Revista + Vida 33 | Cuidados diferenciados transformam vidas

testemunhos

HISTÓRIAS FELIZES

Uma vida normal A cirurgia foi efetuada em regime de ambulatório, com recurso a anestesia local, isto é, no membro superior afetado. Inicialmente, foi realizada uma artroscopia do punho, um procedimento minimamente invasivo. “A artroscopia permite-nos ver, com recurso a uma câmara, o que se passa dentro das articulações para confirmar as roturas e ajudar à recuperação. Permite, muitas vezes, sem ter de se fazer uma abertura das articulações, avaliar o que está lesado e, em algumas situações, reparar só através de duas pequenas incisões”, afirma João Mota da Costa. No caso de Pedro Ferro, “acabámos por abrir parte da articulação para fazer a reparação do ligamento escafolunar, que não podia ser feita por via artroscópica”, continua o ortopedista e cirurgião plástico. A intervenção de profissionais especializados em problemas da mão e do punho, uma das estruturas mais complexas do corpo humano, foi essencial para o sucesso da cirurgia e para a rápida recuperação de Pedro Ferro. Após a intervenção cirúrgica, o pianista ficou com o braço imobilizado, com gesso, durante quase seis semanas, o que o impediu de tocar, em dezembro, na sessão de lançamento do novo CD do seu projeto musical. “A recuperação correu bem. Ao fim de três meses de fisioterapia, o Pedro estava preparado para voltar a tocar, mas como precisava de ter uma performance melhor na

mão, manteve a fisioterapia durante mais algum tempo para intensificar mais a parte da mobilidade”, recorda o médico. Pedro Ferro pôde regressar ao piano em fevereiro de 2022. “Comecei a tocar com muito cuidado, com muitas dores. Algo que faço com naturalidade, desde os quatro anos, passou a ser um esforço grande”, diz. E acrescenta: “depois, algures em maio, a recuperação já foi bastante mais rápida, porque exercitar contribuiu para uma grande evolução. Foi sempre feito com muito cuidado. Tocava 20 minutos e tinha de parar, com muitas dores”. Embora aconselhando o músico a “fazer a vida normal”, João Mota da Costa deixou um alerta: “tem de haver alguma atenção para que, no caso de agravamento de queixas, seja observado imediatamente. Nós sabemos que estas reparações que são feitas não vão criar estruturas iguais às que tinha antes. Tem sempre um processo cicatricial associado.” Voltar a fazer o que mais gosta foi um grande alívio para Pedro Ferro. Apesar de o punho direito ter perdido alguma funcionalidade, o pianista sente-se feliz. “Se não tivesse sido operado, hoje não conseguiria tocar piano. O cenário inicial era uma limitação muito mais grave do que aquela que tenho agora”, sublinha, acrescentando ter “uma grande confiança” nos profissionais da Unidade do Punho e Mão do Centro de Ortopedia e Traumatologia do Hospital CUF Descobertas, em Lisboa. “Eles são incríveis”, conclui.

Pedro Ferro, professor na Escola Superior de Música de Lisboa e no Instituto Gregoriano de Lisboa

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