Revista + Vida 33 | Cuidados diferenciados transformam vidas

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AS VIDAS QUE A CUF TRANSFORMA

Equipa multidisciplinar envolvida no caso de João Ramos

Contudo, alerta o médico, é necessário um “verdadeiro espírito colaborativo” dentro do hospital para que a ECMO funcione em todo o seu potencial. “Somos nós que colocamos os doentes em ECMO, mas é preciso toda uma estrutura hospitalar com múltiplas especialidades que compreendam e apoiem o suporte a estes doentes. Por exemplo, se ocorrer uma complicação vascular ou cardíaca, precisamos do apoio célere e efetivo dos especialistas da Cirurgia Vascular, Cirurgia Cardíaca ou Cardiologia de Intervenção. Apenas um hospital que tem esta disponibilidade rápida de valências pode tratar esta tipologia de doentes”, refere João João Mendes. Além dos médicos, os enfermeiros, técnicos de perfusão cardiovascular, fisioterapeutas e auxiliares são fundamentais. “Os enfermeiros são essenciais em tudo! Na gestão do circuito, na organização do doente. São eles que estão lá, 24 horas sobre 24 horas, a explicar, a acalmar o doente, a trabalhar com ele em todos os momentos. Também os técnicos de perfusão cardiovascular asseguram o regular funcionamento da máquina ECMO”, reconhece o médico. A estas equipas, juntam-se outras, que atuam sempre que surgem complicações da doença-base.

No caso de João Ramos – que acabou por envolver a quase totalidade das especialidades do Hospital CUF Tejo – um empiema pleural extenso implicou que fosse feita uma descorticação (uma limpeza cirúrgica da zona da pleura), conduzida pelo Coordenador de Cirurgia Torácica do mesmo hospital, Ivan Gomes Bravio. “Foi essencial a rápida agilização da presença do cirurgião torácico no bloco operatório — todos os serviços, equipas e infraestruturas foram organizados para dar resposta às necessidades do doente”, destaca João João Mendes. Em casos como este, explica Ivan Gomes Bravio, o verdadeiro desafio que põe à prova a diferenciação das equipas é a escolha do momento certo para a cirurgia, assim como a extensão necessária. “Temos de corrigir o problema de saúde do doente sem prejudicar o seu processo de recuperação. Devemos conseguir melhorar a sua condição, adequando a cirurgia ao estritamente necessário. Não podemos agir antes de o doente ter recuperado o suficiente para tolerar o procedimento, mas também não o fazer demasiado tarde, comprometendo a melhoria progressiva até aí obtida” , refere o cirurgião. João Ramos foi intervencionado uma semana depois de ter

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JOSÉ FERNANDES (4SEE)

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