Revista + Vida 33 | Cuidados diferenciados transformam vidas

A aposta na personalização dos cuidados, o trabalho de equipas altamente especializadas e articuladas entre si e o recurso a tecnologia de ponta fazem a diferença na forma como a CUF assegura cuidados de saúde de excelência, seja na vertente de prevenção, diagnóstico, tratamento ou acompanhamento de todas as necessidades. Uma abordagem diferenciada que tem vindo a transformar a vida de muitas pessoas.

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Cuidados diferenciados transformam vidas Graças a uma intervenção rápida e uma abordagem multidisciplinar, com recurso a tecnologia de ponta, a CUF torna os casos mais complexos em histórias com um final feliz

Inovação Descubra a técnica inovadora para tratar a dor osteoarticular, agora disponível na rede CUF Pauleta Lenda do futebol partilha a importância do acompanhamento médico e nutricional especializado na prática desportiva

Reportagem Como a CUF aposta no crescimento profissional dos colaboradores

editorial

Excelência clínica ao serviço dos doentes

A CUF faz parte do quotidiano de mais de 1.2 milhões de pessoas ao proporcionar cuidados de saúde de excelência, que vão desde a prevenção, diagnóstico, tratamento, e acompanhamento ao longo da vida. Cuidados que transformam a qualidade de vida de quem nos confia a sua saúde e a da sua família. A competência, especialização, diferenciação e multidisciplinaridade das nossas equipas clínicas , aliadas a equipamentos médicos com tecnologias de ponta e abordagens inovadoras , permitem alcançar diagnósticos precisos e tratamentos eficazes, capazes de dar resposta desde situações do dia a dia a casos clínicos mais complexos. A diferenciação clínica na rede CUF revela-se nesta edição da Revista + Vida através dos testemunhos das nossas equipas clínicas, mas sobretudo por via das histórias do pequeno Mateus Araújo, do João Monteiro Ramos, da Herminda Alves e da Catarina Lopes. O que irá ler nas próximas páginas são histórias que nos recordam diariamente o nosso propósito de salvar vidas e cuidar de quem precisa. Em cada uma destas histórias de vida, as nossas equipas tiveram um papel central ao garantir multidisciplinaridade, elevado nível de diferenciação e ao cuidarem de cada pessoa de forma individualizada e humanizada. São muitas as vidas que mudaram ou se alteraram em função dos cuidados prestados pelas equipas da CUF e o mesmo acontece com os nossos colaboradores. Na CUF, somos incentivados a crescer pessoal e profissionalmente, porque sabemos que a CUF será tão mais robusta quanto mais realizados estiverem os que dela fazem parte. Para que tal aconteça promovemos ambientes de trabalho colaborativos, inclusivos e equitativos. Procuramos investir em oportunidades de desenvolvimento porque é importante que todos os que aqui trabalham consigam atingir os seus objetivos individuais, priorizando a sua progressão e implementando medidas que contribuam para sua realização, tanto no âmbito profissional quanto pessoal. Neste contexto, sugiro que conheçam, nesta edição, as histórias do Mário Ribeiro, da Severina Cravid, do Hélder Amorim e do Antonino Nunes, profissionais que encontraram na CUF um espaço de crescimento e desenvolvimento profissional e pessoal. Também elas histórias de sucesso, entre muitas outras, que refletem o percurso

Rui Diniz Presidente da Comissão Executiva da CUF

sólido que a CUF tem vindo a percorrer. Na CUF, acreditamos no valor das pessoas e no seu crescimento individual, em benefício de quem diariamente procura cuidados de excelência. Boas leituras.

notícias

conhecimento 54 Aprenda mais sobre uma das principais causas de cegueira curável no mundo. 56 Fique a conhecer um conjunto de tratamentos para a incontinência urinária e outras disfunções. 57 Esclareça as suas dúvidas sobre a Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética. Conselhos e Dicas Catarata Descomplicador Reabilitação do pavimento pélvico Verdades e Mitos Cirurgia plástica

5 Todas as notícias na área

44 Conheça a unidade da CUF que trata as doenças oncológicas 48 Aprenda mais a respeito da solução que corrige o Família Alinhadores dentários do fígado, vias biliares e pâncreas, cuja incidência está a aumentar em Portugal. desalinhamento dos dentes e maxilares de forma invisível. 50 Saiba mais sobre os problemas que podem surgir na infância e impactar o bem-estar e desenvolvimento até à idade adulta. Infantil Saúde mental das crianças Oncologia Cancros hepatobiliopancreáticos

da saúde e ainda as novidades da CUF.

testemunhos

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Histórias Felizes Pedro Ferro

Conheça o caso do pianista que quase viu a sua carreira terminar devido a um acidente, mas que recuperou graças à CUF.

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CUF Kids Obesidade

Descubra os testemunhos de quatro colaboradores sobre as oportunidades profissionais que a CUF lhes proporciona, desde progressão na carreira a experiências internacionais. Reportagem Como a CUF aposta no crescimento profissional dos colaboradores

Explique aos mais novos como podem ter um estilo de vida saudável.

52 Fique a par desta técnica inovadora que melhora a Inovação Embolização musculoesquelética

qualidade de vida dos doentes com dor osteoarticular.

foco 18 Especial

As vidas que a CUF transforma Conheça a história de quatro famílias cujas vidas foram impactadas para sempre pelos cuidados diferenciados prestados pelas equipas multidisciplinares da CUF.

A CUF é líder na prestação de cuidados de saúde no setor privado em Portugal, desenvolvendo a sua atividade através de 30 hospitais e clínicas de Norte a Sul do país. Conselho Editorial: Direção de Comunicação da CUF Edição: Adagietto • R. Centro Cultural, 6A, 1700-107 Lisboa Coordenação: Francisco Jacobetty, Carolina Bento Redação: Andreia Vieira, Fátima Mariano, Inês Pereira, Júlia Serrão, Rita Vassal e Susana Torrão Paginação: Joana Mota e Sara da Mata Fotografia: António Pedrosa, Carlos Teles, Diana Tinoco, Gonçalo Delgado, José Fernandes, Pedro Martins, Luís Catarino (4SEE), e CUF • Imagens: iStock Propriedade: CUF • Av. do Forte, Edifício Suécia, III - 2.º 2790-073 Carnaxide Impressão e acabamento: Lidergraf

saúde 40 Fique a par da importância de Desporto O exemplo de uma lenda do futebol

um acompanhamento desportivo e nutricional especializado através do testemunho de Pauleta, ex-futebolista profissional.

Tiragem: 2640 exemplares Depósito legal: 308443/10 Publicação: Junho de 2024 Distribuição gratuita

notícias

CUF REFORÇA PRESENÇA NO NORTE DO PAÍS

NASCEU A CLÍNICA CUF BARREIRO A CUF fortalece a sua presença no distrito de Setúbal com a abertura da Clínica CUF Barreiro. De segunda-feira a sábado, é possível marcar consultas de diversas especialidades médicas e cirúrgicas e aceder a meios complementares de diagnóstico, desde análises clínicas até exames de Cardiologia e ecografia ginecológica e obstétrica. No final deste ano, a Clínica CUF Barreiro vai mudar-se para uma nova localização, situada na Quinta da Lomba. O novo espaço, com uma área superior a mil metros quadrados, será construído de raiz para alojar 30 gabinetes de consulta, exames ou tratamento, de várias especialidades, assim como instalações e equipamentos modernos.

A CUF DEU UM PASSO SIGNIFICATIVO NA EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DA SUA REDE NACIONAL DE CUIDADOS DE SAÚDE COM A AQUISIÇÃO DO GRUPO CLÍNICA MÉDICA ARRIFANA DE SOUSA, UMA REFERÊNCIA NA PRESTAÇÃO PRIVADA DE CUIDADOS DE SAÚDE NO TÂMEGA E SOUSA. Com quase 80 anos de experiência na prestação de cuidados de saúde, a rede CUF fortalece, com esta aquisição, a sua presença no Norte do país e reforça a oferta de cuidados diferenciados e de qualidade na região do Tâmega e Sousa. Este passo representa a aquisição de um Hospital em Penafiel e seis clínicas localizadas em Penafiel, Paredes, Lousada, Marco de Canaveses, Vila Meã e Alpendurada e a integração de 700 colaboradores. Com mais de 30 especialidades médicas e cirúrgicas, estas unidades dispõem de uma capacidade instalada diferenciada e de uma oferta alargada de serviços clínicos.

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notícias

TÉCNICA INOVADORA REALIZADA PELA PRIMEIRA VEZ EM PORTUGAL

David Subirá, Coordenador de Urologia do Hospital CUF Tejo, desenvolveu e publicou em 2023 esta nova técnica que agora realiza na CUF, utilizando um molde denominado RSD, que permite reconstruir o rim sem a utilização de material de sutura cirúrgica convencional. Com esta abordagem é possível reduzir o dano renal e, potencialmente, o risco de insuficiência renal e as complicações associadas à utilização de material de sutura convencional. Esta nova técnica cirúrgica possibilita a nefrectomia parcial, ou seja, corrige apenas a parte doente do rim, que será, na mesma cirurgia, reconstruído com recurso a molde 3D concebido especificamente para cada doente. A abordagem desenvolvida pelo urologista permite preservar a parte saudável do órgão, com o potencial benefício de preservar a função renal pós-operatória. O HOSPITAL CUF TEJO REALIZOU, PELA PRIMEIRA VEZ EM PORTUGAL, O TRATAMENTO DO CANCRO RENAL COM RECURSO À TÉCNICA DE NEFRECTOMIA PARCIAL ROBÓTICA RSD.

UNIDADE DA OBESIDADE DO HOSPITAL CUF SANTARÉM RECEBE RECONHECIMENTO EUROPEU A Associação Europeia para o Estudo da Obesidade (EASO) acreditou a Unidade da Obesidade do Hospital CUF Santarém pela elevada qualidade dos cuidados de saúde prestados. Com a distinção da EASO, a Unidade da Obesidade do Hospital CUF Santarém passa a fazer parte de um restrito número de entidades acreditadas, tendo agora a oportunidade de integrar estudos com o objetivo de desenvolver orientações transversais para toda a Europa, em matéria de obesidade.

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CUF É A GRANDE VENCEDORA DOS PRÉMIOS EUROPEUS DE HOSPITALIZAÇÃO PRIVADA

A CUF conquistou quatro das sete categorias a concurso nos European Private Hospital Awards 2024, que este ano se realizaram em Bucareste, na Roménia. Neste evento, foram distinguidas as melhores iniciativas do setor hospitalar privado e premiados os prestadores de saúde europeus com melhor desempenho. Os projetos reconhecidos nestes prémios destacam-se pela excelência e boas práticas, bem como pelo impacto positivo e direto na vida dos cidadãos e no setor da Saúde. OS PROJETOS VENCEDORES DA CUF SÃO: • Unidade de Dor Aguda do Hospital CUF Descobertas , • CELLA Medical Solutions , na categoria Health Tech Innovation of the Year • LEAD – Logistics

na categoria Empowering Patient Care Experience ; • CLARA – Assistente virtual de follow-up pós-cirúrgico , na categoria Best Integration of AI in Healthcare

Efficiency with Analytics Development , na categoria Outstanding Collaborative Initiatives in Healthcare

A CUF, em parceria com o Santander Portugal, criou o CUF Santander, um novo produto que promove o acesso a cuidados de saúde, exclusivo para clientes do banco e disponibilizado pela Aegon Santander Portugal. SANTANDER E CUF JUNTOS PELO ACESSO A CUIDADOS DE SAÚDE

CUF É LÍDER NA GESTÃO DE PESSOAS EM SAÚDE

A CUF venceu o 1.º lugar na categoria Saúde e Farmacêutica e alcançou o 8.º lugar na categoria Grandes Empresas na 8.ª edição do Índice da Excelência, o maior estudo de clima organizacional e desenvolvimento do capital humano em Portugal. Esta distinção é um “motivo de orgulho” e reflete “as medidas que temos vindo a implementar no acompanhamento e apoio às mais de 15 mil pessoas que trabalham na rede CUF”, afirma José Luís Carvalho, Diretor de Gestão de Pessoas.

VANTAGENS DO CUF SANTANDER: • Acesso a todos os serviços com preços especiais

Conheça todos os benefícios através deste código QR:

• Oferta da primeira consulta anual de especialidade e de check-up anual de Medicina Dentária • Relatório de segunda opinião médica elaborado por especialistas da rede médica internacional • Sem período de carência e sem plafond de utilização

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notícias

SERVIÇO DE MEDICINA DENTÁRIA AO DOMICÍLIO Para uma maior conveniência, a CUF criou o serviço de Medicina Dentária ao Domicílio, possibilitando a realização de tratamentos e avaliações clínicas sem deslocações a um hospital ou clínica. Esta nova oferta, disponível neste momento na Grande Lisboa, procura promover a sinergia entre os serviços de saúde oral e saúde geral, áreas que estão em permanente articulação na rede CUF. A abordagem preventiva e de tratamento, realizada pela equipa de médicos dentistas, tem por objetivo manter e/ou restabelecer a saúde oral do doente, seja qual for o seu grau de autonomia.

RELATÓRIO BIENAL DA CUF ONCOLOGIA A terceira edição do Relatório da CUF Oncologia, com o mote “Estamos presentes em todos os momentos”, já está disponível. A publicação dá a conhecer a história de vários doentes e o trabalho das equipas que, em rede, garantem uma resposta articulada, próxima e humanizada. Reflete os dados da atividade clínica e de investigação de 2022 e 2023, período em que a CUF Oncologia realizou mais de 13 mil novos diagnósticos e tratou mais de 9 mil doentes.

Consulte através deste código QR o Relatório da CUF Oncologia 2022-2023

EXAME PNEUMOLÓGICO DIFERENCIADO CHEGA AO PORTO, COIMBRA E VISEU

Com o intuito de ir cada vez mais ao encontro das necessidades de cada doente e família através de uma resposta diferenciada, o Hospital CUF Coimbra criou a Unidade de Parkinson e Doenças do Movimento. Nesta unidade multidisciplinar, o doente é avaliado e acompanhado por uma equipa composta por especialistas em Neurologia, Neurocirurgia, Psiquiatria, Neuropsicologia, Fisioterapia e Enfermagem. Para além de consultas, a unidade tem a vertente de Hospital de Dia e internamento para doentes com necessidade de um ajuste terapêutico mais complexo. HOSPITAL CUF COIMBRA CRIA UNIDADE DE PARKINSON E DOENÇAS DO MOVIMENTO

Já se encontra disponível nos hospitais CUF Porto, CUF Coimbra e CUF Viseu o novo equipamento de ecoendoscopia brônquica, também designado EBUS (Endobronchial Ultrasound), complementando a oferta já existente no Hospital CUF Tejo. Este exame permite a observação da traqueia, brônquios e de estruturas circundantes à árvore brônquica. Além disso, possibilita a realização de biópsias de forma segura, não invasiva e precisa, através do controlo ecográfico. O EBUS tem um papel muito importante no diagnóstico e estadiamento do cancro do pulmão, assim como no diagnóstico de outras patologias pulmonares.

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COLABORADORES DA CUF PLANTAM MIL ÁRVORES NO PINHAL DE LEIRIA A CUF, em parceria com a Quercus, promoveu uma ação de voluntariado ambiental para a plantação de mil árvores autóctones no Pinhal de Leiria. Esta ação, inserida no voluntariado corporativo da CUF – em que todos os colaboradores têm 40 horas anuais para fazer voluntariado, em horário de trabalho –, levou cerca de 50 profissionais a plantar pinheiros-mansos no talhão 58 de Vieira de Leiria, uma das áreas mais afetadas pelo incêndio de 2017.

HOSPITAL CUF TRINDADE ENSINA A SALVAR VIDAS

O Hospital CUF Trindade, com o apoio da Câmara Municipal do Porto e do Metro do Porto, realizou um curso gratuito de Suporte Básico de Vida na Praça da Estação de Metro da Trindade. Esta ação, que juntou mais de uma centena de pessoas, teve como principal objetivo ensinar a reconhecer e agir perante situações de emergência. A iniciativa foi coordenada pela equipa de profissionais da CUF Academic Center.

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testemunhos HISTÓRIAS FELIZES

Em novembro de 2021, o pianista Pedro Ferro sofreu uma fratura complexa no punho direito que ameaçou colocar um ponto final no seu percurso na música. Mas graças à rápida intervenção dos profissionais da Unidade do Punho e Mão do Centro de Ortopedia e Traumatologia do Hospital CUF Descobertas, o artista voltou a tocar apenas quatro meses depois. “Se não tivesse sido operado, hoje não conseguiria tocar piano”

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JOSÉ FERNANDES (4SEE)

Pedro Ferro e João Mota da Costa , Ortopedista e Cirurgião Plástico da Unidade do Punho e Mão do Centro de Ortopedia e Traumatologia do Hospital CUF Descobertas

A quela sexta-feira, 5 de novembro de 2021, jamais sairá da memória do pianista Pedro Ferro, de 44 anos. Na sequência de um acidente de viação “bastante aparatoso”, quando se deslocava para a Escola Superior de Música de Lisboa, sofreu uma fratura complexa no punho direito que poderia obrigá-lo a abandonar a sua grande paixão: tocar piano. “No princípio, não me apercebi de que tinha algo de muito grave na mão. Ao fazer os exames é que se detetou que tinha várias lesões no punho. O médico aconselhou-me a consultar um especialista o quanto antes. Aí é que me apercebi de que isto poderia ser algo complicado”, recorda o professor na Escola Superior de Música de Lisboa e no Instituto Gregoriano de Lisboa. Este tomar de consciência da seriedade do seu problema de saúde e do impacto que este poderia ter no seu futuro profissional assustou-o. “Precisamente por ser pianista, isto tornou-se algo bastante dramático para mim”, diz Pedro Ferro, neto e filho de músicos e apaixonado pelo piano desde criança. Dada a gravidade do ferimento, o pianista decidiu consultar de imediato João Mota da Costa, ortopedista e cirurgião plástico da Unidade do Punho e Mão do Centro de Ortopedia e Traumatologia do Hospital CUF Descobertas, em Lisboa,

que já o acompanhava há algum tempo, devido às lesões frequentes no pulso resultantes do exercício da sua profissão. Na primeira consulta, João Mota da Costa confirmou os maiores receios do pianista. “Tinha uma fratura no escafoide, uma rotura entre o escafoide e o semilunar e também na cartilagem triangular que liga o rádio ao cúbito”, explica o médico, referindo que este tipo de trauma é “frequente, principalmente em acidentes de mota e desportivos”. Após realizar uma TAC e uma ressonância magnética, Pedro Ferro voltou à consulta com o ortopedista. Tendo em conta a complexidade do ferimento, a cirurgia era o único tratamento possível. “Não dava para fazer só imobilização”, justifica João Mota da Costa. A intervenção cirúrgica realizou-se na semana seguinte e a celeridade do processo foi crucial para evitar o agravamento do estado de saúde do artista. “Foi tudo muito rápido. O Dr. Mota da Costa e a CUF foram incríveis. Foram muito rápidos. Estava num estado de nervos muito grande e toda a gente me ajudou. Foram impecáveis”, sublinha o pianista. O facto de poder ter de desistir daquilo que sempre quis fazer deixou Pedro Ferro num estado de grande angústia e ansiedade. “No início, tive inclusivamente acompanhamento psicológico”, assume o pianista, que nunca se imaginou a fazer algo que não fosse tocar piano: “É o que eu adoro fazer”.

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JOSÉ FERNANDES (4SEE)

testemunhos

HISTÓRIAS FELIZES

Uma vida normal A cirurgia foi efetuada em regime de ambulatório, com recurso a anestesia local, isto é, no membro superior afetado. Inicialmente, foi realizada uma artroscopia do punho, um procedimento minimamente invasivo. “A artroscopia permite-nos ver, com recurso a uma câmara, o que se passa dentro das articulações para confirmar as roturas e ajudar à recuperação. Permite, muitas vezes, sem ter de se fazer uma abertura das articulações, avaliar o que está lesado e, em algumas situações, reparar só através de duas pequenas incisões”, afirma João Mota da Costa. No caso de Pedro Ferro, “acabámos por abrir parte da articulação para fazer a reparação do ligamento escafolunar, que não podia ser feita por via artroscópica”, continua o ortopedista e cirurgião plástico. A intervenção de profissionais especializados em problemas da mão e do punho, uma das estruturas mais complexas do corpo humano, foi essencial para o sucesso da cirurgia e para a rápida recuperação de Pedro Ferro. Após a intervenção cirúrgica, o pianista ficou com o braço imobilizado, com gesso, durante quase seis semanas, o que o impediu de tocar, em dezembro, na sessão de lançamento do novo CD do seu projeto musical. “A recuperação correu bem. Ao fim de três meses de fisioterapia, o Pedro estava preparado para voltar a tocar, mas como precisava de ter uma performance melhor na

mão, manteve a fisioterapia durante mais algum tempo para intensificar mais a parte da mobilidade”, recorda o médico. Pedro Ferro pôde regressar ao piano em fevereiro de 2022. “Comecei a tocar com muito cuidado, com muitas dores. Algo que faço com naturalidade, desde os quatro anos, passou a ser um esforço grande”, diz. E acrescenta: “depois, algures em maio, a recuperação já foi bastante mais rápida, porque exercitar contribuiu para uma grande evolução. Foi sempre feito com muito cuidado. Tocava 20 minutos e tinha de parar, com muitas dores”. Embora aconselhando o músico a “fazer a vida normal”, João Mota da Costa deixou um alerta: “tem de haver alguma atenção para que, no caso de agravamento de queixas, seja observado imediatamente. Nós sabemos que estas reparações que são feitas não vão criar estruturas iguais às que tinha antes. Tem sempre um processo cicatricial associado.” Voltar a fazer o que mais gosta foi um grande alívio para Pedro Ferro. Apesar de o punho direito ter perdido alguma funcionalidade, o pianista sente-se feliz. “Se não tivesse sido operado, hoje não conseguiria tocar piano. O cenário inicial era uma limitação muito mais grave do que aquela que tenho agora”, sublinha, acrescentando ter “uma grande confiança” nos profissionais da Unidade do Punho e Mão do Centro de Ortopedia e Traumatologia do Hospital CUF Descobertas, em Lisboa. “Eles são incríveis”, conclui.

Pedro Ferro, professor na Escola Superior de Música de Lisboa e no Instituto Gregoriano de Lisboa

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TENDINITES SÃO O PROBLEMA MAIS COMUM NOS MÚSICOS De acordo com João Mota da Costa, ortopedista e cirurgião plástico da Unidade do Punho e Mão do Centro de Ortopedia e Traumatologia do Hospital CUF Descobertas, um dos problemas mais comuns nos músicos são as tendinites, “por causa dos movimentos repetitivos”. “É preciso que os artistas tenham noção de que não podem praticar permanentemente, entre oito e dez horas por dia. Têm de fazer períodos de descanso, em que façam outro tipo de atividades que não envolvam o movimento repetitivo das mãos”, refere.

CENTRO INTERNACIONAL DE MEDICINA DAS ARTES Fundado em 2020, no Instituto CUF Porto, o Centro Internacional de Medicina das Artes (CIMArt) é o primeiro em Portugal exclusivamente dedicado à abordagem clínica de músicos, bailarinos, atores e outros artistas performativos. Porquê um Centro especializado para os artistas? A maioria dos músicos e bailarinos desenvolvem dor ou lesões no contexto da prática do instrumento musical / dança ou mesmo noutros contextos, que influenciam negativamente a qualidade da performance e outros aspetos da vida do artista. No CIMArt, é feita a avaliação e tratamento da dor ou lesões desenvolvidas pelos artistas, que acabam por afetar todas as áreas da sua vida. Integra médicos especializados em Medicina das Artes Performativas, Medicina Física e Reabilitação, Medicina da Dor e Medicina Desportiva, além de outras áreas da saúde como, por exemplo, a Terapia da Fala, Dermatologia, Psiquiatria e Psicologia. A este centro pioneiro podem também recorrer os artistas que queiram melhorar o seu desempenho e participar em programas de prevenção de lesões ou em formação nesta área. Quais os problemas mais comuns desenvolvidos pelos músicos, bailarinos, atores e outros artistas? • Dor • Problemas musculoesqueléticos • Problemas neurológicos • Problemas de voz • Problemas dermatológicos • Problemas de saúde mental Esses problemas devem ser avaliados e tratados precocemente por médicos especializados nesta área. Saiba mais sobre este Centro diferenciado • Problemas auditivos • Problemas orofaciais e dentários

SABIA QUE...

A mão é composta por 27 ossos, além de inúmeros ligamentos, tendões, estruturas nervosas e vasculares. Esses ossos estão divididos em três grupos: o carpo (punho), o metacarpo (ossos da palma da mão) e as falanges (ossos dos dedos).

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testemunhos

REPORTAGEM

O desenvolvimento da carreira dos colaboradores é um dos principais focos da CUF, que assume a responsabilidade permanente de criar oportunidades de realização profissional, garantir estabilidade laboral e pessoal, promover a inclusão e, ainda, atrair e reter os melhores talentos. “ Como uma família.” É desta forma que Antonino Nunes, Hélder Amorim, Mário Ribeiro e Severina Cravid se referem à CUF, empresa que os fez sentir-se em casa desde o primeiro dia. Embora os quatro colaboradores desempenhem funções e tenham tido percursos bastante diferentes entre si, são unânimes em destacar o papel que a CUF desempenha em garantir oportunidades de progressão aos seus profissionais, apostando na sua formação e, também, na conciliação entre a vida profissional e pessoal. Como a CUF aposta no crescimento profissional dos colaboradores

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Construir o sucesso em conjunto A CUF é composta por uma imensa diversidade de perfis e tem construído, com as suas lideranças, inúmeras histórias de carreiras de sucesso, como a de Severina Cravid. A ex-atleta de alta competição trocou os campeonatos europeus e mundiais de atletismo pela saúde, mas antes de poder vestir a farda de fisioterapeuta – papel que hoje desempenha no Hospital CUF Descobertas – começou como Auxiliar de Ação Médica no antigo Hospital CUF Infante Santo, em 2010. O que se seguiu foram anos a estudar e a trabalhar ao mesmo tempo, um desafio que ultrapassou com a ajuda da CUF, que lhe permitiu conciliar horários, e com o apoio constante da sua família. Concluído o curso em 2013, continuou a especializar-se como fisioterapeuta e, em 2016, teve a oportunidade de integrar a equipa de fisioterapeutas do Hospital CUF Descobertas. “Cheguei onde cheguei também graças à equipa”, afirma. Mas não ficou por aqui: em 2019, juntou-se aos Cuidados Domiciliários da CUF. Entre os vários fatores que terão contribuído para o seu percurso de sucesso, Severina não hesita em apontar como determinante “a oportunidade proporcionada pelo Hospital CUF Descobertas e pela equipa de Fisioterapia”. Além disso, revela que, mesmo durante o curso superior, “o facto de já estar a trabalhar na CUF e ter experiência em contexto hospitalar foi uma mais-valia”. podem ser ainda melhores noutras funções para as quais têm apetência e interesse”. Outra dimensão realçada por Mário Ribeiro prende-se com a promoção do bem-estar dos colaboradores. “A CUF é certificada como Empresa Familiarmente Responsável, disponibilizando uma vasta rede de apoios para promover o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal”. Como exemplos, refere “o horário de marcação das reuniões” – não são agendadas reuniões a começar antes das 9h30 nem a acabar depois das 17h30 – e “a possibilidade de estar presente no primeiro dia de escola dos filhos”. “Embora haja uma preocupação com o negócio e com toda a funcionalidade, não se descura, de todo, a preocupação com os colaboradores e isso é algo que me dá muito orgulho”, afirma o Diretor do Hospital CUF Santarém. “Na CUF, o foco é puxar para cima e tratar bem as pessoas. Vejo-nos como uma família”, remata.

Mário Ribeiro , Diretor do Hospital CUF Santarém

Mobilidade interna e meritocracia Mário Ribeiro começou a trabalhar na CUF como Técnico de Recursos Humanos no Centro Corporativo de Carnaxide. Em 2011, porém, não poderia imaginar que hoje, aos 37 anos, seria Diretor do Hospital CUF Santarém. Chegou à unidade em 2017 como Gestor de Produção e o seu desempenho foi reconhecido com o convite para assumir a liderança, em 2022. Esta oportunidade, diz, “foi uma enorme surpresa, um grande desafio, uma confluência de emoções”. De técnico a diretor de uma unidade de saúde, o seu percurso é um exemplo claro de mobilidade interna e de progressão na carreira. Mas Mário Ribeiro apressa-se a dizer que casos como o seu “há vários na CUF”, onde as oportunidades surgem consoante o mérito, explica. Além disso, “a CUF faz uma aposta muito grande nos recrutamentos internos”, ou seja, “as oportunidades são partilhadas com os colaboradores. Existe uma dinâmica de identificação de colaboradores que são excelentes no que fazem, mas

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testemunhos

REPORTAGEM

tendo assumido em 2018 a área de melhoria contínua na Direção de Compras e Logística. Em 2019 passou a coordenar a logística hospitalar e operacional das unidades da região Norte e Centro, e em 2022 das unidades de toda a rede, até chegar à dupla função de responsável pela Gestão Integrada da Farmácia CUF e de Gestor na CUF Oncologia, que hoje desempenha. Todas estas mudanças num espaço de 14 anos foram entusiasmantes para Hélder Amorim. “Eu gosto de ser desafiado, isso faz com que esteja mais apaixonado pelo trabalho que estou a fazer. A mim assusta-me a rotina”, admite. Mais do que cumprir as suas metas diárias, Hélder tenta todos os dias “pegar numa base, transformá-la e entregar algo diferente e melhor”. E tal não seria possível sem a postura da CUF, uma empresa que “percebe quais são os interesses e as capacidades das pessoas e onde é que as pode aproveitar e potenciar”, explica.

Severina Cravid , Fisioterapeuta no Hospital CUF Descobertas

É com gratidão e humildade, mas também com orgulho, que Severina Cravid fala sobre o seu percurso profissional. “Gosto de aprender e de ouvir. A disciplina e a persistência são valores que trouxe do desporto de alta competição e que me têm ajudado ao longo da vida. Os atletas têm disciplina e não desistem”. Questionada sobre aquilo que mais a encanta no seu trabalho, responde sem vacilar: “o sorriso dos doentes, vê-los satisfeitos com o meu trabalho”. Desafios que ajudam a crescer Também a carreira de Hélder Amorim evoluiu para patamares, à primeira vista, improváveis. O seu percurso na CUF começou em 2010 enquanto Enfermeiro Gestor do Bloco Operatório, tendo integrado a equipa que abriu o Hospital CUF Porto. Mas, em poucos anos, começou a desempenhar “funções mais transversais e ligadas à normalização e eficiência de consumíveis clínicos”,

Hélder Amorim , Responsável pela Gestão Integrada da Farmácia CUF e Gestor na CUF Oncologia

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JOSÉ FERNANDES E ANTÓNIO PEDROSA (4SEE)

Para o caminho que tem percorrido na CUF, assume que a sua formação em Gestão – área na qual tem uma pós- graduação e um MBA – acabou por ser “determinante porque me deu competências e legitimidade”, justifica. A CUF também foi fundamental ao longo da sua educação, uma vez que apoiou as suas formações, “quer em tempo, quer com uma parte das propinas do MBA”, além de o ter desafiado, em 2018, a participar no HOPE, um programa de intercâmbio europeu, através do qual esteve no País Basco, em Espanha, durante um mês. Este apoio é apenas um exemplo da forma como a CUF coloca as pessoas em primeiro lugar, motivo que o deixa orgulhoso por fazer parte da história da organização que tem um legado muito forte de quase 80 anos na saúde, sendo também indiscutível a liderança da CUF na prestação de cuidados de saúde em Portugal”.

A DIVERSIDADE NA CUF 81% 19% Feminino Masculino 66%

41% Mulheres em cargos de decisão

Mulheres em cargos de chefias

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Trabalhadores com deficiência ou incapacidade

Ultrapassar barreiras através da inclusão Reforçar o recrutamento inclusivo, nomeadamente de pessoas com deficiência, investindo na sua formação e capacitação, tem sido uma aposta da CUF. Antonino Nunes, atual Administrativo da Direção de Produção do Instituto CUF Porto, não esquece a oportunidade que lhe foi oferecida pela CUF, em 2013, na sequência de um estágio profissional promovido pela Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal. Antes disso, Antonino passara por três empresas do ramo automóvel, mas quando o seu problema de visão se agravou e acabou por cegar viu-se forçado a mudar de rumo. A partir daí, enfrentou alguns desafios na procura por um novo emprego. “Toda a gente me dizia que era muito difícil”, conta. Até que encontrou a solução na CUF. “No estágio, fiz o melhor que sabia e podia, pelo que a oportunidade de emprego foi o reconhecimento pelo meu esforço”, admite. Antonino destaca a importância, em termos sociais, de haver empresas como a CUF, que não só promovem a inclusão, como mantêm uma rede de contacto direto com instituições. “Quando as pessoas sabem que alguém com deficiência está a trabalhar ou leva uma vida normal, ficam admiradas, mas é bom haver exemplos para acabar com esse estigma”. Nesse sentido, realça o efeito inspirador deste comportamento inclusivo: “já várias pessoas me têm dito que sou um exemplo e falam do meu caso a pessoas com deficiência que conhecem, para as incentivar e não desistirem”. Da experiência profissional que tem tido na CUF, aponta “camaradagem” como o ponto mais positivo. “Desde que cheguei cá senti sempre muito carinho. A CUF procurou ajudar-me e mostrou sempre preocupação com a minha inclusão”.

Antonino Nunes , Administrativo da Direção de Produção do Instituto CUF Porto

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ANTÓNIO PEDROSA (4SEE)

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AS VIDAS QUE A CUF TRANSFORMA A aposta na personalização dos cuidados,

o trabalho de equipas altamente especializadas e articuladas entre si e o recurso a tecnologia de ponta fazem a diferença na forma como a CUF assegura cuidados de saúde de excelência, seja na vertente de prevenção, diagnóstico, tratamento ou acompanhamento de todas as necessidades. Uma abordagem diferenciada que tem vindo a transformar a vida de muitas pessoas. O momento em que uma criança de dois anos volta a andar e a comunicar normalmente, já livre de perigo; os passeios diários de cinco quilómetros de uma mãe octogenária, após um coração reconstruído; o regresso a casa do marido que um mês antes corria risco de vida; ou o resultado positivo – e há muito ansiado – de um teste de gravidez são momentos de tal forma especiais que dificilmente serão esquecidos por quem os viveu. Em todos eles, as equipas da CUF tiveram um papel fundamental: reunindo profissionais de diferentes especialidades e com um elevado nível de diferenciação, que avaliaram e trataram cada doente como uma pessoa única, com recurso às tecnologias mais avançadas. Com o doente no centro dos cuidados, a CUF tem vindo a trabalhar para assegurar cuidados individualizados, garantindo resposta a todos os casos, mesmo aos mais complexos. Um compromisso que se traduz em diagnósticos precisos e tratamentos eficazes, assumindo uma comunicação direta com o doente em todos os momentos e a inclusão da família na sua recuperação física e emocional. E se tratar, recuperar e devolver a qualidade de vida são alguns dos objetivos principais das equipas da CUF, a prevenção – através da deteção precoce, aconselhamento sobre hábitos de vida saudáveis ​e educação para a saúde – está na ordem do dia. Nesta edição da Revista + Vida, partilhamos histórias que, pelo seu caráter singular, mostram o efeito transformador da CUF na vida dos seus doentes.

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AS VIDAS QUE A CUF TRANSFORMA

O caso de um pequeno herói

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LUÍS CATARINO (4SEE)

Mateus Murtinheira Araújo, 2 anos Diagnóstico de doença grave e rara: encefalomielite aguda disseminada Sintomas muito inespecíficos e idade elevaram o grau de complexidade Tratamento iniciado com rapidez a fim de evitar sequelas graves e irreversíveis Recuperação total

“Vamos para o hospital onde ele nasceu!”. A braços com o filho, que em poucas horas tinha perdido a capacidade de andar e falava cada vez menos, era claro para Andreia Murtinheira e o marido que algo de muito errado se passava. Com a madrugada adiantada, o Hospital CUF Descobertas, onde dois anos e meio antes Mateus tinha nascido, surgiu como o local onde acorrer num momento de urgência. A condição do menino tinha-se deteriorado em pouco tempo. Há uma semana com febre, resultado de uma otite e de uma amigdalite, Mateus começou a revelar comportamentos pouco habituais no dia em que a temperatura parecia estar a baixar. “Foi um dia em que falou muito menos, em que queria estar deitado ou sentado e ao fim da tarde já não dizia nada e puxava-nos para ir para a cama. Até que ele se deita e passadas duas ou três horas levanta-se e cai, chora e não fala. Foi aí que o levámos para o hospital”, conta Andreia, que ainda se emociona ao falar do caso. Também Hugo de Castro Faria, Coordenador de Pediatria do Hospital CUF Descobertas, tem bem presente a situação de Mateus Murtinheira Araújo, que se distingue não só pela relativa raridade da doença em si – uma encefalomielite aguda disseminada – como pelo facto de a equipa ter conseguido chegar ao diagnóstico em tempo útil, com base em sintomas muito inespecíficos, e de ter instituído a terapêutica adequada precocemente.

Equipas envolvidas: Pediatria, Ortopedia Pediátrica, Medicina Nuclear, Neurologia Pediátrica, Neurofisiologia, Radiologia, Neurorradiologia, Medicina Física e Reabilitação, Patologia Clínica, Enfermagem

Hugo de Castro Faria • Coordenador de Pediatria do Hospital CUF Descobertas

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DIANA TINOCO (4SEE)

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“Esta é uma doença que pode ser devastadora. Pode deixar sequelas graves e tem uma mortalidade significativa”, explica o médico, que refere ainda os desafios colocados pela idade do menino, “em que os sintomas são sempre inespecíficos”. “Uma criança de dois anos e meio não tem a capacidade de explicar o que sente”, diz. É, pois, muito importante a observação da criança e uma boa comunicação com os pais para conseguir chegar à informação que a criança não é capaz de transmitir. No caso do Mateus, o estado de consciência alterado – a alternar entre a prostração e a extrema irritabilidade – e a recusa em andar ou falar preocuparam a equipa médica que, à partida, colocou a hipótese de se tratar de um problema neurológico. “No início não encontrámos um diagnóstico óbvio”, conta Hugo de Castro Faria. “Não tinha sinais clínicos de uma meningite, não se encontrava um ponto doloroso onde pudesse ter uma infeção osteoarticular que justificasse a recusa da marcha, e acabámos por fazer umas análises ao sangue”, conta o médico. Os resultados dos exames revelavam uma elevação dos níveis de infeção bacteriana, tendo depois sido feita uma punção lombar para descartar a possibilidade de meningite, e o exame pela Ortopedia Pediátrica. Ao mesmo tempo, foi iniciado tratamento com antibióticos e pedida uma cintigrafia, um exame de Medicina Nuclear que permite avaliar uma possível infeção dos ossos. “No segundo dia, com a cintigrafia negativa, tivemos de ir à procura de outras causas. Em termos de diagnóstico, foi a nossa observação do Mateus que nos continuou a preocupar”, recorda Hugo de Castro Faria. Seguiu-se um electroencefalograma, que mostrava uma lentificação da atividade cerebral. “É um achado inespecífico, mas que muitas vezes se encontra nas encefalites – e ajustámos a medicação para incluir um antiviral, porque estas encefalites podem ser causadas por um vírus – e depois realizámos

Lia Neto • Neurorradiologista no Hospital CUF Descobertas

uma ressonância magnética”, conta o médico. Feito o exame, a equipa pôde finalmente chegar a um diagnóstico de encefalomielite aguda disseminada e iniciar o tratamento com corticoides. “Termos conseguido o diagnóstico atempado, com base em sintomas que ainda eram muito inespecíficos, e instituir uma terapêutica adequada precocemente, melhorou francamente o prognóstico e contribuiu para que o Mateus conseguisse ter uma recuperação total e sem sequelas”, afirma Hugo de Castro Faria. “Podíamos ter ficado tranquilos com todos os exames que fizemos, mas o estado clínico preocupou-nos e quisemos ter a certeza de que a nossa investigação contemplava todas as hipóteses”, diz o médico.

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DIANA TINOCO (4SEE)

Ressonância Magnética, exame realizado a Mateus Murtinheira Araújo

Ao longo de todo o processo, Andreia permaneceu com o filho e acompanhou de perto o trabalho das várias equipas. “Estive sempre com ele durante o internamento. Os médicos, enfermeiros e auxiliares foram muito prestáveis, acolheram-nos muito bem”, recorda a mãe, para quem a prontidão com que o Mateus foi tratado marcou a diferença em todo o acompanhamento prestado pelos profissionais da CUF. “Os médicos estavam preocupados e não perderam tempo. Apoiaram-me imenso e fizeram tudo o que puderam”, elogia. Em casos como este, assume Hugo de Castro Faria, recorrer a uma unidade que reúne todos os meios necessários – nomeadamente ao nível das diferentes especialidades e de exames de diagnóstico – e ter equipas altamente diferenciadas

que trabalham em colaboração faz a diferença. Na história de Mateus, o resultado da RM permitiu chegar a um diagnóstico definitivo. Foi Lia Neto, neurorradiologista no Hospital CUF Descobertas, quem realizou o exame. “Lembro-me muito bem porque não é muito frequente recebermos chamadas de um pediatra preocupado, diretamente para o nosso telefone”, recorda. “A Neurorradiologia desempenhou um importante papel no diagnóstico do Mateus. Conjuntamente com o técnico de Radiologia, programámos o exame com as imagens mais adequadas e no menor tempo possível”, assume Lia Neto, cuja equipa se manteve em contacto permanente com o médico assistente do Mateus durante a realização do exame, análise

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"Numa criança não queremos só que ela recupere. Queremos que tenha um desenvolvimento normal até à idade adulta” as crianças necessitam de ser sedadas ou mesmo anestesiadas quando realizam uma ressonância, não só pelo tempo de imobilização, mas também pelo barulho intenso que o aparelho e interpretação das imagens. Além de realizar a ressonância de crânio, a equipa tomou a iniciativa de estudar também a medula espinal, de maneira a evitar que Mateus tivesse de regressar para fazer outro exame e despistar a presença de outras lesões. Estes são exames desafiantes de realizar em crianças tão pequenas, explica Lia Neto. “É necessário estar completamente imóvel durante cerca de 30-45 minutos. Na sua maioria,

faz e que pode deixar a criança mais nervosa”, explica a especialista, que sublinha a necessidade de este exame ser feito a nível hospitalar, com um local dedicado no recobro. Como Mateus estava muito prostrado, com a ajuda de alguma medicação administrada pelo pediatra, “conseguiu fazer o exame”. Mas tão importante como a “colaboração” do doente é o trabalho conjunto entre equipas. “Inicialmente, é o pediatra quem orienta o processo de diagnóstico. Fomos levantando hipóteses para as quais fomos precisando não só de exames como de especialistas em diferentes áreas”, revela Hugo de Castro Faria, que recorda o papel da Ortopedia Pediátrica, da Medicina Nuclear, da Neurologia Pediátrica, da Neurofisiologia e da Neurorradiologia no processo de pesquisa e diagnóstico de Mateus. “Os exames de Neurorradiologia necessitam de uma boa informação clínica e de ter o maior número de dados possível, por parte do médico assistente, para propor um diagnóstico que faça sentido. A comunicação é fundamental e isso é algo que funciona muito bem na CUF”, acrescenta, por seu turno, Lia Neto, que destaca ainda o papel do técnico superior de Radiologia, dos enfermeiros, assistentes operacionais e administrativos, “que facilitaram toda a organização daquela manhã, dada a urgência do caso do Mateus”. “A abordagem multidisciplinar é sempre importante. Cada contributo é um complemento e vários especialistas trazem

Hugo de Castro Faria

Equipa multidisciplinar envolvida no caso de Mateus Murtinheira Araújo

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DIANA TINOCO (4SEE)

"[O Mateus] anda, corre, salta, trepa, fala imenso. Recuperou a 100%”

Andreia Murtinheira

Família Murtinheira Araújo

perspetivas diferentes. As decisões são mais fundamentadas, as terapêuticas mais abrangentes e mais centradas no doente”, assume Lia Neto. “O caso do Mateus beneficiou certamente da equipa de pediatras conhecedores, experientes e diferenciados, que de imediato perceberam a gravidade do caso, internaram-no e fizeram os exames físicos, laboratoriais e imagiológicos necessários, num curto espaço de tempo”, afirma a médica, em sintonia com Hugo de Castro Faria, para quem é esta capacidade de congregar diferentes especialidades, sem perder a perspetiva holística do doente, que diferencia os cuidados prestados no Centro da Criança e do Adolescente da CUF. O trabalho conjunto das diferentes equipas manteve-se durante o internamento e após a alta da criança. “Nestes casos, a Fisioterapia e a Reabilitação são muito importantes e precisámos de um médico de Medicina Física e Reabilitação. E, na alta, foi fundamental manter o seguimento pelo pediatra, pelo neuropediatra e pela Fisioterapia para conseguirmos chegar a uma recuperação completa”, diz Hugo de Castro Faria. “Numa criança não queremos só que ela recupere. Queremos que tenha um desenvolvimento normal até à idade adulta. Daí que seja importante o acompanhamento a longo prazo”, diz o médico. Foi o que aconteceu com Mateus, que é hoje um típico menino de quatro anos. “Anda, corre, salta, trepa, fala imenso. Recuperou a 100%”, conta a mãe.

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LUÍS CATARINO (4SEE)

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