Revista + Vida 29 | Saúde Mental

Pedro Correia foi diagnosticado com uma síndrome da apneia obstrutiva do sono em 2019. Após a realização de exames, no Centro de Medicina do Sono do Hospital CUF Tejo, foi-lhe prescrito um dispositivo de avanço mandibular que lhe permitiu voltar a ter um sono reparador. “Quase todas as noites acordava com falta de ar”

uma endoscopia do sono (DISE – exame de avaliação da via aérea superior durante o sono induzido com sedação farmacológica) e uma TAC dos seios perinasais e da faringe. “A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é caracterizada pela interrupção ou redução da respiração, sucessivamente, por tempo suficiente para interromper o sono, diminuindo temporariamente a quantidade de oxigénio e aumentando a quantidade de dióxido de carbono no sangue. Estas paragens ocorrem, geralmente, porque há um colapso da via aérea superior”, explica Pedro Miguel Cebola, Médico Dentista no Centro de Medicina do Sono do Hospital CUF Tejo. “Há apneias obstrutivas do sono que chegam a durar perto de dois minutos e o doente pode nem sequer chegar a ter perceção disso. Há doentes que são mais sensíveis a estas alterações e que podem despertar. Outros não.” De acordo com o Médico Dentista, os sintomas mais comuns da doença são a roncopatia, a sonolência diurna excessiva e o cansaço anormal ao acordar. Poderão também registar-se falhas de memória ou de concentração, bem como irritabilidade ou alteração do humor. “Outro sinal é a dificuldade de controlar a hipertensão arterial com medicação ou a existência de uma diabetes descontrolada.”

P raticante de diversas modalidades desportivas, às quais se dedica vários dias por semana, e sem qualquer doença identificada até então – tinha, inclusive, deixado de fumar há vários anos –, Pedro Correia estranhou quando, em 2019, começou inesperadamente a sofrer de problemas respiratórios durante o sono. “Quase todas as noites acordava repentinamente com falta de ar. Sentava-me na cama, com o coração a bater muito depressa e parava de respirar”, recorda este técnico comercial de 55 anos, residente em Corroios, no concelho do Seixal. “No dia seguinte, sentia-me sempre cansado. Sentava-me em qualquer lado e adormecia.” Em simultâneo, a sua mulher queixava-se de que ele ressonava muito, o que também interferia com a qualidade do sono dela. Cedo, o trabalho e humor de Pedro Correia começaram a ressentir-se. “Se uma pessoa anda cansada e com sono, a produtividade e a disposição nunca são as mesmas”, afirma. Numa fase inicial, julgou que o cansaço resultava do facto de ter uma vida fisicamente muito ativa e de, por vezes, trabalhar até altas horas da noite. Entretanto, começou a preocupá-lo a possibilidade de vir a sofrer um ataque cardíaco devido às dificuldades de respiração que sentia durante a noite. Decidiu, por isso, procurar ajuda no Centro de Medicina do Sono no Hospital CUF Tejo, onde foi observado por vários especialistas com diferenciação em Medicina do Sono: Susana Sousa (Pneumologista), Cristina Caroça (Otorrinolaringologista), Pedro Cebola (Médico Dentista) e Paula Moleirinho Alves (Fisioterapeuta). Depois de realizar um exame do sono (polissonografia), os médicos concluíram que Pedro Correia sofria de síndrome da apneia obstrutiva do sono, uma doença que afeta sobretudo os homens a partir dos 40 anos e as mulheres após a menopausa. Estima-se que, só em Portugal, cerca de um milhão de pessoas sofram desta doença, que pode ser ligeira, moderada ou grave. Para uma avaliação mais profunda e individualizada, foi também realizada

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LUÍS FILIPE CATARINO (4SEE)

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