João Ramos, 62 anos Diagnóstico de pneumonia grave que evoluiu para infeção generalizada Em risco de vida, foi colocado em ECMO-VV, técnica sofisticada de suporte de órgãos em falência grave Necessidade de intervenção cirúrgica Após a alta recebeu acompanhamento dos Cuidados Domiciliários Um ano após o seu internamento retomou a vida normal Equipas envolvidas: Medicina Interna, Cuidados Intensivos, Microbiologia, Imagiologia, Cirurgia Torácica, Medicina Física e Reabilitação, Anestesiologia, Cirurgia Vascular, Cirurgia Cardíaca, Cardiologia de Intervenção, Cardiopneumologia, Enfermagem, Cuidados Domiciliários.
Engenheiro reformado, João Monteiro Ramos assume-se, aos 63 anos, como um motociclista “de classe turística”, que aproveita o verão e o bom tempo para passeios. É o hobby de eleição e não admira por isso que, em setembro do ano passado, a vontade de voltar a subir para a mota após meses afastado tenha marcado o processo de recuperação. A primeira volta foi na garagem e, desde então, regressou algumas vezes à estrada e espera que o verão chegue em força para fazer mais uns quilómetros. No entanto, em maio de 2023, a possibilidade de voltar à estrada parecia distante. No início desse mês, João deu entrada no Atendimento Permanente do Hospital CUF Tejo com uma infeção respiratória grave, provocada por uma bactéria altamente virulenta, que, em poucas horas, evoluiu para uma insuficiência respiratória grave e para choque séptico. Em risco de vida, João Ramos foi colocado em ECMO-VV, uma técnica sofisticada de suporte pulmonar em situações de falência grave e que, no setor privado, só está disponível no Hospital CUF Tejo. Porém, quando saiu de casa, João estava longe de imaginar a odisseia que estava prestes a ter início. “Deitei-me bem, mas às quatro da manhã acordei com dores bastante fortes na zona lombar e achei que seria qualquer coisa de rins. Quando às cinco não conseguia aguentar decidi ir à urgência”, conta. A partir daí, as memórias tornam-se difusas. “Na urgência, tentaram tirar-me as dores e às quatro da tarde decidiram levar-me para a Unidade de Cuidados Intensivos, mas eu já nem sequer dei conta. Estive seis dias em coma induzido, ligaram-me à ECMO, à máquina de hemodiálise… No conjunto tinha para aí uns 12 ou 15 tubos ligados a mim. Dito por quem os contou”, recorda João Ramos.
"Ter a família a visitar-me e a passar bastante tempo comigo foi muito importante”
Seis dias depois, acordou entubado. “Nunca tive uma única dor. Mas das piores coisas que pode haver é estar entubado”, admite João, que, a partir desse momento, passou a participar ativamente no processo de recuperação, que é uma das principais vantagens de recorrer à ECMO com o doente acordado. Mas o que é, afinal, a ECMO? “ECMO é um acrónimo que, em inglês, designa oxigenação extracorporal por membrana. É uma tecnologia que fornece suporte vital a doentes que têm compromisso da função cardíaca e/ou pulmonar”, explica João João Mendes, especialista em Medicina Intensiva no Hospital CUF Tejo. A ECMO funciona como uma bomba que retira quatro a seis litros de sangue por minuto, sendo as trocas gasosas do sangue feitas no exterior antes de o sangue ser reintroduzido na circulação do doente. O circuito funciona assim, como um pulmão artificial (ECMO-VV) ou como um coração artificial (ECMO-VA), até à recuperação do doente. “O que é diferenciador nesta filosofia do ECMO fully awake é que temos o doente completamente acordado e extubado.
João Ramos
+vida | 31
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