editorial
Dever cumprido
A pandemia de COVID-19 atingiu Portugal no dealbar da primavera de 2020 e, a partir desse momento, marcou – e continua a marcar –, de modo indelével, a vida de todos nós. A rede CUF não podia ficar imune a este “terramoto” que afetou a vida dos portugueses e, por isso, desde o primeiro dia, a nossa organização abriu-se, voluntária e solidariamente, ao esforço coletivo de uma nação no combate à pandemia. Este esforço envolveu, de modo integrado, todos os níveis da organização, desde a gestão de topo até ao nível operacional, demonstrando a disponibilidade, a abnegação, o empenho e a qualidade profissional, técnica e humanista de todos os colaboradores – dos médicos aos enfermeiros, dos farmacêuticos aos assistentes operacionais, dos gestores aos técnicos, de todos, em suma. Similarmente, estendeu-se aos mais variados níveis da atividade – na assistência a doentes com COVID-19 e a doentes com outras patologias e necessidades, ao nível do internamento e dos cuidados intensivos, da consulta e do atendimento permanente e, até, do apoio e seguimento domiciliários, bem como aos diversos níveis da gestão e reorganização dos processos. Implicou uma antecipada e planeada reorganização dos serviços e atividades, a qual envolveu a criação de condições para uma resposta competente, integrada e simultânea aos problemas colocados pela pandemia e pelas outras doenças (que não deixaram de existir). Equipas unidas e empenhadas, disciplinadas e cientes dos seus papéis, asseguraram uma longa e resiliente resposta, traduzida em mais de 500 internamentos de doentes com diagnóstico de COVID-19 (mais de 200 dos quais em resposta a solicitações de hospitais do setor público), incluindo múltiplos internamentos em Cuidados Intensivos, inúmeros diagnósticos no Atendimento Permanente (e subsequente vigilância epidemiológica, incluindo ao nível dos contactos), numerosas consultas de acompanhamento pós-COVID-19 e, posteriormente, colaboração ativa no processo de vacinação. Numa abordagem intimista, apesar de todos os dramas e dificuldades vividas, este foi o período mais desafiante e, simultaneamente, mais entusiasmante e gratificante da minha vida profissional, ficando-me a reconfortante sensação de “dever cumprido” no âmbito de uma organização solidária, socialmente responsável e que esteve, uma vez mais, ao serviço do país e dos portugueses.
Paulo Bettencourt Coordenador da Unidade de Medicina Interna do Hospital CUF Porto
4 | +vida
ANTÓNIO PEDROSA (4SEE)
Powered by FlippingBook