caminhar, de ter de me levantar da cadeira era doloroso”. Mas os checks ups e as análises “não detetavam nada de anormal” e um dos médicos que consultou anteriormente chegou mesmo a atribuir as dores à ansiedade. “Comecei a pesquisar e a palavra endometriose surgiu. Um dos sintomas, que não tinha relacionado até àquela altura, eram as dores que sentia durante a relação sexual”, diz Catarina. Foi nessa altura que decidiu recorrer à ajuda especializada da Unidade de Endometriose do Hospital CUF Viseu, a mais próxima da Guarda, a cidade onde vive. Miguel Brito lembra-se bem da primeira consulta, a 27 de junho de 2022. “A Catarina procurou-nos devido a um problema de infertilidade e com queixas de dores e desconforto”, lembra o médico. Na consulta, Catarina preencheu o questionário internacional EHP30, que deu um retrato fiel de como a doença afetava toda a sua vida. Às perguntas ‘Tem dificuldade em estar em pé por causa das dores?’, ‘Perdeu o apetite por causa das dores?’, ‘Tem dificuldade em fazer exercício ou atividades de lazer?’ ou ‘Já teve de ir para a cama por causa das

Catarina Lopes

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